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Egito – A civilização do Nilo

Atualizado: 9 de out.


A sociedade egípcia teve origem há quase 6 mil anos, no nordeste da África, em um território banhado pelo mar Mediterrâneo, ao norte, e pelo mar Vermelho, ao leste. O rio Nilo atravessa o Egito de norte a sul e percorre mais de mil quilômetros de deserto, formando uma faixa de vida e de riquezas naturais. Foi nessa zona que se assentou a maior parte da população, já que o restante do território egípcio era formado por terras áridas e desérticas. O rio era ao mesmo tempo fonte de recursos e via de comunicação.


Essa região localizava-se no Crescente Fértil, formado pelos rios Tigre, Eufrates, Nilo e Jordão, que atualmente corresponde aos territórios de Egito, Iraque, Síria, Israel, Líbano e Jordânia. O Egito foi a única civilização da época e na região a se consolidar como um reino unificado, ao contrário, por exemplo, da Mesopotâmia que, mesmo tendo passado por diversos reinos, nunca se unificou por completo. Isso, em parte, é explicado pela necessidade de um Estado centralizado que organizasse as obras de irrigação necessárias para garantir a sobrevivência da população.


O Nilo foi fundamental para a construção da civilização egípcia, uma vez que suas cheias frequentes fertilizavam o solo. Como suas águas perenes não secavam em determinadas épocas do ano, foi possível canalizá-las por meio das obras de irrigação, também chamadas de obras de regadio. Foram criados canais artificiais por onde passava a água para irrigar plantações mais distantes das margens do rio.


O nome "Egito" vem do grego Aegyptos, pronúncia grega do antigo nome egípcio Hwt-Ka-Ptah (Mansão do Espírito de Ptah), originalmente o nome da cidade de Memphis, a primeira capital do Egito e um famoso centro religioso e comercial. Na Antiguidade, o território era conhecido como Kemet (Terra Negra), devido ao rico solo escuro ao longo do Nilo, onde os primeiros assentamentos começaram. Mais tarde ficou conhecido como Misr, que significa país, nome que os egípcios ainda usam hoje para falar da sua nação.




O Egito prosperou durante milhares de anos (cerca de 8.000 a.C. a cerca de 30 a.C.) como uma nação independente cuja cultura era famosa pelos grandes avanços em todas as áreas do conhecimento, das artes à ciência e da tecnologia à religião. Seus grandes monumentos refletem a profundidade e a grandeza da cultura egípcia que influenciou tantas civilizações antigas, incluindo Grécia e Roma.

 

Geografia desértica e árida


O Egito é uma terra de dualidade e de ciclos, tanto na topografia como na cultura. A geografia é quase inteiramente desértica e árida, exceto por uma exuberante área verde que se estende por ambos os lados do Nilo. O rio emerge do extremo sul, nas profundezas da África, e deságua no mar Mediterrâneo, no norte, depois de se espalhar de um único canal para um sistema em forma de leque, conhecido como delta, em sua seção mais ao norte. O vale do rio é ladeado por imponentes falésias  de calcário e arenito, sendo encontrados depósitos de outras pedras mais duras, como o granito, na área de Assuão, ao sul.


Falésias são paredões íngremes encontrados no litoral de quase todo o mundo, esculpidos pela lenta mas constante ação da água do mar, através das ondas e marés, e pela chuva, que após um longo período batendo na rocha, acaba esculpindo-a, dando origem a costas altas e abruptas, resultado direto da erosão marítima.


Uma das razões para a estabilidade geral da cultura egípcia foi que ela estava em grande parte isolada em virtude da sua geografia. Com altas falésias e extensos desertos margeando o leste e o oeste, o mar ao norte e uma série de enormes corredeiras no Nilo ao sul, o trecho do vale do rio que deu origem ao Egito dinástico era bastante fechado. O Nilo forneceu uma fonte constante de água vital e criou as terras férteis que propiciaram o crescimento da civilização egípcia.


O ritmo do Nilo


A inundação do Nilo tem sido um importante ciclo natural no Egito desde os tempos antigos. As fortes chuvas das terras altas da Etiópia faziam com que as águas começassem a subir em junho, inundando o Vale do Nilo e depositando solo rico em nutrientes. Com isso, ela transformou o deserto em terras agrícolas produtivas. Graças à previsibilidade do rio, os egípcios construíram um império baseado na riqueza agrícola. Eles cultivavam alimentos básicos como trigo e cevada, além de culturas industriais como linho e papiro. Os agricultores desenvolveram um sistema de irrigação complexo, cavando canais para direcionar as águas das enchentes e saturar o solo, preparando-o para o plantio. A lama das margens do rio era transformada em tijolos usados nas construções.


