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Principais seitas e filosofia do jainismo

Atualizado: 12 de out. de 2023

Svetambara e Digambara


Na postagem anterior, Jainismo - a religião mais pacífica do mundo, tivemos o primeiro contato com o jainismo e apresentamos suas características essenciais. Vamos agora apresentar as suas seitas principais e também a filosofia jainista.


Os jainas encontram-se divididos em duas seitas principais: a Svetambara (Vestes brancas) e a Digambara (Vestes de céu). A maioria dos jainas pertencem ao grupo Svetambara. Segundo alguns autores, a origem das duas seitas está no século I ou III d.C. e deve-se a disputas em torno dos textos que deveriam constituir as escrituras do jainismo. Os Digambara concentram-se no sudoeste da Índia e os Svetambara no noroeste, nos estados do Gujarate, Rajastão e Madhya Pradesh.

Acredita-se que essas duas seitas tenham origem em eventos que ocorreram há cerca de duzentos anos após o nirvana de Mahavira, o último Tirthankara.


Bhadrabahu, o chefe dos monges jainistas, previu um período de fome e conduziu cerca de doze mil pessoas para o sul da Índia. Doze anos depois, eles voltaram e encontraram a nova seita Svetambara. Os seguidores de Bhadrabahu ficaram então conhecidos como Digambara.



A divisão Svetambara/Digambara foi provavelmente o resultado de uma série de conselhos realizados para codificar e preservar as escrituras jainistas, que existiam como tradição oral muito depois da morte de Mahavira. O último concílio, reunião de autoridades eclesiásticas com o objetivo de discutir e deliberar sobre questões pastorais, de doutrina, fé e costumes, foi realizado na cidade de Valabhi, em 453 d.C. ou 456 d.C. e sem a participação dos Digambara. Esse concílio codificou o cânone Svetambara ainda em uso. A comunidade monástica Digambara denunciou a codificação e com isso o cisma entre as duas comunidades tornou-se irrevogável.


As duas seitas concordam com quase todos os princípios do jainismo, mas os Svetambara consideram que as suas escrituras estão mais próximas dos ensinamentos originais do Mahavira. Usam roupas brancas sem costuras e acreditam ter retido a maior parte das escrituras originais transmitidas por Mahavira. Reconhecem que as mulheres, tanto quanto os homens, podem alcançar a libertação.


Os Digambara são mais ortodoxos e rejeitam uma parte considerável dessas escrituras. Consideram que a renúncia pregada por Mahavira implica para os monges a nudez total porque, de acordo com a tradição, o Mahavira e seus onze primeiros discípulos nada possuíam e nada usavam. Creem também que apenas os homens podem alcançar a libertação, as mulheres devem esperar até que encarnem como homens.


Monges, monjas, leigos e leigas


Na comunidade jain existem monges e monjas, leigos e leigas. Todos seguem a mesma disciplina espiritual quíntupla. Monges e monjas são diferenciados dos leigos apenas pelo grau em que incorporam essa disciplina. Por meio de um ascetismo severo os monges e as monjas esforçam-se para tornar, este, o último nascimento. Os leigos seguem práticas menos rigorosas, esforçando-se para alcançar a fé racional e praticar boas ações neste nascimento.



O jainismo considera a vida monástica como o ideal de vida dos seres humanos. Entre os Svetambara a entrada na vida monástica é autorizada aos dois sexos a partir dos sete anos, mas realiza-se em geral numa idade mais avançada. O noviço deve abandonar todos os seus bens; por altura da sua ordenação (Diksa) a sua cabeça é raspada e ele toma os cinco votos, numa versão mais rigorosa do que a dos leigos.


Os monges jainas levam uma vida itinerante, com exceção da época das monções, quando se recolhem numa determinada localidade. Eles costumam se deslocar em pequenos grupos de cinco ou seis. Para a sua alimentação, dependem da caridade dos leigos jainas, a quem oferecem em troca assistência espiritual.


Os monges Svetambara podem ser donos de pequenas coisas, como uma fina veste branca e a Mukhavastrika, uma máscara de tecido colocada sobre a boca, cujo objetivo é evitar a ingestão involuntária de insetos. Os Digambara interpretam o preceito do desapego de uma forma bastante rigorosa e por essa razão não usam roupas e, como não possuem tigela, utilizam as mãos como recipiente dos alimentos. As monjas usam uma veste branca. Eles geralmente viajam sozinhos.


