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China, Parte 1 - Textos, Dinastias e Escolas Filosóficas

Atualizado: há 2 horas


Dinastias da China Antiga


A China Antiga foi governada por várias dinastias, cada uma deixou um impacto duradouro na civilização. As principais dinastias foram:

 

Dinastia Xia (c. 2070 a.C. – 1600 a.C.) – considerada a primeira dinastia, embora sua existência seja mais lendária do que comprovada. Representa o início da civilização chinesa.

 

Dinastia Shang (c. 1600 a.C. – 1046 a.C.) – primeira dinastia com evidências arqueológicas, marcada pelo desenvolvimento da escrita em ossos oraculares e pela habilidade no bronze.

 

Dinastia Zhou (c. 1046 a.C. – 256 a.C.) – dividida em Zhou Ocidental e Zhou Oriental. Durante este período surgiram o Confucionismo, o Taoísmo e o Legalismo. O conceito do "Mandato do Céu" foi estabelecido para justificar o poder imperial. Inclui a Era dos Reinos Combatentes (475 a.C. – 221 a.C.).

 

Dinastia Qin (221 a.C. – 206 a.C.) – unificou a China sob Qin Shi Huang, padronizou a escrita, a moeda e construiu a Grande Muralha. Apesar de curta, foi muito influente.

 

Dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.) – consolidou a burocracia imperial e o Confucionismo como ideologia oficial. Houve grande expansão territorial, avanços científicos e o início da Rota da Seda.



 Primeiros Textos da Filosofia Chinesa

 

Os textos mais antigos do pensamento chinês incluem o SHUJING, SHIJING, I CHING ou YIJING, LIJING e YUEJING. Abrange um período de cerca de 1.700 anos, desde Huangdi (c. 2500 a.C.) até os Reinos Combatentes (480 - 222 a.C.). Essas obras formaram a base das escolas filosóficas que surgiram no século VI a.C.

 

SHUJING – Livro dos Documentos

 

O SHUJING ou Livro dos Documentos, é uma das mais antigas obras da literatura chinesa e parte dos Cinco Clássicos Confucionistas. Ele reúne discursos e documentos das Dinastias Xia, Shang e Zhou, com foco na governança justa e na moralidade política. O texto destaca a relação entre governantes e o Céu (Tian), uma força cósmica que legitimava o poder real. A ideia central é que os líderes devem governar com virtude e justiça para preservar a harmonia social e o Mandato do Céu a influenciar profundamente o pensamento confucionista e a ética política chinesa.


SHIJING -  Livro das Odes ou Clássico da Poesia

 

O SHIJING, conhecido como Livro das Odes ou Clássico da Poesia, foi composto entre os séculos XI e VII a.C.. Contém 305 poemas que retratam a vida cotidiana, a moralidade, a política e a religião. É dividido em três seções: FENG (Odes dos Estados), YA (Odes Elegantes) e SONG (Odes de Sacrifício). O SHIJING influenciou profundamente a cultura e o pensamento filosófico chinês. Era valorizado por Confúcio por seu papel no aprimoramento de virtudes e na educação, ao utilizar a poesia para ensinar lições morais e reflexão sobre a sociedade para moldar o pensamento confucionista em ética e moral.

 

I CHING, ou YIJING – Livro das Mutações

 

O I CHING ou YIJING (Livro das Mutações) surgiu no final da Dinastia Yin e início da Zhou (c. 1143 a.C.) como um manual de adivinhação. Entre 500 e 200 a.C., evoluiu para um texto cosmológico complementado pelos comentários das Dez Asas, até tornar-se um dos Cinco Clássicos Chineses no século II a.C. A adivinhação pelo I CHING envolve a geração de hexagramas por talos de mil-folhas que guiam decisões e interpretam mudanças cósmicas. Influenciado por confucionismo, taoísmo e budismo, o I CHING manifesta a interação do Yin-Yang e dos cinco elementos, ao explorar a força criativa "YI".

 

LIJING – Livro dos Ritos 

 

O LIJING, ou Livro dos Ritos, é uma compilação de textos sobre rituais e normas sociais da China Antiga, parte dos Cinco Clássicos Confucionistas. Descreve rituais religiosos, etiqueta e organização social da Dinastia Zhou e destaca o conceito de "LI" (ritual) como base ética para manter harmonia na família, sociedade e governo.

