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O Brasil Antes do Golpe de 1964: Jango, Crise Política e a Marcha para a Ditadura

  • Foto do escritor: Paulo Pereira de Araujo
    Paulo Pereira de Araujo
  • 20 de nov.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 29 de nov.


Juscelino Kubitschek, o Desenvolvimentista; Jânio Quadros, o Presidente da Vassoura e João Goulart, o Craque com Estilo Soviético
Juscelino Kubitschek, o Desenvolvimentista; Jânio Quadros, o Presidente da Vassoura e João Goulart, o Craque com Estilo Soviético

Um Brasil Dividido, Marchas Conservadoras, Reformas de Base e Tanques nas Ruas



Antes de a bola rolar em 1964, o campo já tava inclinado e esburacado. O Brasil dos anos 1960 era como um time nervoso, dividido, sem técnico e com uma diretoria que vivia brigando no vestiário. A arquibancada gritava, mas ninguém sabia direito pra quem.


 O otimismo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, aquele sonho de rodovias, automóveis e futuro brilhando no horizonte, terminou em engarrafamento histórico: inflação alta, dívida pública subindo, promessas demais pra um caixa cada vez mais magro. O país parecia ter acelerado tanto que agora cuspia fumaça pelo escapamento.


Foi nesse cenário que entrou em campo Jânio Quadros, o presidente da vassourinha. Prometeu varrer a corrupção, mas acabou varrendo a si mesmo. Renunciou depois de sete meses, deixando o país sem goleiro, sem tática e com a torcida em desespero.


Seu vice, João Goulart (Jango), era visto pelos generais e pelos donos do dinheiro como um camisa vermelha infiltrado no elenco. E como era época de Guerra Fria, bastava alguém gritar “Moscou!” no meio da arquibancada pra muitos pedirem intervenção.


Jango tentou organizar o time. Falou em reforma agrária, redistribuição de renda, participação dos trabalhadores, reformas urbanas, tudo aquilo que mexe com estruturas profundas. Mas o Congresso Nacional marcava falta em qualquer iniciativa.


A imprensa escolheu torcer do camarote. Do lado de fora, sindicatos e estudantes ocupavam as ruas, enquanto empresários, setores da Igreja Católica e figuras conservadoras aplaudiam as marchas “com Deus pela Liberdade”, pedindo que os militares entrassem em campo pra “salvar o jogo”.


Chegamos então a 13 de março de 1964. O discurso de Jango para a multidão na Central do Brasil é um desses episódios que insistem em voltar. Ele defendia as reformas de base, tentando arrancar o país da imobilidade. Acuado, sim, mas teimoso — e eu sempre tive carinho pelos teimosos.


Enquanto isso, na zona sul do Rio de Janeiro, velas nas janelas enviavam recados silenciosos: “não confiamos em você”. Seis dias depois, São Paulo virou palco da gigantesca Marcha da Família com Deus pela Liberdade, cerca de 500 mil pessoas marchando contra o que chamavam de “comunismo ateu”.

Ali, dois Brasis se encararam: o Brasil que queria mudar e o Brasil que temia qualquer mudança.


Nesse duelo, Jango perdeu e nós perdemos junto. Então, em 31 de março de 1964, o jogo terminou antes do primeiro tempo: tanques nas ruas, aplausos nas janelas, e a democracia expulsa de campo. O Brasil entrava numa prorrogação amarga que duraria 21 anos.



 
 
 

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