Dificuldades naturais


Espera-se que os monges sofram com equanimidade dificuldades impostas pelo clima, terreno, viagens ou abuso físico. No entanto, são permitidas exceções em emergências, uma vez que um monge que sobrevive a uma calamidade pode purificar-se pela confissão e pela prática de austeridades ainda mais rigorosas.


Os monges Digambara fazem os mesmos “grandes votos” que os Svetambara, mas, em reconhecimento a uma interpretação muito mais intensa do voto de não posse, os Digambara de pleno direito permanecem nus, enquanto os de grau inferior usam uma tanga e mantem um pedaço de pano com no máximo 1,5 metros de comprimento.


Eles usam um espanador de pena de pavão para varrer o chão por onde andam para não ferir qualquer forma de vida. Bebem água de uma cabaça e imploram pela única refeição do dia usando as palmas das mãos em concha como tigela de esmolas. Eles consideram sua interpretação da vocação monástica jainista mais de acordo com o modelo antigo do que a seguida pelos Svetambara.


Escravidão e libertação permanente do jiva


Karma é o elo que liga a alma ao corpo e a causa da escravidão e da tristeza. Os jainistas acreditam que cada ação, boa ou má, que uma pessoa realiza abre os canais dos cinco sentidos, por meio dos quais uma substância o karma, invisível, filtra e adere ao Jiva,(princípio vital da alma), pesando-o e determinando as condições da próxima reencarnação.


Os jainistas acreditam que o estado mais elevado e exaltado de beatificação, a libertação permanente do jiva de todo envolvimento na existência mundana, só pode ser alcançado por meio de seus próprios esforços. Nenhum espírito ou deus pode ajudar o jiva a obter a libertação. Mohandas K. Gandhi foi profundamente influenciado pelos princípios éticos jainistas e fez da doutrina da ahimsa (não violência) uma parte integrante de sua própria filosofia e um método de ação política.


O jainismo afirma que o absolutismo (especialmente o absolutismo moral) leva ao fanatismo e à violência e, portanto, apoia a tolerância entre crenças, alegando que nenhuma crença contém exclusivamente a verdade.



O comportamento do leigo


Muitos tratados sobre o comportamento religioso e os votos do leigo foram produzidos entre os séculos V d.C. e XVII d.C. De acordo com esses escritos, o comportamento do leigo deveria refletir os “grandes votos” ascéticos. A doutrina jainista, entretanto, sustenta que enquanto o caminho ascético pode levar à destruição (Nirjara) do karma, o caminho leigo permite apenas o afastamento (Samvara) de novo karma e isso não altera radicalmente o status cármico de um indivíduo.


Os leigos devem observar oito regras de comportamento e devem tomar doze votos. As oito regras variam, mas em geral incluem a prática absoluta e irrestrita de Ahimsa (não violência) que tem seu ponto forte na alimentação. Não devem comer carne de nenhum tipo, nenhum produto de origem animal e nem certos vegetais (tubérculos, cebola e alho) pois são de origem inferior e causam o efeito de agitar a mente, dificultando a prática da meditação.


Outras regras incluem não se alimentar à noite, não ingerir bebidas alcoólicas e nem substâncias consideradas alteradoras da consciência (cafeína, teobromina). Devem praticar a caridade a todos os seres vivos, ler sobre as qualidades transcendentais dos Tirthankaras e recitar o Navkarou Ṇamōkāra Mantra, o mantra mais significativo do jainismo e um dos mais antigos em prática contínua. Essa é a primeira oração recitada pelos jainistas durante a meditação.



Mantra é uma sílaba ou poema, normalmente em sânscrito. Os mantras se originaram do hinduísmo, porém são utilizados também no jainismo no budismo, bem como notoriamente por práticas espirituais que não têm vínculo com religiões estabelecidas.


Peregrinação


Vista como uma atividade particularmente meritória, a peregrinação é popular entre renunciantes e leigos. Locais de peregrinação foram criados durante o período medieval em locais que marcam os principais acontecimentos na vida dos Tirthankaras. Alguns dos quais foram destruídos durante as invasões muçulmanas, iniciadas no século VIII.