 

YUEJING – Livro da Música

 

O YUEJING, ou Livro da Música, é uma obra que foi atribuída à tradição dos Clássicos Chineses, mas foi perdida como texto independente. Tratava da importância da música na sociedade e na harmonia do universo. Embora não seja tão bem preservado quanto os outros textos clássicos, o YUEJING teve uma grande influência no pensamento confucionista sobre a música, que era vista como uma ferramenta essencial para educar as emoções e promover a ordem social. Confúcio acreditava que a música e os ritos (LI) deveriam andar juntos, sendo ambos cruciais para a formação moral e o cultivo pessoal.



YIJING ou o Clássico das Mudanças

 

O YIJING, conhecido em português como o Clássico das Mudanças, é um dos textos mais antigos e influentes da filosofia chinesa, com origens que remontam a mais de 3.000 anos. É um dos cinco clássicos da literatura confuciana e é considerado um dos pilares da cultura chinesa. Influencia não apenas o pensamento filosófico, mas também a política, a literatura e a arte.


ITSZIN – Livro das Transmutações

 

O ITSZIN ou Livro das Transmutações, menciona os oito "primeiros fundamentos" que interagem para criar diversas realidades. Era, inicialmente, um texto de previsões, mas passou a receber interpretação filosófica e influenciou significativamente o desenvolvimento da filosofia chinesa por meio de suas imagens e simbolismo.

 

Entre os séculos VIII e V a.C. n. e., a doutrina das cinco “forças cegas” ou primeiros elementos da natureza alcançou ampla difusão. Os pensadores da China Antiga ensinavam que as conexões dos cinco “primeiros fundamentos”, água, fogo, metal, madeira e terra criam toda a diversidade de fenômenos e coisas.

 

Cada um desses textos desempenhou um papel significativo na formação do pensamento chinês antigo. O YIJING lida com o fluxo e as transformações do universo. O LIJING trata dos rituais e das normas sociais que sustentam a harmonia entre os indivíduos e a sociedade. O YUEJING enfatiza a importância da música como elemento central na manutenção da harmonia emocional e social. Juntos, esses livros ajudaram a moldar a filosofia confucionista e a ética chinesa em várias áreas, da política à moralidade pessoal.

 

Cem Escolas de Pensamento

 

A Filosofia Chinesa Antiga desenvolveu-se durante a era das Cem Escolas de Pensamento, nos Períodos da Primavera e Outono e dos Estados Combatentes (c. 772-221 a.C.). Escolas como o Confucionismo, Taoísmo e Legalismo floresceram e moldaram profundamente o pensamento chinês, especialmente com os “três ensinamentos” (SANJIAO). A Escola Yin-yang interpretava os fenômenos naturais com base em forças da natureza, influenciando a cosmologia, a astrologia e as artes mágicas. Zou Yan, seu principal pensador, conectou mudanças históricas às cinco fases elementares da natureza (Wu Xing).



 Durante o Período dos Estados Combatentes, Confucionismo, Taoísmo e Legalismo ganharam destaque, mas o estado de Qin venceu e Qin Shi Huangdi fundou a Dinastia Qin (221-206 a.C.) e adotou o Legalismo como filosofia estatal. Ele ordenou a queima de livros de outras escolas, mas algumas obras sobreviveram.


A Dinastia Han (202 a.C. - 220 d.C.) reviveu o interesse filosófico e adotou o Confucionismo como filosofia oficial pelo imperador Han Wu Ti que manteve o Taoísmo e o Legalismo como influências importantes. Apesar das influências ocidentais posteriores, essas filosofias que eram centrais ao pensamento chinês, persistiram e moldaram a ética, a política e a cultura na China.

 

Períodos de Desenvolvimento da Filosofia Chinesa

 

Até o Período Moderno, não houve um esforço sistemático para registrar a história da filosofia chinesa. Zhuangzi e Sima Tan (165?-110 a.C.) classificaram seis escolas de pensamento: YIN-YANG, Confucionismo, Moísmo, Escola dos Nomes, Legalismo e Taoísmo. No século XX, Hu Shi e Feng Youlan publicaram trabalhos importantes sobre o tema, seguidos por Lao Siguang e Bo Mou.

 

No Período Clássico (século VI-III a.C.), surgiram conceitos como Dao (Caminho), De (virtude), Ren (humanidade) e Yin-Yang. Confúcio viu o Dao como o Caminho dos reis-sábios e, ao fundar o Taoismo, Laozi o associou à natureza. Nos séculos III-IX d.C., questões metafísicas sobre a Realidade Última marcaram o pensamento chinês, especialmente no Neodaoísmo e Budismo.

