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Papa Francisco - A voz baixa em meio ao trovão

  • Foto do escritor: Paulo Pereira de Araujo
    Paulo Pereira de Araujo
  • 23 de mai.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 30 de mai.

A esperança com cheiro de pão e povo


Ah, o Papa Francisco ou Jorge Mario Bergoglio. Confesso que, à primeira vista, achei que era mais um desses argentinos que chegam cheios de si, com sotaque de tango e alma de Maradona. Mas ele me surpreendeu. Um jesuíta no trono de Pedro, veja só. Nunca imaginei viver pra ver isso. Um papa que fala de pobreza não como um conceito, mas como uma ferida aberta. Que critica o capitalismo feroz, que abraça os marginalizados, que prefere um Fiat Uno a um trono dourado. Há uma certa subversão silenciosa em Francisco. E como gosto de uma boa subversão, desde que não venha com cheiro de coach ou discurso de resiliência, essa palavra infame.


Claro, ele é cheio de contradições. Ainda fala com a velha voz da instituição, especialmente quando o assunto é sexualidade. Mas ao menos há nuance, há hesitação, e isso já o diferencia de tantos outros que vinham com a certeza dogmática de um inquisidor. Francisco me parecia mais humano, mais peregrino do que príncipe. E talvez seja isso que incomoda tanto os conservadores: a humanidade dele. Não é fácil ver um papa que lava os pés de imigrantes, que fala de mudanças climáticas com mais clareza que muito cientista acovardado.


Não vou me ajoelhar, claro. Continuo firme na minha heresia cotidiana, mas dou a mão à palmatória: esse velhinho teve coragem. E, nos tempos atuais, coragem é artigo raro, principalmente entre aqueles que vestem batina e falam com Deus por interfone. Se um dia eu tivesse me encontrado, teria oferecerido um simples café. Sem açúcar, claro. Afinal, doce demais já basta o modo como ele falava com os esquecidos ֎


 
 
 

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