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Budismo, além dos portões do palácio

Atualizado: 5 de nov. de 2023

O que é o budismo


O budismo é uma religião e uma filosofia de origem indiana e não teísta. É fundamental nos ensinamentos tradicionais indianos e, especialmente, nos métodos de busca da iluminação propostos pelo asceta e pregador mendicante Siddharta Gautama (c. 563-483 a. C.), o Buda, fundador do budismo. A palavra “buda” significa aquele que despertou do sono da ignorância. Aquele que se iluminou.


Com mais de 500 milhões de adeptos no mundo, especialmente no leste e sudeste da Ásia, o budismo é entendido como um método para aspirar à transcendência, porque é considerado mais uma doutrina filosófica do que uma religião organizada.


Transcendência é um termo que, em filosofia, pode conduzir a três diferentes (embora relacionados) significados, todos eles originários da raiz latina que significa ascender ou ir além. Um significado oriundo da filosofia antiga; outro, da filosofia medieval e o último, ligado à filosofia moderna.


Origem do budismo


O budismo surgiu no nordeste da Índia entre os séculos VI e IV a.C. durante um período de grandes mudanças sociais e intensas atividades religiosas. A religião brahmânica imperante (pertencente às castas superiores) surgiu em um momento de crise.


Com um clima propício às transformações culturais, muitos estudiosos inclinaram-se à reinterpretação dos textos védicos, enquanto outros experimentaram novas formas de misticismo.


Os ensinamentos do mestre Buda, expandiram-se rapidamente até o século III a. C. quando se converteram na religião majoritária. O imperador hindu Aśoka proclamou o budismo como a religião oficial do seu governo.


Buda, Siddhartha Gautama ou Sakyamuni


Buda não é um deus. Ele é um homem comum que conquistou o máximo de sabedoria e, consequentemente, a iluminação. Por isso, o intuito dele sempre foi transmitir aos seus discípulos ensinamentos para a elevação espiritual de acordo com a realidade de cada um.


Buda nasceu com o nome de Siddhartha Gautama, na Índia, e viveu no sopé do Himalaia, em uma região que hoje pertence ao Nepal. Sakyamuni significa o sábio do clã dos Sakya. A lenda afirma que ele nasceu do quadril de sua mãe enquanto ela permanecia em pé em um bosque. Mayadevi, seu pai, o educou para ser um grande guerreiro, cercado de luxo e prazeres. Até os 29 anos, Siddharta viveu no palácio, isolado do mundo, sem conhecer a velhice, a doença e nem a morte.


Siddharta se casou com uma linda princesa, mas não era feliz. Ele ansiava ver o que havia além dos portões do palácio, pensando que uma pista para sua busca pelo sentido da vida estava além da segurança e do luxo palaciano. Em sua primeira viagem, ele viu um homem muito velho que estava curvado e com dificuldade para andar. O velho olhou para ele, com os olhos semicerrados em seu rosto severamente enrugado.



Em sua segunda caminhada, ele viu um homem doente, chorando de dor. Na terceira excursão, encontrou o corpo imóvel e sem vida de outro homem. Ele ficou chocado e triste com a visão da velhice, da doença e da morte.


Durante sua quarta saída, ele viu um monge errante, um buscador da verdade religiosa. Essas quatro retiradas e o que ele viu (velhice, doença, morte e uma busca pela verdade religiosa) são chamadas de Quatro Vistas. Conhecer o monge lhe inspirou a deixar o palácio, sua esposa e seu filho recém-nascido. Ele queria compreender mais a vida, o porquê do sofrimento. Indagava-se sobre como ajudar a aliviar o sofrimento no mundo.


Às vezes eles não comia nem bebia por longos períodos. Depois de seis anos suportando muitas dificuldades, percebeu que não havia chegado a uma compreensão mais profunda da vida. Considerou que nem o luxo nem a fome levariam à iluminação. Em vez disso, decidiu seguir um caminho moderado ou o Caminho do Meio.



