Paulo Coelho - Quando o universo conspira a favor do lucro
- Paulo Pereira de Araujo
- 31 de mai.
- 2 min de leitura
Entre o tarô e o best-seller
Paulo Coelho… ah, o mago do mainstream. O homem que transformou frases de para-choque em best-sellers internacionais. Há quem o ame como um guru pop, e há quem o odeie com a fúria dos que acham que literatura de verdade não pode vender tanto. Eu? Eu observo. De longe. Como quem vê um fenômeno climático: não se entende direito, mas sabe-se que existe, que move massas, que assusta os puristas.
Ele tem algo de feiticeiro de aeroporto. Aquela sabedoria pronta pra viagem, com capa brilhante e metáforas recicláveis. “O universo conspira a favor”... conspira? O universo às vezes conspira e de maneira bem escrota. Mas Paulo acredita, e faz milhões acreditarem com ele. Isso, em si, é um tipo de feitiçaria.
Fico dividido. Por um lado, a literatura comercial dele me dá urticária. É como se Dostoiévski tivesse sido substituído por um tarô corporativo. Por outro, é inegável: o sujeito escreve com fluidez, fala direto ao inconsciente coletivo, toca algo que a alta literatura às vezes esquece, o desejo de sentido em meio ao caos.
Paulo Coelho é, acima de tudo, um narrador de fábulas modernas. Um alquimista de esperanças simples, dessas que cabem em 140 caracteres e vendem 140 milhões de livros. Os intelectuais o desprezam, o povo o lê. Eis o dilema. E ele, sorridente, segue em sua mansão na Suíça, tuíta uns insights pela manhã e vende o mundo inteiro à tarde. Respeito o alcance. Questiono o conteúdo.
Mas, no fim, talvez ele esteja certo: cada um tem o seu caminho, e o dele é pavimentado com misticismo leve e lucro elevado. Um mago capitalista. Um fenômeno literário. Um enigma literário que ninguém quer decifrar de verdade por que talvez o segredo seja só este: funciona ֎
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