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José Mujica - Fusca azul, mate quente e vergonha na cara

  • Foto do escritor: Paulo Pereira de Araujo
    Paulo Pereira de Araujo
  • 18 de mai.
  • 2 min de leitura

A simplicidade que incomodava


José Mujica. Ah, esse sim foi presidente com "P" maiúsculo e cheiro de terra. Lembro de tê-lo visto num daqueles vídeos virais, sentado num banco velho, falando sobre consumismo como quem fala com o neto no quintal. E era isso mesmo: ele governava o Uruguai como quem cuida do galinheiro, com paciência, olho atento e a certeza de que a pressa não faz o ovo sair antes da hora.


Enquanto os nossos aqui desfilavam de gravata de grife e helicóptero, Mujica pegava o Fusca azul e ia pra casa de chão batido. E não era teatro. Ele era assim. Vindo da guerrilha, da cadeia e da sombra escolheu a luz da honestidade. Quando foi que nos acostumamos com políticos que nos roubam até a esperança? Mujica não. Ele devolveu um pouco.


Uma vez, ele disse que ser livre é ter tempo. Que a gente vende a vida pra comprar coisas que não precisa. E eu, velho, com uma estante cheia de livros e a casa vazia, entendi. Mujica me ensinou que não é preciso deixar de ser radical pra ser razoável. Que se pode ser de esquerda sem ser chato. E que dá pra governar com decência, mesmo que isso pareça coisa de ficção científica por aqui.


Não sei se teria votado nele, porque não sou uruguaio. Mas sei que teria gostado de sentar com ele pra tomar um mate, falar sobre o tempo e rir da vida. Mujica não quis ser santo, mas foi humano e isso, hoje em dia, já é um milagre ֎



 
 
 

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