Foi então que resolveu isolar-se a fim de encontrar um método que pusesse fim ao sofrimento humano. Ele foi para uma vila chamada Bodh Gaya, onde despertou para uma verdadeira compreensão da vida. Debaixo de uma árvore, durante meditação, ele encontrou a explicação para todas as dúvidas que o atormentava, alcançando a total compreensão da essência da vida.


Esse processo é conhecido como o Ato de iluminação. De acordo com a crença budista, a iluminação é a experiência da verdadeira realidade, um “despertar” por meio do qual se pode compreender a real natureza das coisas.


Em sua iluminação, ele conquistou o poder de ver suas vidas anteriores, de ver todos os tipos de morte e renascimento e, finalmente, a compreensão de que havia eliminado todos os desejos e ignorância dentro de si. Aos 35 anos, ele realizou sua própria natureza búdica e compreendeu o sofrimento, sua causa e o meio para extingui-lo. Ele havia se tornado Buda.


O Primeiro Discurso


Buda proferiu seu primeiro sermão, conhecido como Primeiro Discurso, a um grupo de ascetas com quem costumava praticar. Eles se tornaram seus primeiros discípulos. Asceta é aquele que se consagra a exercícios espirituais de autodisciplina. Buda espalhou seu conhecimento pelas cidades da Índia durante 45 anos, ganhando um número crescente de seguidores até sua morte, aos 80 anos.


Os princípios básicos do budismo


Existem três tradições principais dentro do budismo: Theravada, Mahayana e Vajrayana. Elas variam de acordo com a interpretação do caminho até a libertação proposta pelo método budista. Essas tradições ou escolas são a base do budismo moderno em diferentes partes do mundo:


Dharma, reencarnação e karma


Dharma são os ensinamentos de Buda. Os budistas acreditam que os seres humanos têm o potencial para se libertarem do sofrimento praticando meditação e cultivando um estilo de vida prescrito pelo Buda.


O budismo busca o Nirvana, um estado espiritual de paz e libertação pelo qual se consegue superar o Dukkha (sofrimento) e o Samsara (existência cíclica do indivíduo que consta do nascimento, morte e renascimento). Seus seguidores devem utilizar técnicas espirituais, como a meditação, por meio das quais perseveram a calma, a contemplação e a busca da liberação dentro de si, não no meio externo.


A roda é um símbolo muito importante no budismo porque representa o ciclo de vida e morte. Os budistas acreditam que depois que os seres morrem, eles renascem ou reencarnam em uma nova forma. Essa nova forma pode ser uma divindade, um humano, um animal, alguma criatura inferior como um fantasma faminto ou um habitante do inferno.



O que é Karma?


O conceito de karma tem sua origem na religião védica (entre os séculos XI e VIII a.C.). Depois passou ao hinduísmo, ao budismo e ao jainismo. Embora o conceito tenha basicamente o mesmo significado nas três religiões, difere em alguns aspectos de cada uma delas.


O karma designa a influência das ações realizadas por um indivíduo no passado sobre suas vidas futuras ou reencarnações. O termo karma vem do sânscrito e significa ação. Em sua origem se referia às ações rituais e aos sacrifícios. Posteriormente, adquiriu um sentido ético, quando se estabeleceu um vínculo entre as ações e suas causas e consequências.


No hinduísmo, o karma é entendido nos termos de uma lei de ação e reação: a cada ação corresponde outra igual. Em cada encarnação, Iamarash, o deus da morte, julga o indivíduo, de acordo com as intenções e as ações por ele tomadas. Em função delas, o indivíduo recebe em resposta reações coerentes. Tanto o castigo pelas más quanto o prêmio pelas boas ações podem ser recebidos na vida atual ou em vidas futuras.


No budismo, o karma não está vinculado a um sistema de prêmios e castigos como no hinduísmo; o karma é entendido como a lei da gravidade ou a lei da inércia. Isso significa que o karma é uma consequência natural, derivada das decisões tomadas. No jainismo, ele é concebido como uma matéria sutil cheia de partículas, que impregna o universo. Essa matéria é introduzida na alma e afeta suas qualidades originais e puras.