 

O “Grande Comentário (Da Zhuan)” ao Clássico das Mudanças (YIJING)

 

A filosofia chinesa começou com o YIJING (Clássico das Mudanças), um antigo manual de adivinhação da Dinastia Zhou Ocidental (c. 1046-771 a.C.) e sete comentários chamados SHIYI (As Dez Asas), tradicionalmente atribuídos a Confúcio, sem evidências firmes. O Da Zhuan ou Xici  (Grande Comentário) é fundamental para o estudo filosófico, pois apresenta a mais antiga ontologia chinesa. Em 1997, Edward Shaughnessy traduziu o Clássico das Mudanças e sugeriu sua edição entre 320-168 a.C., revelando uma visão do mundo em constante transformação e o papel humano na realidade.

 

A ontologia é uma área da filosofia que estuda a natureza do ser, da existência e da realidade. Ela investiga o que existe, as categorias fundamentais do mundo e a relação entre diferentes entidades. Também analisa a estrutura e as propriedades dos seres e influencia áreas como metafísica, epistemologia e ciência na compreensão da realidade.



Entre os séculos VIII e V a.C. n. e., a doutrina das cinco “forças cegas” ou primeiros elementos da natureza alcançou ampla difusão. Os pensadores da China Antiga ensinavam que as conexões dos cinco “primeiros fundamentos”, água, fogo, metal, madeira e terra criam toda a diversidade de fenômenos e coisas.


Princípios

 

Entre os séculos V e III a.C., a filosofia chinesa floresceu com várias escolas. O Taoísmo, representado por Lao Tzu e Chuang Tzu, abordou questões filosóficas, enquanto Mozi se dedicou à epistemologia. O Confucionismo e o Legalismo influenciaram a ética e a política e caracterizaram uma era de ouro do pensamento chinês. A epistemologia é a área da filosofia que estuda o conhecimento. Ela investiga a natureza, a origem, os limites e a validade do conhecimento humano. As principais questões da epistemologia incluem: O que é conhecimento? Como sabemos que algo é verdadeiro? Quais são as fontes de conhecimento? Quais são os critérios para diferenciar crenças verdadeiras de falsas?

 

 Escolas Filosóficas

 

Yin e Yan

 

O símbolo Yin e Yang, do Taoísmo, representa forças opostas em constante transformação e interdependência, em refletir a relatividade dos conceitos. O Taoísmo enfatiza a análise cuidadosa para encontrar o "caminho" certo em cada situação. Influencia áreas como alquimia, medicina tradicional, artes marciais, Feng Shui e Qi-Gong.

 

O Feng Shui é uma prática chinesa que harmoniza a energia (QI) de ambientes, promovendo bem-estar e equilíbrio. Isso é feito pela disposição de móveis, objetos e cores para facilitar a circulação de energia positiva e evitar bloqueios. O Baguá é utilizado para relacionar áreas de um espaço a aspectos da vida para equilibrar forças YIN e YANG e melhorar a qualidade de vida no design de interiores.


O Baguá, ou Bagua, é um conceito originado da filosofia chinesa, especialmente no contexto do Taoísmo e das práticas de Feng Shui. O Baguá é uma ferramenta que representa a interação dos princípios do Yin e Yang e dos cinco elementos (madeira, fogo, terra, metal e água). O termo "Feng Shui" significa literalmente "vento e água", e essa prática é baseada na crença de que a disposição dos ambientes e a organização dos objetos influenciam a vida das pessoas de várias maneiras.


 O Qi-Gong é uma prática milenar que combina movimentos, técnicas de respiração e meditação para cultivar o QI (energia vital) no corpo. Com o significado de "cultivo da energia", busca melhorar a saúde física, mental e emocional por meio de posturas suaves e respiração controlada para atingir o relaxamento e o equilíbrio energético.



Escola dos Nomes

 

A Escola dos Nomes foi uma escola de pensamento chinesa da era das Cem Escolas do Pensamento (séculos VI-III a.C.), que floresceu durante o Período das Primaveras e Outonos e o Período dos Estados Combatentes. Também chamada de Escola dos Lógicos ou Disputantes, essa corrente filosófica focava no estudo da linguagem, lógica e na relação entre os nomes (míng) e as realidades às quais eles se referem. Importância e Influência:

 

Linguagem e Pensamento – trouxe à tona questões profundas sobre o papel da linguagem na formação do pensamento e na maneira como percebemos o mundo. Eles destacaram que a linguagem pode ser uma ferramenta enganosa e que precisamos ser cuidadosos ao fazer declarações e categorizar o mundo.

