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Escolas filosóficas - Parte 1

Atualizado: 10 de jul. de 2023

Esquentando os motores


Agora que já entendemos o que é e para que serve a filosofia, vamos conhecer algumas escolas e movimentos filosóficos. Um movimento filosófico começa com uma aparente mudança ou com o aumento da popularidade de uma determinada linha de pensamento filosófico sobre um assunto em particular.


A escola filosófica normalmente começava como um agrupamento informal de discípulos ao redor de um filósofo. As fronteiras de identidade e crenças, especialmente na filosofia pré-socrática e na primeira geração após Sócrates (470 a.C.-399 a.C.) geravam discórdias sobre questões centrais.


As principais escolas filosóficas do Período Helenístico foram o estoicismo, o cinismo, o ceticismo e o epicurismo. Todas procuravam estabelecer um conjunto de normas racionais para dirigir a vida individual por meio da ausência do sofrimento para alcançar a felicidade e o bem-estar.


Para aquecermos os motores vou apresentar de forma bem resumida algumas das escolas de pensamento. Não se preocupe com os termos e palavras complicadas porque não há como fugir deles. Isso é importante para termos uma primeira visão da filosofia ao longo do tempo. Trataremos disso com mais detalhes à medida que formos avançando nas próximas postagens.


Estoicismo


Fundado por Zenão de Cítio (333 a.C. – 263 a.C.), tem como foco o ideal do ser humano e confia em um ser autossuficiente. Os fenômenos exteriores à vida como a emoção, o prazer e o sofrimento, deviam ser deixados de lado. A sabedoria está na capacidade do ser de alcançar a felicidade sem precisar de nada nem de ninguém. Aquele que conseguir isso de forma autossuficiente, sem precisar de bens materiais, será mais sábio.


O estoico deve se concentrar em como viver em um mundo onde as coisas não acontecem do seu jeito. A ideia central é a aceitação de todas as coisas que estão além do seu controle. A dor vai passar, você vai permanecer, então o melhor a se fazer é focar no que você pode controlar.


Representantes: Zenón de Citio (333 a.C. – 263 a.C.), Marco Aurélio (121 – 180), Sêneca (04 a.C. – 65 d.C.), Posidonio (135 - 51 a.C.) e Epicteto (50 – 138).



Cinismo


A palavra cinismo tem origem no termo grego kynismós e é a doutrina filosófica dos cínicos que pregavam o total desprezo pelos bens materiais e pelo prazer. Para os cínicos, a filosofia moral não poderia estar separada do modo de vida dos filósofos. Eles deveriam ser exemplos daquilo que afirmam.


O termo cínico é muito utilizado para se referir a alguém que demonstra, em suas ações e comportamento, algum tipo de descaramento, sarcasmo ou deboche. Em sentido figurado, o cinismo tem uma conotação pejorativa, pois designa uma pessoa aguda e mordaz que não respeita os sentimentos e valores estabelecidos nem as convenções sociais.


Ceticismo


Corrente filosófica na Grécia Clássica fundada pelo filósofo grego Pirro (318-272 a.C.). A palavra ceticismo vem do grego, sképsis, que significa "exame, investigação". Para os céticos, não é possível alcançar a certeza absoluta a respeito da verdade porque é necessário o constante questionamento e investigação sobre os fenômenos que ocorrem na existência humana.


O ceticismo critica a capacidade da razão humana em estabelecer provas filosóficas. Ele se opõe não à religião, mas ao dogmatismo. Dogma, em grego, significa acreditar.


Os primeiros pensadores que colaboraram para o desenvolvimento do conceito foram Carnéades (214 a.C. - 129 a.C.) e Sexto Empírico (160 - 210).


Hedonismo


Surgida na Grécia Antiga, é uma doutrina moral em que a busca pelo prazer é o único propósito da vida. Seus idealizadores acreditavam que a vida tem duas condições principais: dor e prazer. A condição do prazer seria o único caminho para a felicidade. O prazer supremo é o objetivo último da ação. Então, o prazer significa algo mais do que o mero prazer sensual.


O hedonismo é muitas vezes visto como sinônimo de epicurismo; no entanto, existem algumas diferenças entre eles. Epicuro (341 – 270 a.C.) criou o epicurismo para aperfeiçoar o hedonismo. Ele vinculou a busca do prazer a um sistema de ética da virtude baseado na moderação, pois a moderação leva ao máximo de felicidade para o indivíduo a longo prazo.


Hedonistas famosos incluem Jeremy Bentham (1748 – 1832) John Stuart Mill (1806 - 1873) e Michel Onfray (1959 – 2018).



Epicurismo


Filosofia iniciada por Epicuro de Samos (341-­­­­270 a.C.) e intimamente associada ao hedonismo. Para ele, a sabedoria consiste em aprender a dominar bem os prazeres para não se deixar dominar por eles. Epicuro era cético em relação à superstição e à divindade. Ele propôs que o único significado da existência era o auto prazer, ou mais precisamente, a ausência de dor e medo, cuja combinação levaria à felicidade em sua forma mais elevada. O corpo e a alma não deveriam sofrer para, desta forma, chegar-se ao prazer.


O maior prazer era obtido pelo conhecimento, amizade e virtude – assim como sexo e comida. Nesse sentido, o objetivo das pessoas reside em alcançar o bem-estar por meio do corpo e da mente para alcançar a “ausência de perturbação” (ataraxia).



Idealismo


O idealismo enfatiza que “ideias ou conceitos são a essência de tudo o que vale a pena conhecer”, ou seja, a única realidade verdadeira é a das ideias. Com base nos escritos de Platão (428/427 – 348/347 a.C.), o idealismo incentiva o raciocínio consciente. Os idealistas também procuram e valorizam verdades e ideias universais ou absolutas. Eles acreditam que as ideias devem permanecer constantes ao longo dos séculos.


