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A arte no Egito Antigo - Pintura e cerâmica

Atualizado: 4 de jun.


Dando continuidade às ultimas postagens – Egito a civilização do Nilo e Egito Antigo, períodos históricos –vamos conhecer a arte egípcia, primeiro a pintura e a cerâmica e, no próximo post, a escultura e a arquitetura.


A arte é uma característica essencial de qualquer civilização. Ao satisfazer as necessidades humanas básicas, como alimentação, moradia, leis comunitárias e crenças religiosas, as culturas começam a produzir obras de arte. Em muitos casos, todos esses desenvolvimentos ocorrem quase que simultaneamente. As origens da arte egípcia são anteriores ao 4º milénio a.C., e tem-se interligado ao longo dos séculos com a arte das culturas vizinhas (siro-palestina e fenícia). Pode ser dividida em dois grandes períodos: a arte pré-histórica pré-dinástica e a arte dinástica.


A arte dinástica, com três períodos principais, segue uma evolução não linear, caracterizada por algumas fases de grande desenvolvimento intercaladas com períodos sombrios.


Detalhe do trono de Tutancâmon que mostra o faraó com sua

esposa Ankhsenamon à direita. c. 1327 aC, Museu Nacional, Cairo.


No Período Pré-dinástico (c. 6.000 a.C. - c. 3.150 a.C.) esse processo teve início por meio de imagens de animais, seres humanos e figuras sobrenaturais inscritas em paredes rochosas. As primeiras são grosseiras, mesmo assim, expressam um valor importante como equilíbrio da consciência cultural egípcia.


Para ser compreendida, a arte egípcia antiga deve ser vista do ponto de vista dos antigos egípcios. A natureza um tanto estática, geralmente formal, estranhamente abstrata e muitas vezes em bloco de muitas imagens levou, às vezes, a comparações desfavoráveis com a arte grega ou renascentista posterior e muito mais “naturalista”.


No entanto, a arte dos egípcios serviu a um propósito muito diferente daquele dessas culturas posteriores. As obras não eram assinadas e os artistas não tinham autonomia sobre o que produziam, pois tudo estava sob o comando do seu governante.


Era uma arte intimamente relacionada com o ambiente da época. O ambiente geográfico determinava uma cultura fechada que tornava sua arte impermeável às influências externas devido à falta de comunicação com o exterior. Assim, o faraó, os nobres e os sacerdotes eram os principais utilizadores da arte egípcia, uma arte régia e oficial, que se desenvolve fundamentalmente em virtude da religião extremamente ligada ao faraó.


Cabeça de granito de uma esfinge do faraó egípcio Senusret III com feições juvenis. Egito.

Reino Médio, 12ª Dinastia, 1870 a.C. (Museu Estatal de Arte Egípcia, Munique, Alemanha).

Foto de : Osama Shukir Muhammed Amin.


A funcionalidade da arte egípcia


A sociedade egípcia baseava-se no conceito de harmonia conhecido como ma'at, que surgiu no início da criação e sustentou o universo. Toda a arte egípcia é baseada no equilíbrio perfeito porque reflete o mundo ideal dos deuses. Da mesma forma que esses deuses forneceram todos os bons presentes para a humanidade, a obra de arte foi imaginada e criada para ter, antes de tudo, funcionalidade.


Não importa o quanto uma estátua possa ter sido trabalhada esteticamente, seu propósito era servir de lar para um espírito ou um deus. Um amuleto teria sido projetado para ser atraente, mas a beleza estética não foi a força motriz em sua criação e sim a proteção.


Os objetos que hoje consideramos artísticos tinham uma função transcendental. Pinturas, esculturas e relevos foram o meio em que a vida espiritual se materializou. Ao mesmo tempo, permitiram-nos estabelecer uma ligação com as divindades. Dado o caráter sagrado da sua função, era uma arte baseada em convenções que praticamente não se alteraram ao longo dos mais de três mil anos dessa civilização. Destacam-se, portanto, as construções monumentais com função religiosa, funerária ou política.


A produção de imagens também foi muito importante, pois serviram de suporte para o ka, uma espécie de alma, espírito ou parte da força vital do universo que permanecia após a morte enquanto tivesse um corpo no qual se manifestasse. Poderia ser um cadáver mumificado ou uma imagem. Os egípcios acreditavam na imortalidade da alma e que ela poderia sofrer eternamente, caso o corpo fosse profanado. A mumificação e o caráter monumental do local onde as múmias eram colocadas tinham o objetivo de protegê-las eternamente.



