Na postagem Escolas filosóficas - Parte 1, tratamos das seguintes escolas: estoicismo, cinismo, ceticismo, hedonismo, epicurismo, idealismo, niilismo, existencialismo, relativismo, humanismo, marxismo e racionalismo. Damos agora continuidade às demais escolas.
Positivismo
Corrente filosófica iniciada na França no início do século XIX e intimamente associada ao empirismo e ao racionalismo. Foi teorizada pela primeira vez por Auguste Comte (1798 – 1857) e desenvolvida em uma filosofia moderna favorecida por cientistas e tecnocratas. Defende a ideia de que o conhecimento científico seria a única forma de conhecimento verdadeiro.
A ordem, o rigor e o empenho pela organização são características fundamentais para a doutrina positivista. Daí deriva o lema ordem e progresso estampado na bandeira brasileira, desenhada durante o início da era republicana no Brasil.
Comte entendia que a história do pensamento humano caminhava em estágios. Em sua filosofia da história, ele elaborou a lei dos três estados, na qual afirmava que o pensamento e o espírito humano desenvolviam-se por meio de três fases distintas: a teológica, a metafísica e a positiva.
Membros famosos do movimento incluíram Bertrand Russell (1872 – 1970), Ludwig Wittgenstein (1889 – 1951) e o Círculo de Viena.
Objetivismo
Filosofia desenvolvida por Ayn Rand (1905 – 1982) que abrange posições sobre metafísica, epistemologia, ética, política e estética. O objetivismo sustenta que existe uma realidade independente da mente; que as pessoas individuais estão em contato com essa realidade por meio da percepção sensorial; que os seres humanos obtêm conhecimento objetivo da percepção por medição e formam conceitos válidos com base em tais percepções.
Afirma também que o sentido da vida é a busca da própria felicidade ou “auto interesse racional”, e que o único sistema social consistente com essa moralidade é o pleno respeito pelos direitos individuais, incorporados no puro e consensual capitalismo laissez-faire, expressão em francês que significa deixe fazer, ou libertarianismo.
Subjetivismo
Doutrina filosófica da Antiguidade que afirma que a verdade é a mentira individual. Cada sujeito teria a sua verdade pois o conhecimento depende de cada indivíduo, portanto a veracidade ou falsidade dos julgamentos depende do sujeito que conhece e julga. Se cada um tem a sua própria verdade e não verdades absolutas ou universais, talvez seja impossível haver entendimento.
Enquanto no objetivismo existe o foco na estrutura, no subjetivismo o foco está no sujeito. Apesar da aparente dicotomia entre os conceitos, os autores postulam o diálogo entre o indivíduo e o outro, pois a sua escolha é compartilhada com outros sujeitos discursivos.
Representantes: Protágoras (490 – 415 a.C.), Georgias de Leontinos (485 - 380) e Friedrich Nietzsche (1844 - 1900).
Realismo
Escola filosófica com origem na obra de Aristóteles (384 a.C.–322 a.C.). Os realistas enfatizam que “a realidade, o conhecimento e o valor existem independentemente da mente humana” e defendem o uso dos sentidos e da investigação científica para descobrir a verdade. A aplicação do método científico também permite que os indivíduos classifiquem as coisas em diferentes grupos com base em suas diferenças essenciais.
Aristóteles é conhecido como o pai do realismo e do método científico. Sua abordagem pragmática para entender um objeto, pela compreensão de sua forma, é um exemplo de como ele investigou a matéria. Ele acreditava que tudo tinha um propósito ou função. Por exemplo, o propósito de um peixe é nadar. O propósito de um pássaro é voar. O propósito do ser humano é pensar. Se não estamos pensando, ou pensando sem inteligência, estamos indo contra nosso propósito.
John Locke (1632-1704) acreditava na tabula rasa, instrumento de escrita usado em Roma. Feita com cera, era usada com um estilete. Quando as pessoas queriam apagar o que havia escrito, era preciso raspar ou derreter a cera. Quando estava sem nada escrito, o objeto era chamado de tábula rasa. O ser humano, assim como a tábula em branco, nasce sem conhecimento algum e aos poucos as vivências (ou inscrições) o preenchem.
Pragmatismo
Corrente filosófica iniciada por Charles Sanders Peirce (1839 – 1914). Ele introduziu o método pragmático no qual os alunos recebem um procedimento para construir e esclarecer significados. Esse movimento tenta relacionar o significado das coisas com as evidências. Para isso, limita-se à experiência sensorial e deixa de lado a metafísica.
Os pensadores pragmáticos entendem que não existem verdades absolutas e imutáveis. A verdade é o que funciona. O conhecimento é dado pela experiência e considera como verdadeiro o que é útil. O critério para julgar a verdade é baseado em efeitos práticos. De acordo com eles, o aprendiz está constantemente conversando e sendo alterado pelo ambiente com o qual está interagindo. Com base no que é aprendido em qualquer ponto e tempo, o aluno ou o mundo no qual ele está interagindo pode ser mudado.
John Dewey (1859-1952) ligou o pragmatismo à evolução ao explicar que “os seres humanos são criaturas que precisam se adaptar uns aos outros e ao seu ambiente”. Ele também acreditava que a aplicação do “método científico” poderia resolver uma série de problemas porque as ideias eram instrumentos para a resolução de problemas.
Para William James (1842 - 1910), considerado a figura principal do pragmatismo, as emoções não são produto dos sentimentos, mas sim provocadas pela tomada de consciência de reações orgânicas.