O rio como rodovia natural


O Nilo proporcionou uma rodovia natural para o transporte de mercadorias e pessoas. A maioria das principais cidades estava localizada ao longo das margens do rio. Os navios transportavam mercadores, mensageiros e exércitos por todo o reino. Materiais de construção e outros bens poderiam ser transportados rapidamente. A viagem de Memphis a Tebas normalmente levava até dois meses durante a estação seca, mas, na época das cheias, essa mesma viagem era reduzida para cerca de duas semanas.


A renovação anual da terra pelo Nilo influenciou a visão do antigo povo egípcio sobre a vida, a morte e a vida após a morte. Grande parte da sua identidade cultural estava ligada ao que observavam no mundo natural ao seu redor. O nascer e o pôr do sol; os movimentos das estrelas no céu; a inundação anual do Nilo; o plantio, o cultivo e a colheita serviram como evidência da vida diária regularmente renovada pelas forças naturais. Os egípcios viam as suas próprias vidas como um ciclo: eles nasciam, cresciam, morriam e, principalmente, renasciam.




As Duas Terras


Os antigos egípcios dividiram seu país em “Duas Terras”. O Baixo Egito ficava no norte e terminava no Delta do Nilo. O Alto Egito ficava no sul. Para os antigos, Kemet ou “terra negra” denotava a terra rica e fértil do Vale do Nilo, enquanto Deshret ou “terra vermelha” referia-se ao deserto quente e seco. O papel do faraó era unificar as Duas Terras.


O Deserto Ocidental (Saara) tinha aproximadamente o dobro do tamanho do Deserto Oriental (Árabe). Esses desertos eram inóspitos e criavam zonas tampão entre o Egito e os seus vizinhos. O isolamento físico permitiu ao Egito construir e defender uma civilização distinta e única.


Civilização egípcia


A civilização egípcia foi extremamente sofisticada. Como todos os povos da Antiguidade, os egípcios eram ótimos astrônomos. Observando a trajetória do sol, eles dividiram o calendário em 365 dias e um dia em 24 horas, que é usado até hoje pela maioria dos povos ocidentais.


Na medicina, escreveram vários tratados sobre remédios para cura das doenças, cirurgias e descrição do funcionamento dos órgãos. Existiam os médicos especialistas e seus ajudantes, equivalentes aos atuais enfermeiros. A sociedade egípcia desenvolveu a escrita composta por hieróglifos com figuras de animais, partes do corpo ou objetos do cotidiano que era utilizado para registrar a história, os textos religiosos, a economia do reino e assim por diante.


A sociedade egípcia


A organização social do Egito não apresentava mobilidade, portanto, a classe social era determinada pelo nascimento. Era uma monarquia teocrática profundamente marcada pela organização politeísta, com todo o corpo político e social determinado em função da crença na divindade do líder político. O Faraó ocupava o topo da pirâmide, venerado como um verdadeiro deus, considerado como o intermediário entre os seres humanos e as demais divindades. Abaixo dele, na mais alta categoria social estavam os sacerdotes, que exerciam o poder religioso e ocupavam cargos administrativos. Junto com os nobres, os sacerdotes formavam a corte real. Tanto a nobreza como o sacerdócio eram hereditários compondo a elite militar e latifundiária.

 

Os escribas eram responsáveis pela administração real, pela coleta e organização de impostos pois eram os únicos que dominavam a escrita. Estavam a serviço do Estado para planejar, fiscalizar e controlar a economia. Eram eles que anotavam os feitos do faraó durante o seu reinado, em textos que seriam colocados nos túmulos após a morte dos faraós.

 

A base da pirâmide social era formada por servos, artesãos, camponeses, escravos (em determinadas épocas, como os hebreus durante o reinado de Ramsés II) e soldados. O exército era constituído por jovens convocados em tempo de guerra e soldados mercenários estrangeiros contratados pelo Estado. Os artesãos eram trabalhadores assalariados que exerciam diferentes ofícios como cortadores de pedra, carpinteiros, joalheiros, etc. A maior parte da população era formada pelos camponeses que trabalhavam na agricultura e na criação de animais.