Para Platão, a verdade era a realidade central, mas ele não acreditava que as pessoas criavam o conhecimento, em vez disso, elas o “descobriam”. Com o mito da caverna, no livro A República, ele descreve dois mundos: o espiritual ou mental e o mundo da aparência. Ao considerar que havia um foco excessivo no mundo físico e sensorial, ele acreditava que a educação desenvolve no corpo e na alma do aluno toda a beleza e toda a perfeição de que ele é capaz. Segundo ele, para entender a verdade você deve primeiro entender o conhecimento.


Niilismo


O niilismo é uma visão filosófica (antifilosófica para alguns) de que a vida não tem significado objetivo, propósito, valor ou verdade. Sua ideia central é a falta de crença no significado ou substância em uma área da filosofia. Para eles, a vida é literalmente sem sentido.


A palavra niilismo é derivada do latim nihil, que significa nada, e é mais uma série de posições e problemas relacionados do que uma única escola de pensamento. Eles rejeitam a crença em um criador superior e afirmam que a ética secular objetiva é impossível.


É a principal filosofia entre adolescentes angustiados que não entendem Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) porque, ao contrário do entendimento popular, Nietzsche não era um niilista. Em vez disso, ele escreveu sobre os perigos representados pelo niilismo e ofereceu soluções para eles.


Existencialismo


Escola de pensamento originária da obra de Soren Kierkegaard (1813 – 1855) e de Friedrich Nietzsche (1844 – 1900). O foco do existencialismo está nos problemas colocados pelo niilismo existencial. Os existencialistas estão fundamentalmente focados na análise da condição humana e na importância do indivíduo e não em padrões externos. O ser humano individual cria o significado e a essência de sua vida. São suas ações que determinam quem ele é e o significado da sua existência.


Um dos princípios básicos defendidos pelos filósofos existencialistas é que "a existência precede a essência". O ser humano não tem uma condição firme, ou seja, não existe uma natureza que o leve a ser de uma forma ou de outra. O ponto de partida é a sua existência. Como ele não tem uma natureza estabelecida, tem a liberdade de construí-la ao longo da vida.


Principais filósofos: Soren Kierkegaard (1813 – 1855), considerado o fundador do existencialismo, Henri Bergson (1859 – 1941), Jean-Paul Sartre (1905 – 1980), Simone de Beauvoir (1908 – 1986) e Martin Heidegger (1889 – 1976). Albert Camus (1913 – 1960) esteve associado ao movimento, mas se considerava independente dele.


Relativismo


Movimento filosófico iniciado na Grécia antiga pelos sofistas. Os relativistas afirmam que as visões são relativas à perspectiva ou considerações. Essa ideia pode até ser aplicada à moralidade ou à própria verdade, com alguns argumentando que não existem fatos morais ou verdades absolutas.


Da mesma forma, o relativismo situacional é uma ideia ética em que uma regra deve ser seguida em todas as condições, exceto em algumas, quando seguiríamos outra regra. Por exemplo, não mate, a menos que você salve vidas ao fazê-lo. Essa ideia, de forma revisada, foi apoiada pelo filósofo americano Robert Nozick (1938 – 2002) em seu livro Anarchy, State, and Utopia.



Humanismo


O humanismo é um movimento intelectual ocorrido nos séculos XIV e XV durante o Renascimento. A filosofia humanística ocorre em um período transitório entre a Idade Média e a Modernidade. Para os humanistas, o ser humano é o centro da natureza, por isso buscam entender como ele age, seus pensamentos e habilidades para dar sentido racional à vida. Esse movimento resgata e estuda os clássicos gregos e latinos e os toma como referência.


Representantes: Leonardo Bruni (1370 - 1444), Marsílio Ficino (1433 - 1499 Giovanni Pico della Mirandola (1463 – 1494) e Erasmo de Roterdam (1466 - 1536).


Marxismo


A palavra marxismo designa dubiamente a doutrina política elaborada por Karl Marx (1818–1883) e Friedrich Engels (1820–1895) e o método da análise socioeconômica baseada no que Marx chamou de materialismo histórico-dialético, caracterizado pelo movimento do pensamento por meio da materialidade histórica da vida dos homens em sociedade.


Marx afirmava que, entre as classes de cada sociedade, existe uma luta constante por interesses opostos. Na sociedade capitalista, a divisão social ocorreu devido à apropriação dos meios de produção para um grupo específico, os burgueses, e outro grupo explorado devido à sua capacidade e força de trabalho, o proletariado.


A burguesia operou o capitalismo de forma totalmente destrutível para as relações entre os homens e transformou toda dignidade humana em um simples favor de troca. A classe dominante explora e suga as forças da classe dominada em troca de um valor muito abaixo do que realmente vale seu trabalho.


Racionalismo


Doutrina filosófica baseada no fato de que a razão é a origem do conhecimento, e não a experiência, como defende o empirismo. Ou seja, só podemos considerar como certo o que tem origem no nosso próprio entendimento. O racionalismo surgiu no século XVII pelas mãos de René Descartes (1596 – 1650), que tentava encontrar um verdadeiro conhecimento feito a partir da razão.


Se nossos sentidos muitas vezes estão errados, como podemos confiar neles para acertar a realidade? Este é o princípio fundamental do racionalismo, a ideia de que o conhecimento deve vir principalmente da razão e do pensamento, e não da evidência empírica. Hoje, a maioria dos pensadores combina noções racionalistas com dados empíricos.


Os pensadores que defendiam o racionalismo incluíam também Sócrates (469/470 – 399 a.C.), Baruch de Espinosa (1632 - 1677) e Gottfried Wilhelm Leibniz (1646 - 1716).



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