Acredita-se que todos os pensamentos positivos e as ações causam bom karma e podem direcionar a pessoa a renascer em uma forma superior. As consequências das ações negativas, o mau karma, podem resultar no renascimento numa forma inferior. Esse ciclo interminável de renascimento, chamado de renascimento

(reencarnação), reflete a natureza impermanente da existência humana.


Buda dizia que certas coisas são impensáveis e impossíveis de serem resolvidas, mesmo que as pessoas tentem refletir muito sobre elas. Uma delas é tentar entender a lei do karma (em sânscrito) ou kamma (em pali), outra é especular sobre a origem do universo — se foi criado ou não.


O conceito faz parte da descoberta de Buda sobre a "realidade última", uma realidade "inexprimível", diferente da realidade convencional. O karma e o reencarnação, são conceitos complexos e que variam de acordo com diferentes tradições do budismo e do hinduísmo.



Segundo o budismo, toda ação intencional cria um ou mais efeitos que serão percebidos posteriormente, quando as circunstâncias forem corretas. O karma pode ser “bom” ou “ruim”, dependendo da natureza da ação, e pode se manifestar de acordo com quatro tipos:


1. Karma sombrio com resultado sombrio;


2. Karma brilhante com resultado brilhante;


3. Karma escuro e brilhante com um resultado escuro e brilhante;


4. Nem karma escuro nem brilhante com um resultado nem escuro nem brilhante.



Assim, o karma ocorre em uma variedade de motivações complexas e determina o destino previsível das pessoas com base em quatro tipos:


1. Quem pratica o mal e vai para o inferno, entra em estado de degeneração ou renascimento inferior;


2. Quem pratica o mal e vai para o céu, estado feliz ou renascimento superior;


3. Quem faz o bem e vai para o céu, estado feliz ou renascimento superior;


4. Quem faz o bem e vai para o inferno, entra em estado de degeneração ou renascimento inferior.


Deve-se notar que o céu e o inferno não têm a ver com destinos após a morte, mas sim com estados do espírito.


As portas de ação: o corpo, a linguagem e a mente


De acordo com Buda, existem três portas de ação: o corpo, a linguagem e a mente.


O monge budista Bhikkhu Nandisena, em entrevista à BBC Brasil afirma: por meio da linguagem e do corpo, interagimos com os outros e podemos fazer boas ações ou causar danos e sofrimento a outros seres sencientes. A da mente é uma porta privada que leva ao corpo e à linguagem. É por isso que parte da ética no budismo tem a ver com as portas do corpo e da linguagem, que são as portas, digamos, públicas. Cada vez que realizamos uma ação por meio da porta do corpo, da linguagem ou da mente, geramos o que é chamado de kamma (karma).


Segundo disse o Buda, bilhões de momentos de consciência surgem e cessam em um piscar de olhos. Imagine que numa ação verbal ou corporal, que pode durar um determinado período, estão envolvidos bilhões de momentos de consciência, que são o que, em nosso estado mental, nos impulsiona a realizá-la. Cada um desses momentos é o que poderíamos chamar de unidade kamma ou unidade kammica e, tecnicamente falando, isso é o kamma.


Chamamos isso de volições (desejo, vontade), de acordo com a descoberta do Buda, cada um desses estados volitivos que acompanham as ações gera uma potencialidade. Ou seja, cada vez que dizemos, fazemos ou pensamos algo, há uma intenção — e geramos uma potencialidade. Quando tomamos uma ação, por exemplo de generosidade, compaixão ou algo prejudicial a outros seres, uma potencialidade é produzida.


Essa potencialidade permanece como tal até que as circunstâncias ou condições sejam satisfeitas para que um resultado seja produzido. É por isso que os textos falam do kamma "assíncrono", porque o efeito da ação — que pode ser mental ou material — pode ser retardado.