As mulheres tinham uma posição de prestígio e podiam exercer qualquer função política, econômica ou social em igualdade com os homens de sua categoria social. Podiam até mesmo ser faraós, como foi o caso de Cleópatra.




Governo e política


Como já dissemos, o governo era organizado na forma de uma teocracia, termo originado do grego, em que théos significa “deus” e kratos, de onde deriva o sufixo “cracia”, significa “poder”, no sentido de governo. A teocracia era organizada em torno do faraó, uma divindade viva, emissário das outras divindades do panteão politeísta egípcio, de acordo com a crença religiosa. Com isso, o Estado era uma instituição forte e autoritária, representada pelo faraó.

  

O faraó – não apenas um rei


Com poderes ilimitados, o faraó governava o reino, ditava as leis, era dono da maioria das terras, mandava no exército, controlava o comércio e grande parte da população. Para os egípcios ele era um deus. Todos se ajoelhavam à sua passagem. Acreditavam que ninguém podia olhar em seus olhos, nem tocar seu corpo. Também pensavam que o faraó tinha poderes mágicos e era capaz de grandes feitos, como provocar as cheias do Nilo. Quando o faraó morria, era sucedido no trono por seu filho e assim ia se formando uma dinastia. Na história do Egito houve 31 dinastias, desde o Antigo Império (com o rei Menés, a partir de 3.100) até o século IV, quando começou o domínio Greco-romano.


Cultura no Egito Antigo


A cultura foi bastante rica e indissociável de seus modelos religiosos e políticos. Pode-se citar como exemplo de cultura egípcia antiga o processo de mumificação, no qual o corpo de um morto (seja ele um faraó, membro da família real ou de uma categoria social elevada) era preparado por meio de um ritual complexo. O preparo do corpo para o sepultamento envolvia a retirada de seus órgãos, a secagem da pele e o envolvimento em tiras de linho. Ao final do processo, o corpo ficava conhecido como a múmia do faraó.


Outro destaque da cultura é a literatura, desenvolvida a partir das habilidades dos escribas com a escrita hiegroglífica. Sua função não era literária e sim administrativa e contábil para auxiliar o governo do reino. As funções literárias e históricas foram adquiridas com o tempo e encontradas intactas em túmulos e construções descobertas pela arqueologia.


É inegável o impacto do Egito em outras culturas. Há evidências de conexões comerciais que se estendiam até o leste do Vale do Indo anteriores ao Período pré-dinástico. A civilização do Vale do Indo existiu na Idade do Bronze, nas regiões noroeste do sul da Ásia entre 3.300 a.C. e 1.300 a.C. Seu auge ocorreu de 2.600 a.C. a 1.900 a.C. Essas rotas comerciais passavam pelo Oriente Próximo e resultavam numa troca cultural entre as civilizações da Mesopotâmia e do Egito. Isso trouxe ligações ainda mais ativas com a Ásia Ocidental, incluindo fortes relações comerciais e diplomáticas, bem como uma troca cultural mútua com assírios e hititas. O Egito também forneceu alguns dos alicerces para as culturas do mar Egeu, Grécia e Roma e, por meio delas, influenciou diversos aspectos da tradição ocidental.


Economia egípcia


A economia era baseada principalmente na agricultura de cerais, linho, hortaliças e papiro. A pecuária de gado bovino e cavalos era desenvolvida com diversas finalidades: alimento, couro para produzir diversos produtos, meio de transporte e força de tração animal para a lavoura. Além disso, era comum a domesticação de diversos animais, como as hienas, antílopes, pelicanos e gatos — esses últimos com lugar de destaque na cultura egípcia, sendo, inclusive, mumificados.


O historiador grego Heródoto afirmou: o Egito é a dádiva do Nilo. Isso mostra a importância do corpo hídrico para a estruturação dessa sociedade. O rio Nilo era responsável por mover a economia. Após as cheias, quando a terra estava fértil, plantavam-se trigo, cevada, frutas, legumes, linho, papiro e algodão. O Nilo também servia para pesca e para garantir a unidade política ao Egito, por ser uma via utilizada para comunicação entre os dois pontos do território.


Os camponeses compreendiam os regimes de cheia e de vazão do rio. Assim, realizavam seu plantio e colheita conforme a máxima fertilidade do solo e a estiagem do clima. Para melhor aproveitar o rendimento do terreno, eles desenvolveram sistemas de medida e contagem, tendo em vista que os impostos eram pagos conforme o tamanho da área cultivada e, por isso, necessitavam de anotações precisas sobre as quantidades cobradas.


