Benjamin Netanyahu - A guerra como projeto de poder
- Paulo Pereira de Araujo
- 5 de jun.
- 2 min de leitura
Política como exercício de crueldade
Benjamin Netanyahu olha para a Faixa de Gaza como quem observa uma ferida que não deseja curar, apenas controlar. Pra ele, Gaza não é um território, é um lembrete. Um espantalho conveniente, sempre à mão quando precisa justificar bombardeios, prorrogar mandatos ou seduzir os falcões do Knesset.
A retórica é sempre a mesma: "autodefesa". Como se fosse possível autodefender-se indefinidamente bombardeando um povo já exaurido, espremido em 360 km² de desespero, onde até o ar parece monitorado.
Mas é uma fórmula eficaz: mata-se civis, pede-se desculpas diplomáticas, distribui-se panfletos antes dos mísseis e assim se constrói a narrativa da guerra ética, essa quimera que só existe nos discursos dos poderosos.
Pra Netanyahu, Gaza é uma jaula útil. Não quer a reconciliação com o Hamas, muito menos com os palestinos moderados. Ele precisa do inimigo, como um mágico precisa do pano vermelho pra esconder o truque.
Uma paz duradoura tornaria obsoleta sua imagem de defensor incansável de Israel contra a barbárie. E sem o inimigo à vista, o que sobra? Os escândalos de corrupção, as alianças indecentes com os ultraortodoxos, a erosão das instituições democráticas.
A verdade, dolorosa, cínica, é que a paz não interessa a Netanyahu. O status quo é mais rentável, mais previsível, mais eleitoralmente seguro. Gaza arde, e ele sobe nas pesquisas. As casas caem, os corpos se empilham, e ele convoca coletiva pra falar de segurança. É uma equação macabra onde as vítimas não têm rosto, só servem de estatística para justificar o próximo ataque.
Enquanto isso, nós, do lado de cá da tela, assistimos ao horror com hashtags e indignação performática. E ele, lá em cima, governa entre ruínas com a tranquilidade de quem sabe que, no fim, sempre haverá mais uma eleição e mais um inimigo ֎
Comments