A estatuária fornecia um local para o destinatário manifestar e receber o benefício da ação ritual. Sejam divinas, reais ou de elite, as estátuas forneciam uma espécie de canal para o espírito (ka) daquele ser para interagir com o reino terrestre. As de culto divino (poucas das quais sobreviveram) eram objeto de rituais diários de vestimenta, unção e com incenso perfumado. Depois eram transportadas em procissões para festivais especiais para que as pessoas pudessem tentar “vê-las” por que eram quase todas totalmente ocultadas da vista, só a sua “presença” seria sentida.


Embora nos maravilhemos com os tesouros brilhantes do túmulo de Tutancâmon, os relevos sublimes nos túmulos do Novo Império e a beleza serena das estátuas do Antigo Império, é quase obrigatório lembrar que a maioria dessas obras nunca foi planejada para ser vista por que não era o seu propósito.


Estatuárias reais e de elite serviam como intermediárias entre o povo e os deuses. Capelas familiares com a estátua de um antepassado falecido poderiam servir como uma espécie de “templo familiar”. Havia festas em homenagem aos mortos. A família vinha comer na capela, oferecendo comida para a vida após a morte, flores (símbolos do renascimento) e incenso (cujo perfume era considerado divino).


Templo de Edfu, no Egito. Passagem ladeada por duas paredes cheias de hieróglifos.


O que vemos nos museus


Geralmente, as obras que vemos em exposição nos museus eram produtos de oficinas reais ou de elite que se adaptam melhor à nossa estética moderna e ideias de beleza. Entretanto, a maioria dos porões dos museus está repleta de centenas ou milhares de outros objetos feitos para pessoas de camada inferior. São pequenas estátuas, amuletos, caixões e estelas completamente reconhecíveis, mas raramente exibidas.


Essas peças geralmente apresentam menor qualidade de acabamento, proporções estranhas ou mal executadas, por isso podem não ser consideradas “arte” no sentido moderno. Esses objetos, no entanto, tinham exatamente a mesma função de proporcionar benefícios aos seus proprietários, com o mesmo grau de eficácia daqueles feitos para a elite.


Características da arte egípcia antiga


A arte do Antigo Egito estava primordialmente a serviço da religião. Quase que toda a produção artística tinha como objetivo agradar e invocar os deuses. Também procurava ajudar o falecido a alcançar a vida eterna após a morte. Era uma cultura conservadora mas orientada para o prolongamento da vida na eternidade e as imagens tinham essa função.


O tema mais comum na arte egípcia é a representação dos deuses e faraós, além das criaturas sobrenaturais que faziam parte do imaginário daquela religião, como esfinges e animais que muitas vezes simbolizavam essas divindades. Por outro lado, os elementos ambientais que surgiram não o fizeram para representar uma paisagem em si, mas para dar forma e significado à cena mitológica em questão. Tudo isso costumava ser disposto nos locais mais sagrados, como templos e, principalmente recintos funerários.


Exemplos de alto e baixo relevo.


Também pode ser destacada a grande variedade de materiais utilizados nas produções artísticas. Materiais que muitas vezes tiveram um valor muito elevado, eram utilizados por serem projetos promovidos pelo faraó e por estarem diretamente ligados ao bem mais procurado: alcançar a vida eterna após a morte física.


Alguns exemplos que podem ser citados são o marfim para pequenas peças de enxoval funerário, o quartzito em esculturas ou a malaquita e o lápis-lazúli para a obtenção de pigmentos em pinturas. E claro, o ouro, o metal preferido dos faraós em obras artísticas como máscaras funerárias ou joias.


As imagens egípcias tiveram forte influência no desenvolvimento da arte grega e, por meio dela, na arte europeia e ocidental. A escultura grega do período arcaico, por exemplo, deriva diretamente da escultura egípcia. É uma arte regida por regras estritas. As regras de representação e construção eram inalteráveis. Estabeleceram, por exemplo, as proporções entre as partes, as posturas dos personagens, o tamanho etc. Os deuses e faraós possuíam atributos que permitiam sua identificação, como a cabeça de falcão do deus Hórus.


