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Inventaram o futebol, Pelé mostrou como se joga

  • Foto do escritor: Paulo Pereira de Araujo
    Paulo Pereira de Araujo
  • 3 de jun.
  • 2 min de leitura


Câmeras, gafes, erros e genialidade


Pelé era um deus. Não desses gregos que se metem com humanos e causam tragédias, mas um deus tropical, de chuteira preta e sorriso Colgate. Os ingleses inventaram o futebol, e ele foi lá e disse: Deixa que eu mostro como se faz. E mostrou. Tantas vezes que ficou até meio constrangedor. Os outros jogadores pareciam estagiários tentando acompanhar um maestro, ou ser humilhados por ele.


Não era só o melhor, era o Pelé. Substantivo próprio e absoluto. E isso incomoda, claro. Porque brasileiro não sabe lidar com a ideia de grandeza. A gente prefere o “quase”, o “foi por pouco”, o “roubaram a gente”. Mas com o Pelé não dava. Ele era o roubo.


Três Copas do Mundo. Enquanto você aí mal consegue ganhar no truco da sua sobrinha. E o homem fazia gol de cabeça, de bicicleta, de calcanhar, de olho fechado. Fez gol até sem tocar na bola, como naquele quase-gol de meio-campo. Sim, Pelé fez até o impossível parecer replay. Até como goleiro o cara jogou.


Diz a lenda que houve um cessar-fogo na Guerra Civil de Biafra (1967–1970), na África, um conflito violento entre o governo nigeriano e a região separatista de Biafra. Há controvérsias, mas sim, pelo menos por 90 minutos, Pelé parou a guerra, não por decreto da ONU, porque era Pelé.


Claro que tinha os momentos de gafe: apoiou presidente errado, disse bobagem em entrevista, topou comercial duvidoso… Não reconheceu uma filha legítima. Mas quem nunca cometeu erros? Eu mesmo já elogiei um romance do Paulo Coelho numa reunião de editores só pra não causar polêmica. O Pelé fazia o mesmo, mas com mais câmera em volta.


Botox, meu cão, só entende quando jogo a bolinha no corredor. Não sabe o que é Pelé. Mas eu olho pra ele e penso: se um dia jogarem futebol no paraíso, vão precisar pedir licença ao rei. E ele, talvez, até deixe ֎


 
 
 

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