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Farfala, o tiocão corinthiano entre pizzas, cervejas e gaviões da fiel

  • Foto do escritor: Paulo Pereira de Araujo
    Paulo Pereira de Araujo
  • há 1 dia
  • 2 min de leitura
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Farfala é um cachorro. Mas não qualquer cachorro. É um cão que sabe. Sabe tanto que optou pelo silêncio, não por timidez, mas por superioridade. Porque quem entende demais escolhe calar. Entre uma lambida existencial e um cochilo estoico, Farfala assiste à humanidade como quem vê uma comédia trágica em câmera lenta.


Ele não late, sentencia. Não abana o rabo por simpatia, observa por ceticismo. Se o mundo acabar amanhã, Farfala estará no alto do sofá, com um pedaço de pizza numa pata e um copo de cerveja na outra, resmungando: “Eu avisei”.


Porque sim, além de filósofo, Farfala é também hedonista. Tem prazer nas coisas boas e simples: cerveja gelada, pizza com borda caprichada e seu lado mais mundano: gritar “vai, Corinthians!” com os olhos brilhando. Sim, Farfala é corinthiano. E não daquele tipo modinha, que posta selfie com a camisa nova e não sabe quem foi Basílio. Farfala vibra como um torcedor de arquibancada e sofre como um filósofo que sabe que a beleza tá justamente na derrota iminente.


Ele torce como se o seu coração tivesse nascido no Parque São Jorge. Rosna quando vê replay do Marcelinho Carioca e entra em êxtase quando escuta a voz rouca do Sócrates em vídeo antigo. Já o peguei mais de uma vez latindo baixo em frente à televisão, durante os pênaltis. E olha que ele não late à toa.


Já o vi chorar discretamente num gol do Neto. E certa vez, num documentário sobre Sócrates, ele suspirou fundo, como se reconhecesse ali não um jogador, mas um irmão de pensamento. O futebol, pra ele, não é só esporte. É metáfora. É drama. É vida encenada em noventa minutos e às vezes com prorrogação, como todo bom dilema.


Agora, a outra paixão dele: cerveja e pizza. Sim, senhor. Farfala sabe identificar quando a borda da pizza foi mal assada. Ele prefere as com bastante molho, queijo derretido de verdade e fatias fartas. Calabresa com cebola caramelizada é sua favorita, embora ele aceite marguerita quando tá em clima de conciliação.


E a cerveja? Ele toma devagar, como quem medita. Um gole, um suspiro, um comentário sobre a vida. E depois outro gole. Diz que a espuma gelada na língua é uma forma de lembrar que ainda tá vivo e que isso, por si só, já merece um brinde.


Então é isso. O tiocão filósofo, o quase monge, é também um torcedor fanático e um bon vivant da madrugada. Porque até os sábios têm o direito de se sujar com gordura e gritar "vai, Corinthians!" com a boca cheia de pizza.


 
 
 

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