Na longa história egípcia houve apenas um breve período de dezessete anos durante o qual essas características foram abandonadas. Amenófis IV, faraó da Décima Nona Dinastia, revolucionou a religião tradicional, impôs o culto ao sol e favoreceu um tipo de representação naturalista e espontânea. Após sua morte, retomou-se  a antiga tradição.


A arte egípcia é mais conhecida do que a de outros povos antigos  por dois fatores: as crenças religiosas do além-túmulo e a utilização da pedra como material na construção dos seus edifícios religiosos e funerários, o que lhes deu grande solidez e durabilidade. A pintura e a escultura em relevo utilizadas em templos e túmulos, aliada ao uso de abundantes hieróglifos, permitiram-nos conhecer detalhadamente a história do Antigo Egito.


Pinturas de 4,4 mil anos encontradas na tumba da

Sacerdotisa Hetpet representam a sociedade da época.


A Lei da Frontalidade


Uma das mais fortes características estéticas das pinturas da arte egípcia era o seu cânone original para representar a figura humana, a chamada Lei da Frontalidade. Utilizada nas representações humanas, determinava que o tronco fosse retratado de frente, com a cabeça, pernas e pés, de lado. Acreditava-se que os olhos vistos de frente, seriam a maior característica da pessoa retratada. Eram permitidos apenas três pontos de vista: de perfil, de frente e de cima.


Poderíamos pensar que esse cânone de perfil era um sinal de incapacidade do artista, o que não é verdade. Como em qualquer outro elemento da arte egípcia, esta regra esconde um caráter simbólico-religioso, aplicado principalmente aos seres terrenos com aspirações de eternidade no além.


O desenho de uma pessoa falecida os invocava diretamente na vida após a morte, numa espécie de comunicação direta com eles. Portanto, o objetivo era que o falecido mostrasse em todos os momentos a parte mais importante do seu corpo ou alma, que nada mais era do que o seu olhar interior (alojado no olho) e o seu coração (alojado no tronco).


De perfil: cabeça, braços e pernas.

De frente: tronco e olhos

 

As figuras e os elementos da cena eram sempre planos, ou seja, careciam de volume e estavam em duas dimensões, sem representar fielmente a profundidade espacial. Porém, para expressar a ideia de distância ou profundidade, costumava-se sobrepor perfis, de forma que as figuras mais distantes se destacassem em altura e aparecessem parcialmente cobertas pela figura mais próxima. Muitas vezes se vê uma ordem hierárquica expressa em tamanho: o faraó adota dimensões maiores que o resto dos personagens humanos representados, a menos que seja a referida norma espacial de sobreposição de perfis.


O cânone de perfil e as convenções espaciais permaneceram em vigor na arte do Egito durante mais de três milênios, desde as suas primeiras fases. Só foi ignorado a partir do século I d.C., sob o domínio romano, que em certa medida importou os seus próprios cânones artísticos. No entanto, a ruptura de cânones sob o domínio romano levou ao aparecimento de um gênero transcendental não só para a história da arte egípcia, mas também para a história da arte universal: os fascinantes retratos de Fayoum, encontrados na necrópole de Hawara, perto do oásis de Fayoum, hoje no Museu do Louvre, em Paris.


Nos sepultamentos, na parte correspondente à cabeça do sarcófago, foram pintados retratos de surpreendente naturalismo, dignos das melhores obras do Renascimento italiano, com a clara intenção de mostrar de forma realista a múmia alojada no seu interior.



Convenções expressivas

Na representação bidimensional (baixo-relevo e pintura), os artistas egípcios demonstram ao longo dos séculos uma clara adesão a uma série de convenções que tornam a arte egípcia única e imediatamente reconhecível, imagem de uma sociedade conservadora e estável.


O interesse dos artistas egípcios na representação de um objeto ou de uma figura humana era apresentar ao máximo a sua totalidade física, sem a “escolha” de um único ponto de vista, antes mesmo selecionando múltiplos pontos para ter a melhor perspectiva para cada elemento que compõe a figura, estudada parte por parte e não na sua totalidade.


As representações eram assim obtidas por “montagem” lógica, sem qualquer interesse no ilusionismo de criar figuras que davam ao espectador a ideia de realmente tê-las à sua frente. Para isso, foram utilizadas grades geométricas, que garantiam uma relação precisa entre as partes do corpo.


