Ana Maria Braga, a Imperatriz das Manhãs
- Paulo Pereira de Araujo
- 19 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de mai.
Cabelos louros entre panelas e palavras
Ana Maria Braga é uma entidade nacional. Acorda o país com voz rouca, cabelos alvos e uma coragem de quem já enfrentou mais dragões que São Jorge. É um amálgama improvável de apresentadora, cozinheira, terapeuta popular e sobrevivente. Há algo de gladiadora em seus olhos e algo de dona de casa que não tolera panela suja. Faz do estúdio sua cozinha e do país sua visita.
Com um papagaio falante ao lado (um boneco, claro, mas com mais senso crítico que muito jornalista por aí), fala de receitas, doenças, superações, amores, desamores, cachorros perdidos e horóscopos como se tudo isso estivesse ligado por um mesmo fio e talvez esteja: o da vida cotidiana, com sua bagunça e beleza.
Nunca foi apenas entretenimento. Ana Maria cozinha, sim, mas também consola. E como consola. Já chorou ao vivo, já tropeçou, já perdeu perucas e venceu o câncer. Tornou-se símbolo de resistência não porque se impôs como tal, mas porque continuou ali, todos os dias, mesmo quando tudo dizia pra parar. E isso o Brasil entendeu.
Há quem a veja como figura folclórica. Tolice. Ana Maria Braga é uma instituição afetiva. Tá nos lares há tanto tempo que virou parte da mobília emocional. Passam os presidentes, mudam os humores da nação, mas lá está ela com seu cafezinho, seu Louro José eterno e sua força discreta.
No fundo, é uma comunicadora rara: sabe falar com todos sem parecer que fala a todos. Mira no coração da dona de casa, mas acerta também o do jovem, do velho, do cético e do romântico. Ana Maria Braga é, sem dúvida, a rainha do Brasil possível: humana, resiliente (com perdão dessa palavra desgastada!), generosa. E, sobretudo, verdadeira ֎
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