As colinas Parasnath e Rajgir no estado de Bihar e as colinas Shatrunjaya e Girnar na Península de Kathiawar estão entre esses importantes locais de peregrinação antigos. Outros santuários que se tornaram destinos de peregrinação são Shravanabelagola no estado de Karnataka, Montes Abu e Kesariaji no estado de Rajasthan e Antariksha Parshvanatha no distrito de Akola em Maharashtra.


Para aqueles que não podem peregrinar às localidades mais famosas, é possível adorar suas representações nos templos locais. Pequenas redes regionais de santuários também são considerados reproduções dos grandes espaços de peregrinação.


Confissão comunitária


Os leigos realizam uma confissão comunitária. Cartas são enviadas pedindo o perdão e a remoção de todos os ressentimentos sobre erros conscientes ou inconscientes durante o ano que passou. Chamado Dashalakshanaparvan (Dia da observância das 10 qualidades religiosas) o festival faz a exibição pública do Tattvarthasutra, antigo texto escrito em sânscrito por Acharya Umaswami em algum momento entre os séculos II d.C. e V d.C. O Tattvārthasūtra é considerado um dos textos mais antigos e de maior autoridade no jainismo.


Na lua cheia do mês de Karttika (outubro-novembro), ao mesmo tempo em que os hindus celebram o Diwali (o festival das luzes), os jainistas comemoram o Nirvana (libertação final; literalmente “extinguir-se”) de Mahavira acendendo lâmpadas. Outra importante cerimônia Shvetambara é o Jnanapanchami (literalmente Quinto Conhecimento), ocorre cinco dias depois e é celebrada com adoração no templo e com reverência às escrituras. O festival Digambara equivalente acontece de maio a junho. Mahavira Jayanti, o aniversário de Mahavira, é comemorado por ambas as seitas no início de abril com procissões públicas.


Adoração, hinos, banhos e oferendas


Uma das principais formas de culto do leigo é prestar homenagem às estátuas dos Tirthankaras. Os jainas lavam as estátuas e dedicam-lhes oferendas, como mel, flores, arroz etc. Alguns grupos jainas, como os Sthanakavasis e os Terapanthis, são contra o culto de imagens.


O crente não adora a estátua em si, mas sim as qualidades associadas a ela, de modo a receber inspiração para seguir o mesmo caminho. As estátuas podem ser adoradas nos templos ou então em pequenos santuários existentes nas casas. São representadas em posição de meditação, sentadas ou em pé.


As orações jainas fazem referência aos grandes atos dos Tirthankaras e aos ensinamentos do Mahavira, sendo ditas num antigo dialeto do Bihar, o Ardha Magadhi. Com a principal oração, Namaskara Sutra, o jaina presta homenagem às qualidades dos cinco grandes seres do jainismo.


A adoração diária inclui hinos de louvor e orações, recitação de fórmulas sagradas e e veneração de ídolos (Tirthankaras) — banham a imagem e fazem oferendas de flores, frutas e arroz. Os Shvetambara também decoram imagens com roupas e enfeites.


Um debate de longa data dentro de ambas as comunidades jainistas diz respeito ao valor relativo dos atos externos de adoração e dos atos internalizados de disciplina mental e meditação. Monges e monjas de todas as seitas estão proibidos de demonstrações de adoração física.



Período de abandono da vida errante


A época mais significativa do ano ritual jainista, entretanto, é o período de quatro meses, geralmente que vai do final de julho ao início de novembro, quando monges e monjas abandonam a vida errante e vivem no meio de comunidades leigas. Para os Shvetambara, o festival mais importante é o Paryushana (Permanecer) que ocorre no mês de Bhadrapada (agosto-setembro).


O Paryushana designa a pacificação por meio do perdão e do serviço com esforço e devoção de todo o coração e, também, permanecer num local durante a estação das monções. O festival é caracterizado por jejum, pregação e recitação das escrituras. No último dia do festival anual Samvatsari são distribuídas esmolas aos pobres e uma imagem de Jina é exibida cerimonialmente pelas ruas.


Questões filosóficas


A contribuição dos jainistas no desenvolvimento da filosofia indiana foi significativa. Os conceitos filosóficos jainistas como Ahimsa, Karma, Moksha são comuns no hinduísmo e no budismo. Enquanto o jainismo baseava sua filosofia nos ensinamentos de Mahavira, vários filósofos jainistas contribuíram para o discurso filosófico indiano.