É por isso que na figura humana os ombros e o tronco são geralmente colocados frontalmente, a pélvis em três quartos, as pernas de perfil, geralmente abertas na largura de um degrau; o rosto está de perfil, mas o olho é retratado de frente. As proporções "hierárquicas" são típicas, ou seja, os personagens mais importantes representados em maior escala; o homem geralmente era retratado maior e com a tez mais escura que a da esposa, colocada à sua esquerda.


A filha do faraó era destacada mais como a primeira herdeira do trono. Os homens sentados colocavam a palma da mão sobre a coxa, enquanto os homens em pé, mantinham o pé esquerdo mais avançado. Dessa forma, poderiam incorporar diferentes aspectos humanos, como movimento e quietude ao mesmo tempo. Entre os animais, lagartos e abelhas foram retratados de cima e crocodilos de perfil.


A pintura Egípcia


A pintura foi uma das representações artísticas mais destacadas, alcançando

grande desenvolvimento técnico, já que se trata de obras realizadas há três ou quatro milênios, em alguns casos. Isso é especialmente notável na pintura mural, que pode muito bem ser considerada um precedente para a pintura a fresco usada muitos séculos depois.


A perspectiva hierárquica era bastante utilizada, por isso os personagens mais importantes eram representados em tamanho maior e com ausência de sombra. O espaço era sempre plano e as imagens eram distribuídas em faixas horizontais que funcionavam como registros narrativos.


Durante o Império Médio, a pintura prevaleceu sobre as artes escultóricas devido à sua maior facilidade de execução. Houve duas inovações neste período: o naturalismo dos túmulos de Beni Hasan e a tendência de pintar o sarcófago das múmias. As decorações são sóbrias e essenciais.


Detalhe do Livro dos Mortos de Hunefer mostrando um registro superior e inferior. O Julgamento de Hunefer na presença de Osíris, Livro dos Mortos, 19ª Dinastia, Novo Reino, c. 1275 a.C., papiro, Tebas, Egito (Museu Britânico; foto: Steven Zucker; CC BY-NC-SA 2.0).


A pintura e o relevo atingiram plena maturidade estilística e criativa. Os inúmeros testemunhos que chegam dos templos de todo o país e dos túmulos altamente decorados da necrópole tebana demonstram um elevado desenvolvimento dessas artes que também experimentam novas técnicas, novos cânones e novos temas, com uma perfeição e domínio do uso do desenho nos mínimos detalhes nunca alcançado em períodos anteriores.


Os temas são enriquecidos com cenas da vida cotidiana, como no túmulo de Nebamon, enquanto os cenários atravessam as fronteiras do Egito com a representação da flora e da fauna de lugares estrangeiros, devido à abertura aos países vizinhos e à expansão territorial dos soberanos.


As pinturas podem ser encontradas principalmente no interior das pirâmides. Retratavam a vida e os grandes feitos de um determinado faraó que ali foi enterrado. O próprio faraó contratava o pintor e este não possuía autonomia sobre o que pintava nem podia exercer sua criatividade de forma livre pois sua autoria não era reconhecida e a obra era executada de acordo com o que era solicitado. O que importava era a perfeita realização das técnicas executadas e não o estilo dos artistas.


A maioria das pinturas a têmpera foram feitas diretamente sobre pedra ou gesso composto por uma camada de giz, palha e lama. Normalmente os artistas trabalhavam em grupos, liderados por mestres, que se encarregavam das figuras mais importantes e da elaboração dos contornos e detalhes, enquanto os pintores preenchiam os esboços com pinceladas coloridas.


A utilização de cores


O melhor exemplo do virtuosismo técnico estava na produção dos pigmentos. As misturas utilizadas ofereciam resultados de altíssima qualidade, principalmente em termos de durabilidade, devido às condições estáveis ​​de temperatura e de umidade desses locais, muitas vezes subterrâneo ou dentro da rocha. Graças a isso conservaram-se em boas condições durante milhares de anos.


Os egípcios obtinham seus pigmentos da própria natureza, principalmente de terras de diferentes tonalidades, que dissolviam em água após misturá-las com lama. Eram depois ajuntados com ovo e cola, entre outras opções, o que os tornou dignos iniciadores na técnica da têmpera. Foi aplicado, por exemplo, em sarcófagos, enquanto o afresco foi utilizado na pintura mural, transferindo os pigmentos para a camada de gesso. As tintas utilizadas nessas pinturas eram extraídas na natureza, da seguinte forma:


Preto (kem) – associado à noite e à morte, embora mais como um prelúdio à ressurreição, por isso não costumava ter uma conotação negativa. Era obtido do carvão vegetal de madeira, carbono de escama de forno ou de pirolusite, um óxido de manganésio do deserto do Sinai.