Lei do karma (kamma)


Mas muitas pessoas falam coloquialmente do karma ao se referir a uma consequência em suas vidas. Na verdade, karma é literalmente a ação; a relação entre essa ação e seu resultado é o que se chama de lei do karma ou kamma. Podemos entender a lei do karma do ponto de vista da responsabilidade nas nossas ações, a parte ativa: ou seja, quando alguém faz algo errado, é responsável por causar dano a outro ser. Essa parte da lei do karma em relação à causa não é tão difícil de entender; o que é difícil de entender é a relação entre causa e efeito.


Quando algo acontece a alguém, como estabelecer uma ligação entre o efeito e a causa? Isso é impossível. Mesmo assim, Buda diz que, uma vez que somos donos das ações, também somos donos do que nos acontece. Essa é a parte mais difícil de aceitar da lei do karma. De acordo com os ensinamentos de Buda, isso é chamado de o Entendimento Correto.



O karma e o renascimento ou reencarnação


Para os budistas, não há a existência de uma alma individual que possa reencarnar. São as ações e intenções de um indivíduo (seu karma) que conduzem ao surgimento de uma nova existência após a morte. Por esse motivo, no budismo se fala de renascimento em vez de reencarnação.


Segundo a doutrina do karma, cada indivíduo atravessa uma série de ciclos de nascimento, morte e renascimento, denominada Samsara. Ao longo de cada ciclo, o indivíduo pode se aperfeiçoar por meio de boas ações e de bons desejos e pensamentos, já que as intenções fazem parte do karma individual. O objetivo final é alcançar a liberação do samsara e, com ele, o fim do karma e seus efeitos. Isso é conhecido como moksha ou nirvana. O karma constitui também uma motivação para fazer o bem e um guia para a existência.


Karma e a existência do mal


Desde um ponto de vista filosófico, o conceito de karma oferece uma explicação sobre a existência do mal no mundo, não só do mal moral (as más ações e os maus desejos humanos), mas também o mal físico (a dor e a enfermidade).


De acordo com a lei do karma, não existe o perigo: tudo acontece por algum motivo; se acontecer a alguém coisas ruins isso se deve ao mal karma que essa pessoa traz de suas vidas passadas e que deve ser purificado. Essa ideia está sintetizada no apotegma de Buda: Cada um colhe o que planta. Apotegma é uma sentença breve, de caráter aforístico. Tem como objetivo enunciar um conteúdo de natureza moral de maneira extremamente sintética e eficaz.


Além disso, e devido ao fato de que o karma é acumulado de encarnação em encarnação, é necessário pagá-lo em muitas “cotas”. O bom e o mal serão reconhecidos nas diferentes vidas, porque seria impossível ver todos os resultados, bons e maus, em uma única vida.


Anantarika-karma


Segundo o budismo, entre as ações que formam o karma de um indivíduo, há algumas coisas particularmente graves. Cada uma dessas ações é um anantarika-karma (ação que leva a uma retribuição imediata) ou cinco pecados cardinais, e são as ofensas máximas budistas, que conduzem diretamente a quem o comete a renascer no inferno (naraka):


1. Parricídio (assassinato do pai);

2. Matricídio (assassinato da mãe);

3. O assassinato de um ser iluminado (um Arhat);

4. derramar o sangue de um sacerdote budista;

5. provocar uma divisão entre a comunidade de monges budistas.


Quem, depois de ter cometido um anantarika-karma, renasce no inferno, permanece ali até que seu karma negativo tenha sido esgotado. Logo, você poderá renascer em um mundo superior.


As Quatro Nobres Verdades


1. A vida é sofrimento.

2. O sofrimento é causado pelo desejo.

3. O sofrimento pode ter fim.

4. Existe um caminho que leva ao fim do sofrimento.


A base da doutrina budista são as Quatro Nobres Verdades e o Nobre Caminho de Oito Passos. O objetivo principal é escapar do sofrimento, cuja constatação é apontada na Primeira Nobre Verdade. Na Quarta, o Buda afirma que há um caminho para a superação do sofrimento, que é explicado no Nobre Caminho Óctuplo. Os ensinamentos básicos são evitar as ações não virtuosas, fazer o bem e dominar a própria mente.