Os jainistas foram influenciados e contribuíram de forma significativa nas esferas ética, política e econômica da Índia. Os jainas têm uma longa tradição ilustrada e são a comunidade religiosa com maior grau de alfabetização da Índia. Suas bibliotecas são as mais antigas do país. Eles têm uma cosmologia e crenças elaboradas, atestadas de nomes, categorias, classes, hierarquias, graus e ordens.



Transteísmo – refere-se a um sistema de pensamento ou filosofia religiosa que não é teísta nem ateísta, mas está além deles. A palavra foi cunhada pelo teólogo Paul Tillich ou pelo indólogo Heinrich Zimmer. Zimmer aplica o termo ao jainismo, que é teísta no sentido limitado de que os deuses existem, mas são irrelevantes, pois são transcendidos pelo Moksha (um sistema que não é não-teísta, mas no qual os deuses não são a instância espiritual mais elevada). Zimmer usa o termo para descrever a posição dos Tirthankaras tendo passado "além dos governantes piedosos da ordem natural".


Ateísmo – o universo não foi criado por nenhum deus ou ser supremo e é o resultado inflexível das leis da naturalidade autoimposta. Não há criador do universo, legislador, governador ou agente externo sobrenatural. Embora se faça menção a certos seres, em geral são indiferentes a eles. A crença nessas entidades não é necessária e aparece na cosmologia jaina apenas para fazer referência à roda das reencarnações dos seres vivos.


Pananimismo – o universo é uma totalidade viva. Todo ser representa uma alma, mais ou menos complexa, translúcida ou pesada. Desde a terra ou o vento, até os insetos ou os mamíferos, todos os seres refletem o universo e são dignos de respeito. Uma concepção do mundo muito próxima do panteísmo.


Do ponto de vista epistemológico, o jainismo é relativista, pois defende que o conhecimento do mundo sozinho pode ser aproximado e que, com o tempo, até sua própria religião acabará por desaparecer. Esse princípio foi aplicado por sábios jainas.


Teorias do conhecimento aplicadas à libertação


No pensamento jainista existe quatro estágios de percepção – observação, vontade de reconhecer, determinação e impressão – leva à cognição subjetiva (Matijnana), o primeiro dos cinco tipos de conhecimento (Jnana). O segundo tipo, Shrutajnana, deriva das escrituras e de informações gerais. Ambas são cognição mediada, baseada em condições externas percebidas pelos sentidos.



Literatura Canônica


Perto do fim do quarto século a.C., um conselho reuniu-se em Pataliputra com o propósito de fixar o cânon jainista. Sua forma final, entretanto, foi estabelecida no Concílio de Valabhi, presidido por Devardhi por volta de 454 d.C. Existem quarenta e um Sutras, incluindo onze Angas, doze Upāngas, cinco Chedas, cinco Mǖlas e oito obras diversas; vários Prakirnakas (obras não classificadas); doze Niryuktis (comentários); e o Mahābhāsyaou grande comentário.


Cada tradição desenvolveu um extenso corpus de literatura canônica comentada e cada uma desenvolveu um corpo de literatura narrativa. Por exemplo, tão grande foi a influência da história de Rama no clássico Ramayana hindu que os budistas e jainistas se sentiram obrigados a recontar a história em seus próprios termos. A literatura jainista inclui dezesseis versões diferentes dessa história em sânscrito e prácrito.


Muitos jainistas consideram que a escritura principal é o Tattvartha Sutra, ou Livro das Realidades, escrito há mais de dezoito séculos pelo monge erudito Umasvati, também conhecido como Umasvami. De acordo com o Digambara, esses textos foram escritos pela primeira vez em 57 d.C., quando os professores religiosos não estavam disponíveis e a única fonte de informação era o que as pessoas conseguiam lembrar sobre os ditos de Mahavira, o vigésimo quarto Tirthankara que reviveu o jainismo.


Ele expôs os ensinamentos espirituais, filosóficos e éticos dos Tirthankaras anteriores da remota era pré-védica, e dos Kevlin (Rio estreito). Sua língua original era a Ardha-Māgadhi, língua indo-ariana média e um Prakrit (Prácrita), conceito da era védica que significa "colocar em primeiro, a forma original de qualquer coisa, a substância primária". Nos textos hindus, ele significa "natureza, corpo, matéria, universo fenomênico" e se acredita ter sido falado nos dias modernos em Bihar e Uttar Pradesh e usado em alguns dos primeiros dramas budistas e jainistas. Provavelmente era uma língua indo-ariana oriental, relacionada a línguas modernas como Magadhi e Bhojpuri. Após a era cristã, o sânscrito tornou-se mais popular.