Branco (hedj) – era extraído da cal ou gesso e simbolizava a pureza e a verdade.


Vermelho (decher) – representava a energia, sangue e vida, o poder e a sexualidade. Era o mais fácil de obter, principalmente na versão ocre, pois provinha da hematita em forma terrosa, algo bastante abundante na região. Por isso foi uma das cores mais comuns na arte egípcia. Era usado para a pele de figuras humanas masculinas.


Amarelo (ketj) – era o símbolo do sol e da eternidade, extraído da mistura natural de diferentes óxidos de ferro (ocre) óxido de ferro hidratado (limonite) ou diferentes minerais. Era usado geralmente em corpos humanos femininos.


Verde (uadj) - simbolizava a regeneração e a vida e era proveniente de minerais de fascinante beleza natural, como malaquita ou crisocola do Sinai.


Azul (khesebedj) - extraído do carbonato de cobre e de minerais como a azurita, era associado ao rio Nilo e ao céu. O uso do lápis-lazúli também foi documentado, embora não existisse na região. Por isso, teve que ser importado de lugares distantes como o Afeganistão, o que mostra a grande importância atribuída a esta cor.



Além dessas seis cores fundamentais, outras foram obtidas por meio de determinadas misturas. Apesar de ter uma paleta de cores reduzida, o poder visual e simbólico das cores mais do que compensou essa limitação. Um bom exemplo são os diferentes tons de pele que as divindades poderiam adotar, que se referiam aos seus poderes. O verde geralmente se referia à fertilidade agrícola, como em Osíris, e o azul aludia ao caráter cósmico ou celestial de sua divindade correspondente, como Amon.


“Vale a pena pegar um lápis e tentar reproduzir um desses desenhos egípcios “primitivos”. Nossas tentativas vão sempre parecer inábeis, assimétricas e deformadas. Pelo menos, as minhas parecem. Pois o sentido egípcio de ordem em todos os detalhes é tão poderoso que qualquer variação, por mínima que seja, parece desorganizar inteiramente o conjunto.” Ernst Gombrich, historiador.


A cerâmica, entre o cotidiano e o artístico


A cerâmica era um trabalho muito comum na sociedade egípcia, suas peças tinham diversas funções, desde a de uso cotidiano até à funerária e religiosa. No dia a dia, os objetos cerâmicos eram utilizados para tarefas como cozinhar, conservar alimentos ou conter perfumes, muitas vezes decorados com formas geométricas simples ou figuras esquemáticas.


As obras de maior valor são justamente as funerárias, pois eram colocadas junto aos túmulos para prestar diversos serviços aos falecidos na vida após a morte. Foram confeccionadas peças esmaltadas com verniz e, alguns casos, com partes revestidas de ouro. O alabastro, ou marfim, era o material utilizado como complemento.


Jarra com desenhos de barcos, cerâmica pintada do Egito, c. 3450–3350 AC;

no Museu do Brooklyn, Nova York. 17,6 x 20,9 cm.


Destacam-se especialmente os copos canópicos, recipientes destinados a conter as vísceras do falecido, que deveriam ser lavadas, embalsamadas e preservadas para que o defunto pudesse alcançar a vida eterna após a morte. As vísceras eram unidas ao corpo mumificado e às suas entidades imateriais, ba e ka. No início eram simplesmente decorados com inscrições hieroglíficas, fechadas com uma laje. No Império Novo, as tampas assumiram o formato da cabeça do falecido e, no final desse período, da cabeça da divindade protetora.


Outras obras-primas da arte egípcia antiga, como os ushabti (aqueles que atendem aos chamados), eram colocados ao lado do túmulo do falecido para trabalhar para ele na vida após a morte. Era comum a utilização da faiança, um tipo de cerâmica vidrada muito fina, que conseguia deixar acabamentos muito atrativos em cores como o ocre ou o azul em diferentes tonalidades (esverdeado e azul claro). No entanto, eles também podiam ser feitos de outros materiais não cerâmicos, como madeira ou lápis-lazúli.


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