Donald Trump, um idiota que brinca de ser poderoso
- Paulo Pereira de Araujo

- há 6 dias
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Donald Trump é o retrato em carne viva de um império em decadência que ainda insiste em se imaginar Roma, mas Roma já caiu, e ele tá lá, sentado entre as ruínas, vendendo bonés vermelhos como quem vende indulgências. De volta à Casa Branca, agora em seu segundo mandato, Trump governa como quem grava a segunda temporada de uma série que ninguém pediu, mas todo mundo assiste horrorizado.
O bilionário de fachada, ególatra profissional e estrela de reality show continua o mesmo: feito de spray bronzeador, slogans patrióticos e um ego tão inflamável quanto a retórica que despeja em seus comícios.
O homem que transformou a política americana em um circo de autocelebração reaparece mais bronzeado, mais vingativo e ainda menos presidencial, uma espécie de Nero digital, tocando sua corneta no Truth Social enquanto o império pega fogo em tempo real.
Agora, com o Congresso dividido e metade do país jurando que Deus fala com ele via podcast, Trump governa por meio de insultos, ressentimentos e teorias conspiratórias recicladas. Seus discursos são uma mistura de teleprompter e psicodrama: fala em salvar a América, mas parece mais interessado em salvar a própria biografia.
A cada coletiva, repete o mesmo refrão: “nunca houve nada igual”. Ironicamente, ele tem razão pois nunca houve mesmo um presidente que tratasse a democracia como franquia pessoal, nem um país tão disposto a comprar o ingresso pra assistir.
O poeta das redes sociais voltou com seu alfabeto de raiva. Continua escrevendo em maiúsculas, agora com o apoio de algoritmos que o tratam como profeta. Sua política externa se resume a selfies e sua economia, a slogans de campanha. Fez dos Estados Unidos uma espécie de Las Vegas teocrática: luzes, ruído, promessas e um cassino em que a roleta gira sobre fake news.
Dizem que será lembrado como símbolo de uma era. Discordo. Símbolos são silenciosos e elegantes. Trump é um alarme de incêndio que ninguém consegue desligar. E agora, pra piorar, ele mesmo é quem segura o fósforo.
Às vezes penso que o mundo inteiro virou uma espécie de cassino político, em que cada povo aposta contra o próprio futuro. O retorno de Trump não espanta, ele é apenas o reflexo grotesco de um tempo em que a fúria vale mais que o argumento e a ignorância ganhou conta verificada. Talvez o século XXI tenha desistido de ser novo e decidido repetir o passado, só que com Wi-Fi.

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