Além dos cânones e comentários, as tradições Svetambara e Digambara produziram um grande corpo de literatura escrita em diversas línguas, nas áreas de filosofia, poesia, teatro, gramática, música, matemática, medicina, astronomia, astrologia e arquitetura.


Os épicos Cilappatikaram e Jivikacintamani, obras importantes da literatura tâmil pós-clássica, foram escritos a partir de uma perspectiva jainista. O Adipurana, do poeta leigo jainista Pampa é a primeira peça existente da literatura Mahakavya (“alta poética”) Kannada. Os jainas foram igualmente influentes nas línguas Prácritas, Apabhramsa, antigo Gujarati e, mais tarde, no sânscrito.


O caminho para a libertação se dá por meio das três joias da fé correta (crença na existência real), conhecimento correto (conhecimento da natureza real sem dúvida ou erro) e conduta correta (a prática das cinco virtudes). Por meio deles, o fluxo de karma para a alma é interrompido e o karma existente é descarregado.


Quando a última partícula do karma se esgota, “a combinação alma e matéria é dissolvida” e a alma alcança fé, conhecimento, bem-aventurança e poder infinitos. Transcende-se o ciclo da existência terrena (Samsara) e vai para um lugar ou estado chamado Siddhashila, onde o Jiva, idêntico a todos os outros Jivas puros, experimenta sua própria natureza verdadeira em eterna quietude, isolamento e não envolvimento e em eterna bem-aventurança.



Preservação dos manuscritos


O mérito religioso resultante da audição e leitura de textos jainistas encorajou a preservação cuidadosa e amorosa dos manuscritos. Os jainistas mantêm tradicionalmente bibliotecas importantes em toda a Índia, entre as mais significativas estão as dos Shvetambara em Chambay (ou Khambhat), Patan (ambos no estado de Gujarat) e Jaisalmer (Rajasthan) e as dos Digambara em Karanja (Maharashtra) e Mudbidri (Karnataka).


As miniaturas em folhas de palmeira e manuscritos de papel e em capas de livros de madeira preservadas nas bibliotecas monásticas jainistas fornecem uma história contínua da arte da pintura no oeste da Índia desde o século XI d.C.


O problema da transmissão oral é que, se aqueles que carregam o conhecimento de um texto em suas mentes morrem antes de transmiti-lo a outros, ou depois de transmiti-lo apenas parcialmente, esse conhecimento se perde para sempre. Não é diferente de uma situação em que cada cópia de um determinado livro é destruída.


Essa parece ter sido a situação da antiga comunidade jainista e a razão pela qual foi finalmente tomada a decisão de colocar a sua tradição textual em forma escrita, durante o tempo de Chandragupta, r. c. 321 a.C.- c. 297 a.C., do Império Maurya.

Os Shvetambara e os Digambara concordam que chegará um tempo em que os ensinamentos dos Tirthankaras serão completamente perdidos.


O jainismo então desaparecerá da Terra e reaparecerá em um ponto apropriado no próximo ciclo de tempo (Kalpa). As duas seitas discordam, no entanto, sobre até que ponto já ocorreu a corrupção e a perda dos ensinamentos dos Tirthankaras.


Quando esse ciclo atingir o seu nível mais baixo, até o próprio jainismo se perderá na sua totalidade. Então, no decurso da próxima ascensão, a religião jainista será redescoberta e reintroduzida por novos Tirthankaras apenas para ser perdida novamente no final da próxima crise. Em cada uma dessas alternâncias de tempo enormemente longas há sempre vinte e quatro Tirthankaras.


Os jainistas acreditam que Lord Rishabha foi o primeiro humano a receber a filosofia no ciclo atual. O vigésimo terceiro Tirthankara foi Parshva, um asceta e professor, cujas datas tradicionais são 877 a.C.-777 a.C., 250 anos antes do falecimento de Mahavira, o último Tirthankara, em 527 a.C. Os jainistas o consideram, junto com todos os Tirthankaras, um reformador que apelou ao retorno às crenças e práticas alinhadas com a filosofia universal eterna na qual se diz que a fé se baseia.


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