Nirvana


Nirvana (em pali: Nibbana), o estado do Buda, o perfeitamente iluminado. Além da morte – nem causada, nem nascida, nem produzida – o nirvana transcende todo o devir e é desprovido de tudo o que constitui um ser humano.


É o estado de iluminação espiritual ao qual todo budista aspira. É explicado em termos místicos como elevação acima da roda eterna de nascimento, sofrimento, morte e reencarnação. O objetivo do budismo é tornar-se iluminado e alcançar o nirvana.


Acredita-se que o nirvana só será alcançável com a eliminação de toda ganância, ódio e ignorância dentro de uma pessoa. Nirvana significa o fim do ciclo de morte e renascimento. De acordo com as Quatro Nobres Verdades, “a vida é sofrimento”, portanto, encerrar o ciclo de renascimentos é algo a ser desejado.


Alguns budistas pensam no nirvana como um tipo de paraíso onde não há sofrimento; outros o veem como um estado de espírito livre de sofrimento. De acordo com a crença budista, o nirvana final é alcançado no momento da morte de um ser iluminado e não faz mais parte do ciclo de renascimento e morte.



O estado do Buda


Três tipos de nirvana estão particularmente associados ao estado de Buda. O primeiro, o Nibbana das kilesas (em pali: contaminações), é alcançado pelo Buda quando ele atinge a iluminação e se liberta de todas as contaminações.


O segundo tipo, o Nibbana dos khandas (em pali: agregado), é alcançado quando o Buda “morre” e se afasta dos agregados que constituíram a sua identidade como pessoa. Quando a religião do Buda se extingue, as suas relíquias regressam a Bodh Gaya (o local da sua iluminação) ou, em alguns textos, a Anarudhapura (a antiga capital do Sri Lanka), onde serão remontadas no corpo de Buda, que então prega um último sermão antes de desaparecer completamente. Nesse ponto o Buda alcança seu Nibbana (nirvana) final, o Dhatu (pali) ou nibbana relíquia.


Como Alcançar o Nirvana


Os budistas acreditam que o caminho em direção ao nirvana, chamado Caminho do Meio ou Caminho Óctuplo, descreve como as pessoas devem viver para alcançar o nirvana. O Caminho Óctuplo consiste em três categorias: conduta moral, concentração e sabedoria.


A conduta moral consiste em:


1. Discurso correto (abster-se de falsidade, conversa maliciosa e linguagem abusiva).

2. Ação correta (abster-se de roubar, matar e prostituir-se).

3. Meios de subsistência corretos (ganhar a vida por meios adequados, não matar

seres vivos, fazer previsões astrológicas ou praticar adivinhação).


A concentração consiste em:


4. Esforço correto (vontade energética para prevenir ou livrar-se do mal e promover

o bem).

5. Atenção plena correta (estar diligentemente consciente e atento).


6. Concentração correta (para livrar-se de pensamentos prejudiciais e alcançar a

pura equanimidade e consciência).


A sabedoria consiste em:


7. Pensamento correto (altruísmo e desapego, pensamentos universais de amor e

não-violência).


8. Compreensão correta (compreensão das coisas como elas são, uma compreensão plena das Quatro Nobres Verdades).


Bodisatvas


Algumas escolas do budismo, incluindo as do budismo chinês, acreditam que tornar-se um bodhisattva é um objetivo mais importante para os indivíduos do que alcançar o nirvana. Um bodhisattva é um ser que atingiu a iluminação, mas jura não entrar no nirvana final até que todas as coisas vivas sejam libertadas do sofrimento.