A terra pertencia ao faraó e os camponeses eram obrigados a doar parte de seus produtos para o Estado em troca do direito de cultivo do solo. No entanto, a construção de diques, reservatórios e canais de irrigação era tarefa do Estado, que empregava tanto mão de obra livre quanto escrava.


Religião no Egito Antigo


A religião era caracterizada por três características principais: politeísta, antropozoomórfica e funerária. Politeísmo significa que se acreditava em diversos deuses, que possuíam personalidades e funções específicas. Durante períodos determinados, houve deuses principais, como Amon-Rá no Reino Novo, e a crença em trindades divinas, que funcionavam em conjunto, como a formada por Osíris, Ísis e seu filho Hórus.  




Antropozoomorfismo se refere à forma de representação das divindades, retratadas com forma de homem (do grego, antropo) e animal (do grego, zoo). Todas as divindades eram representadas com formas humanas e animais, geralmente com corpo humano e cabeça animal. Muitas vezes, nos famosos rituais de mumificação e culto aos mortos, os cidadãos egípcios utilizavam máscaras de chacais para homenagear essa divindade. O objetivo desses rituais era conduzir uma “boa morte” ao cadáver pois queriam uma longevidade e lutavam contra a finitude da vida.


A característica funerária se refere à crença na vida após a morte, determinante para a existência de complexos rituais de sepultamento, que envolviam a mumificação, construção de pirâmides (típicas do Reino Antigo) ou de túmulos subterrâneos (típicos do Reino Novo). Em meio aos processos de embalsamamento das múmias, os egípcios desenvolveram técnicas e conhecimentos sobre o corpo humano e sua anatomia. Muitos desses métodos influenciaram no desenvolvimento da medicina, química, física e até farmacologia.


Alma imortal


Para os egípcios, a vida na terra era apenas um aspecto de uma jornada eterna. A alma era imortal e só habitava um corpo no plano físico por um curto período. Após a morte, a pessoa seria julgada no Salão da Verdade. Se fosse justificada, iria para um paraíso eterno conhecido como Campo dos Juncos, um reflexo da vida da pessoa na terra. No paraíso, ela viveria em paz na companhia daqueles que amou na terra, inclusive animais de estimação, no mesmo bairro próximo ao mesmo rio, sob as mesmas árvores em que se pensava estar perdido quando morreu. Porém, a vida eterna só era possível para aqueles que viveram bem e de acordo com a vontade dos deuses no lugar mais perfeito para alcançar tal objetivo: o Egito.


Os deuses


No Período Pré-dinástico (c. 6.000 a.C. - c. 3.150 a.C.), a cultura egípcia era definida por suas crenças nos deuses. Um dos primeiros mitos da criação refere-se ao deus Atum que apareceu no meio do caos antes do início dos tempos e sua palavra deu origem à criação. Ele foi acompanhado pela força eterna de Heka (magia), personificada no deus Heka e outras forças espirituais que animavam o mundo. Heka foi uma força primordial que infundiu o universo e foi a causa de tudo funcionar da maneira que funcionava. Também deu origem ao valor central da cultura egípcia: Ma'at, harmonia e equilíbrio.


Todos os deuses e suas responsabilidades voltaram-se para Ma'at e Heka. O sol nascia e se punha e a lua viajava pelo céu, e as estações iam e vinham de acordo com o equilíbrio e a ordem possibilitados por esses dois agentes. Ma'at também foi personificada como uma divindade, a deusa da pena de avestruz, a quem todo rei prometia todas as suas habilidades e devoção. O rei foi associado ao deus Hórus em vida e a Osíris na morte, com base em um mito que se tornou o mais popular da história egípcia.


Osíris e sua irmã e esposa, Ísis, foram os monarcas originais que governaram o mundo e deram ao povo os dons da civilização. O irmão de Osíris, Set, ficou com ciúmes dele e o assassinou. Isís, porém, o trouxe de volta à vida e mais tarde lhe deu um filho, Hórus. No entanto, Osíris estava incompleto e desceu para governar o submundo. Hórus, quando adulto, vingou seu pai e derrotou Set. O mito representa como a ordem triunfou sobre o caos e se tornaria um motivo persistente na religião egípcia, nos rituais mortuários, nos textos religiosos e na arte. Não houve período em que os deuses não fossem parte integrante da vida cotidiana dos egípcios, e isso é claramente visto desde os primórdios da história do país.


