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Eduardo Bueno - A história sem freio e sem filtro

  • Foto do escritor: Paulo Pereira de Araujo
    Paulo Pereira de Araujo
  • 6 de jun.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 11 de jun.

O Brasil segundo um alucinado brilhante


Eduardo Bueno é o tipo de figura que me provoca uma ambivalência deliciosa. Um sujeito que parece ter cheirado a história brasileira em pó e gostado. Fala rápido como quem tá com medo de esquecer tudo o que sabe, ou como quem não quer deixar ninguém pensar entre uma informação e outra. E isso, confesso, me diverte. Porque o Brasil é um país que adora esquecer. Eduardo, não. Ele é um colecionador de memórias suadas, de bastidores constrangedores, de detalhes que nenhum livro didático teve coragem de contar.


Gosto do jeito espalhafatoso com que ele desfaz a pose solene de nossos vultos históricos. Pedro Álvares Cabral vira quase um turista perdido, e a Família Real portuguesa, uma trupe de fujões gordurosos, desembarcando no Rio como se fosse o Leblon da sua época. Eduardo tira a naftalina das narrativas e esfrega o mofo na nossa cara com humor, com raiva, com um certo prazer sádico que só quem realmente ama a história pode sentir.


Ele irrita os puristas, é claro. Mas que graça teria se não irritasse? Há algo profundamente saudável em vê-lo sacudir o coreto do academicismo, ainda que às vezes ele tropece na própria pressa. Prefiro mil vezes o tropeço de quem tá correndo atrás do passado do que a imobilidade engomada de quem trata a história como um bibelô de porcelana.


No fundo, Eduardo Bueno é um animador de esqueletos. Reanima personagens, ressuscita fatos, injeta adrenalina em um país que mal sabe o que comeu ontem. E se ele fala como um velocista de rádio pirata, paciência. O Brasil precisa mesmo de alguém que conte suas histórias como se a casa estivesse pegando fogo. Porque, de certo modo, ela tá ֎


 
 
 

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