Determinismo
Teoria filosófica de que todo evento, incluindo cognição e comportamento humano, decisão e ação, é determinado por uma cadeia ininterrupta de ocorrências anteriores. Os deterministas geralmente acreditam em apenas um futuro possível, embora neguem que os humanos carecem de livre arbítrio. Ele pode assumir muitas formas, desde o determinismo teológico, que sugere que o futuro de alguém seja predeterminado por um deus ou deuses, até o determinismo ambiental, que sugere que todo o desenvolvimento humano e cultural seja determinado pelo ambiente, clima e geografia.
Utilitarismo
Doutrina ética de que o valor moral de uma ação é determinado exclusivamente por sua contribuição para a utilidade geral. A adaptação das decisões às suas consequências na realidade para as quais são destinadas, com flexibilização do entendimento tecnológico das normas, na busca de uma justiça transcendente.
Isso significa que o valor moral de uma ação é determinado por seu resultado. O utilitarismo foi teorizado pela primeira vez por Jeremy Bentham (1748 – 1832), ao declarar que 'bom' era o que trazia a maior felicidade para o maior número de pessoas. No entanto, a filosofia está mais associada a John Stuart Mill (1806 - 1873) e seu livro Utilitarismo (1863).
Empirismo
Teoria filosófica que argumenta que todo o conhecimento humano deve ser adquirido de experiências sensoriais, sejam elas externas ou internas, fora delas só existe especulação. O termo empirismo tem origem na palavra grega empeiria, que quer dizer experiência. Ou seja, a partir de suas vivências, e não de instintos ou conhecimento nato, os indivíduos vão adquirindo saberes, consciência e aprendizado. Quanto mais profundas as experiências vivenciadas, maior será a formação da estrutura cognitiva daquele indivíduo.
O empirismo já era amplamente difundido por Aristóteles (384 – 322), mas a doutrina moderna, tal qual a conhecemos hoje, foi desenvolvida pelo britânico John Locke (1632-1704), criador do conceito de tábula rasa.
Representantes: John Locke (1632-1704) e David Hume (1711- 1776).
Absurdismo
Filosofia baseada na afirmação de que os esforços da humanidade para encontrar significado no universo acabarão falhando porque tal significado não existe, pelo menos em relação à humanidade. O absurdo afirma que, embora tal significado possa existir, a busca por ele não é essencial. Distingue-se do niilismo por sua visão subjetiva da humanidade, teologia e significado. É melhor pensar nisso como o estágio 'agnóstico' entre o existencialismo e o niilismo.
Soren Kierkegaard (1813 – 1855) escreveu extensivamente sobre o absurdismo em meados do século XIX, mas a filosofia é mais associada a Albert Camus (1913-1960) e seus romances O Estranho e O Mito de Sísifo.
Humanismo Secular
Filosofia ateísta que sustenta a razão, a ética e a justiça como os princípios da vida. Como o conceito de um criador sobrenatural é rejeitado, o sentido da vida deve ser encontrado puramente em termos humanos. Não há verdade absoluta ou moralidade absoluta; verdade, significado e moralidade são únicos para cada pessoa. Pensadores associados ao humanismo secular incluem Friedrich Nietzsche (1844 - 1900), Bertrand Russell (1872 – 1970) e Richard Dawkins (1941).
Crítica Filosófica
Doutrina que procura demonstrar que o conhecimento se baseia na experiência, mas que precisa da razão para se completar, daí a frase: “sem a sensibilidade, nenhum objeto nos seria dado e, sem o entendimento, nenhum seria pensado”.
A Crítica da Razão Pura, de Immanuel Kant (1724 -1804) é a principal obra de teoria do conhecimento. Nela, Kant separa os domínios da ciência e da ação. O conhecimento se constrói a partir do fenômeno que alia a intuição sensível ao conceito do intelecto. Assim, são as categorias lógicas que constituem objetos, permitindo que possam ser conhecidos de forma universal e necessária. Para Kant, a razão é a faculdade que nos fornece os princípios do conhecimento a priori. Logo, a razão pura é a que contém os princípios para conhecer algo absolutamente a priori.
Fenomenologia
A fenomenologia surgiu no século XX como uma corrente filosófica fundada por Edmund Gustav Albrecht Husserl (1859 - 1938), filósofo e matemático alemão. Seu método partia da suposição do nada. Ou seja, pretende descrever objetos ou fenômenos conscientemente, sem se basear em pressuposições ou preconceitos. O termo fenomenologia significa estudo dos fenômenos, daquilo que aparece à consciência, buscando explorá-lo.
Representantes: Edmund Gustav Albrecht Husserl (1859 - 1938); Jan Patočka (1907 - 1977) e Martin Heidegger (1889 - 1976).
Estruturalismo
Originado na psicologia, esse mecanismo de análise influenciou outras áreas como a sociologia, a linguística, a filosofia e a antropologia. É uma corrente de pensamento que busca identificar as estruturas que sustentam todas as coisas. De acordo com a teoria, os fenômenos da vida podem ser identificados por meio de suas inter-relações. Ou seja, por meio da análise de partes, avalia-se um todo. Partindo desse pressuposto, o estruturalismo foi aplicado para entender o intelecto humano, suas ideias, sua linguagem e a estrutura geral da sociedade.
Os grandes difusores do estruturalismo foram os intelectuais franceses como Roland Barthes (1915 - 1980) e Jean Baudrillard (1929 – 2007) que expandiram a ideia no final do século XIX e na primeira metade do século XX ֎
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