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Getúlio Vargas - Um tiro no peito, um lugar na história

  • Foto do escritor: Paulo Pereira de Araujo
    Paulo Pereira de Araujo
  • 25 de mai.
  • 2 min de leitura

Atualizado: há 7 dias

Entre a fábrica e o porrete


Getúlio Vargas, o pai dos pobres e também o padrasto da repressão. Um homem que governou o Brasil entre o populismo e o porrete, sempre com a mão no pulso da nação e a outra escondida atrás do paletó, calculando o próximo movimento. Getúlio era um ator frio num teatro quente, um mestre do tempo político. Sabia recuar, avançar, silenciar e reaparecer como um fantasma de casimira.


Veio do sul, com aquele sotaque de estância e a alma cheia de ambição. Transformou o Brasil agrário em um país que começava a cheirar a fábrica, a óleo e a graxa. Trabalhadores viraram massa política, e ele os alimentava com direitos trabalhistas, carteira assinada, salário mínimo. Claro, tudo sob seu olhar paternalista, como quem diz: “eu dou, mas também posso tirar”.


Criou o Estado Novo com a mesma naturalidade com que se serve um café preto. Censura, DIP, exílio de opositores, tudo em nome da ordem nacional. Era autoritário, mas com verniz social. Uma ditadura de luvas. Ao mesmo tempo, sua política de industrialização e proteção ao trabalhador fez com que milhões o vissem como salvador. E talvez, por um tempo, ele tenha sido.


O suicídio, esse sim, foi seu maior ato. Cênico, político e devastador. Saiu da vida pra entrar na história e entrou mesmo, com estardalhaço. A carta testamento ainda ecoa como um trovão nas livrarias de história e nas falas de políticos oportunistas. Getúlio soube morrer como poucos: virou mito pela bala que disparou no peito.


Ambíguo, denso, estratégico. Getúlio é o Brasil olhando pro espelho: generoso e autoritário, carente e manipulador, moderno e arcaico. Um país num só homem. E que homem ֎


 
 
 

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