Os bodhisattvas escolhem renascer para que possam continuar a trabalhar para aliviar o sofrimento dos outros e tentar torná-los conscientes dos ensinamentos do Buda. Na China, os bodhisattvas são por vezes tão adorados quanto o Buda. A bodhisattva Guanyin tornou-se amplamente adorada nos templos budistas em toda a China. No Budismo, Guanyin é o bodhisattva chinês da compaixão.


É geralmente aceito entre os budistas chineses e estudiosos dos estudos budistas que a figura chinesa Guanyin é a mesma figura conhecida na Índia como Bodhisattva Avalokitesvara. O budismo se espalhou pela China por meio das rotas comerciais conhecidas como Rotas da Seda.


Avalokitesvara é o bodhisattva que representa a compaixão. O Sutra de Lótus, um dos textos mais importantes do Sutra, descreve Avalokitesvara extensivamente no Capítulo 25. Avalokitesvara também é um interlocutor no Sutra do Coração, o sutra curto, mas influente, sobre a perfeição da sabedoria.


O Bodhisattva Padmapani Lokesvara, século 11, liga de cobre com douramento e pedras semipreciosas, Vale de Katmandu, Nepal, 54,8 cm de altura (Museu Metropolitano de Arte)


Crenças, doutrinas e práticas


Cosmologia – como outros budistas, os Theravadins acreditam que o número do cosmos é infinito. Além disso, partilham a visão budista quase universal de que o cosmos habitado pela humanidade, como todo o cosmos, tem três planos de existência: o reino do desejo (pali e sânscrito: kama-loka), o mais baixo dos planos; o reino da forma material (pali e sânscrito: rupa-loka), que está associado a estados meditativos nos quais o desejo sensual é reduzido ao mínimo; e o reino da imaterialidade ou ausência de forma (pali e sânscrito: arupa-loka), que está associado a estados meditativos ainda mais exaltados.


Os três planos estão divididos em vários níveis. O reino do desejo é dividido em céus, infernos e terra. É habitado por aqueles que sofrem nos vários infernos - uma espécie de fantasmas errantes e famintos (sânscrito: pretas), animais, seres do inferno, seres humanos, deuses e um sexto grupo que não é universalmente reconhecido, os Asuras (sânscrito: semideuses). ).


Todo o cosmos é cercado por uma grande muralha de Chakkavala, um anel de montanhas de ferro que serve como uma espécie de recipiente para o reino do desejo. O Monte Meru, a grande montanha cósmica encimada pelo céu dos 33 deuses presidida por Indra (Sakka), é cercada por um grande oceano onde as pessoas vivem em quatro continentes insulares, cada um habitado por um tipo diferente de ser humano.


O continente meridional, vagamente correlacionado com o sul – e às vezes com o sudeste – da Ásia, é chamado de Jambudvipa. O aspecto material do reino do desejo é composto de quatro elementos: terra, água, fogo e ar, mantidos juntos em várias combinações.


Nesse cosmos, como em todos os outros, o tempo move-se em ciclos de grande duração envolvendo um período de involução (destruição do cosmos pelo fogo, água, ar), um período de reforma da estrutura cósmica, uma série de ciclos de declínio e renovação e, finalmente, outro período de involução a partir do qual o processo é reiniciado.


Cinco budas estão destinados a aparecer no cosmos em que os humanos vivem, incluindo Gotama (sânscrito: Gautama), que será o quarto, e Metteyya (sânscrito: Maitreya), que será o quinto.


A existência humana é um estado privilegiado, porque somente como ser humano um bodhisattva pode se tornar um buda. Além disso, de acordo com o Theravada, os seres humanos podem escolher fazer boas obras (que resultarão num bom renascimento) ou más obras (que resultarão num mau renascimento); acima de tudo, eles têm a capacidade de se tornarem santos aperfeiçoados.


Todas essas capacidades são explicadas em termos de uma série cuidadosamente enumerada de Dhammas (sânscrito: dharmas), a existência impermanente dos elementos. Em movimento contínuo, esses estados mutáveis aparecem, envelhecem e desaparecem.


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