Viagem para a vida após a morte


Os antigos egípcios acreditavam que toda pessoa viva era composta de três elementos essenciais: corpo, Ba e Ka. Eles sabiam que um dia o corpo morreria, mas acreditavam que as outras partes de uma pessoa sobreviveriam. Ba era essencialmente a personalidade de uma pessoa, todas as coisas que a tornavam única. Ka, a força vital, tornava a vida possível para o corpo e para Ba. A morte ocorria quando Ka se separava do corpo. Para alcançar uma vida após a morte bem-sucedida, Ba tinha de se reunir com seu Ka.


Quando isso acontecia, a pessoa poderia viver para sempre na forma espiritual conhecida como Akh, ou “ser eficaz”. Para fazer a transição poderosa para a vida após a morte, o falecido tinha de navegar por uma jornada perigosa. A viagem era guiada por Anúbis, o deus dos mortos com cabeça de chacal. A estátua de Anúbis montava guarda na câmara mortuária do túmulo do rei. Posicionado entre as patas dianteiras havia um pequeno tijolo de barro cru, conhecido como “tijolo mágico”. Sua inscrição dizia:


“Sou eu quem prende a areia na parede da câmara oculta,

o combatente ativo que o repele para a chama do deserto.

Incendiei o deserto, desviei os caminhos.

Sou o protetor de Osíris"

 

Alguns pensam que essa mensagem pode ter sido a origem da “maldição dos faraós”, a ideia de que perturbar os túmulos selados dos antigos faraós egípcios resultaria numa morte prematura.




Orações e instruções


O falecido era normalmente enterrado com um manual, uma série de rolos de papiro. Os estudiosos chamavam esses pergaminhos de Livro dos Mortos. Essas orações e instruções ajudavam o falecido a passar pelas provações do submundo. Embora não tenha sido encontrado um Livro dos Mortos na tumba do rei Tutancâmon, muitas orações e imagens foram retratadas em amuletos e inscrições na tumba.


Viajando de barco com Anúbis, o falecido percorria um mundo repleto de feras terríveis para chegar ao reino do Duat (Terra dos Deuses). Havia sete portões, cada um exigindo a recitação precisa de um feitiço mágico. Se tivesse sucesso, o falecido chegaria ao Salão de Osíris, onde passariam por um teste final.


O coração deles era pesado contra uma pena de Ma’at, a deusa da verdade e da justiça. Aqueles que passavam tornavam-se um com Osíris e alcançariam a imortalidade. Aqueles que falhavam eram comidos por uma fera chamada Ammit.

Os antigos egípcios usavam amuletos, peças de joalheria que supostamente protegiam contra o mal. Alguns amuletos eram enfiados nas camadas dos invólucros da múmia para proteger cada parte do corpo. Foram encontrados 143 pequenos amuletos nas embalagens do rei Tutancâmon. Outros amuletos foram colocados em todo o seu túmulo.


A “abertura da boca”


Para que a alma de uma pessoa sobrevivesse na vida após a morte, ela precisaria de comida e água. O ritual de abertura da boca era assim realizado para que o falecido pudesse voltar a comer e beber. Acreditava-se que essa cerimônia era essencial para reanimar o Ka (ou força vital) de uma pessoa. Geralmente era executado pelo filho ou herdeiro do rei morto, neste caso, Ay, que sucedeu a Tutancâmon. Para essa cerimônia, o rei mumificado era colocado em pé e Ay tocava sua boca, olhos e nariz com vários instrumentos.


A cerimônia de abertura da boca está representada na parede norte da câmara mortuária do túmulo de Tutancâmon. O rei é retratado como Osíris, mas seu nome está escrito em hieróglifos acima de sua cabeça .


Nessa representação, Ay está vestido com uma roupa especial de padre que inclui uma pele de leopardo. Ele está segurando uma ferramenta chamada enxó. A mesa contém mais ferramentas, a perna de um animal e cinco bebidas – possivelmente um pouco da comida que o rei poderia saborear quando a cerimônia terminasse. Os estudiosos pensam que houve uma refeição funerária, feita pela família e amigos do rei, após essa cerimónia. Restos do que poderia ter sido essa refeição especial foram encontrados enterrados em uma cova perto de seu túmulo.


Na próxima postagem falaremos da história do Egito Antigo.

 

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