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Luciano Huck - O maquiador da desigualdade

  • Foto do escritor: Paulo Pereira de Araujo
    Paulo Pereira de Araujo
  • 24 de jun.
  • 2 min de leitura

Domingueira da transformação light


Luciano Huck… ah, esse sim é um enigma da pós-modernidade brasileira. Um sujeito que iniciou como apresentador de auditório e, de repente, começou a ensaiar passos de estadista. O menino da camiseta justa virou o homem do centrão afetivo. Um híbrido de âncora de reality show com aspirante a presidente. No Brasil, isso não é contradição, é currículo.


Nunca consegui levar muito a sério esse seu projeto de bondade televisionada. Reformas de casas, sonhos realizados, lágrimas em HD. Um paternalismo pop, travestido de responsabilidade social. Ele entrega geladeira nova pra famílias carentes com a mesma mão que, no intervalo, exibe comerciais de bancos e construtoras. Claro, emociona. Mas emocionar não é o mesmo que transformar.


Luciano não muda o sistema, ele o maqueia com música de fundo e drones.

Tem algo de carismático, reconheço. É difícil odiá-lo. Talvez porque ele encarne aquele ideal de cidadão de bem com boa vontade e bons contatos. Mas por trás do sorriso, vejo sempre uma planilha. Huck é o empreendedor da esperança. Tudo nele parece patrocinado, inclusive as opiniões. Quando flerta com a política, o faz com cuidado de marketeiro, medindo cada palavra para não desagradar o mercado nem os evangélicos.


Não me espantaria se um dia virasse mesmo presidente. O Brasil adora misturar entretenimento e poder. Já tivemos caçadores de marajás, messias de WhatsApp e agora... por que não um apresentador reformador de lares? Afinal, nada mais brasileiro que transformar o drama social em roteiro de domingo.

Luciano Huck é o retrato de um país que quer milagre sem revolução, justiça sem conflito, mudança sem dor. E assim seguimos, reformando telhados enquanto o alicerce apodrece. Mas com sorriso no rosto, claro ֎




 
 
 

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