 

Desafios à Filosofia Tradicional – ao questionar a relação entre nomes e realidade, a Escola dos Nomes desafiou as visões mais tradicionais das outras escolas filosóficas chinesas, como o Confucionismo e o Taoísmo, que viam o uso correto da linguagem como uma parte essencial da ordem moral e social.

 

Relativismo e Pluralismo – a abordagem relativista e pluralista da Escola dos Nomes oferecia uma visão alternativa àquelas que buscavam verdades fixas e universais, destacando a importância de considerar múltiplas perspectivas e o contexto ao discutir conceitos e valores.

 

Final do Período da Primavera e Outono da China – 300 anos de prosperidade e estabilidade que permitiu o florescer das Cem Escolas de Pensamento, nas quais diversas ideias eram livremente discutidas.


Estados Combatentes – surgiu uma nova classe de pensadores e eruditos, a maioria deles trabalhando em cortes de famílias nobres. Esses eruditos eram escolhidos por mérito em vez de conexões familiares. Essa nova classe meritocrática de pensadores era um desafio para os governantes hereditários que acreditavam em um Mandato do Céu, resultando numa série de conflitos, já que vários deles disputavam o controle sobre a China.



Confucionismo – Se um líder desejar o bem, o povo será bom

 

A filosofia chinesa está profundamente ligada a Confúcio (Kongzi, 551-479 a.C.), cujos ensinamentos estão reunidos em os Analectos (Lunyu), uma obra com 20 livros de conversas filosóficas. Ronnie Littlejohn divide os Analectos em quatro grupos principais, sendo os Ru, da Dinastia Zhou, os mais proeminentes, leais ao "Caminho do Céu".

 

O Confucionismo, que se consolidou na Dinastia Han, ressurgiu nos anos 1980 com conceitos centrais como REN (benevolência), JUNZI (homem superior), YI (justiça), XIAO (filialidade) e LI (ritos). A moral confucionista foca nas virtudes tradicionais de lealdade, dever e respeito, com o JUNZI como exemplo de virtude. Ele acreditava que, apesar da imperfeição humana, o exemplo virtuoso pode transformar a sociedade e criar uma ordem justa por meio de um governo benevolente.

 

A reciprocidade é um princípio central no Confucionismo e sugere que um tratamento generoso gera respostas similares. Um governante justo influencia positivamente seus súditos, e a liderança deve ser exemplificada pelo JUNZI, que manifesta virtude, fé e sinceridade. Entre os séculos VII e III a.C., o Confucionismo impactou significativamente a China, a Coreia, o Vietnã e o Japão, com ênfase na harmonia cósmica e no culto aos ancestrais, e permaneceu como religião oficial da China até 1912

 

Neoconfucionismo

 

O Neoconfucionismo combinou elementos do Confucionismo, Taoísmo e Budismo, centrando-se nos conceitos de LI (princípio) e QI (força vital). LI representa o princípio universal que define a natureza das coisas e é sempre positivo, contrastando com o vazio budista e o não-ser taoísta. QI individualiza cada pessoa e obscurece sua bondade inata. Zhu Xi, um pensador neoconfucionista proeminente, destacou que LI é a essência comum a todos. O Neoconfucionismo busca entender as leis da natureza humana e do universo para guiar a conduta ética. No século XX, a ocidentalização e o marxismo influenciaram a filosofia chinesa e possibilitaram novas abordagens.

 

Taoismo

 

A Filosofia do Dao, iniciada por Laozi e expandida por Zhuangzi, reconhece o Dao como uma essência imaterial anterior à criação do universo. O Dao é um movimento contínuo que simboliza a vida, percebido intuitivamente. O conceito de Wuwei (não-ação) sugere agir sem esforço consciente, em harmonia com o Dao. Zhuangzi descreve o Dao como o "Não-lugar", um estado onde o conhecimento é inalcançável.

 

O Taoísmo busca um retorno à comunhão total com o "nada" (XU) e o "grande começo" (Taichu). O Dao possui dois aspectos: o Dao sem nome, uma realidade oculta, e o Dao nomeado, a "mãe" de todas as coisas, operando através das forças Yin e Yang, que harmonizam o QI (energia vital). O sábio taoísta pratica o "jejum da mente" para permitir o florescimento do QI.

 

Durante a desintegração do Estado chinês, o Budismo ganhou destaque, mas a Dinastia Tang reafirmou o Confucionismo como doutrina oficial. O Neoconfucionismo, surgido na Dinastia Song, integrou Confucionismo, Taoísmo e Budismo Chan, enfatizando princípios éticos.

 

O Taoísmo se divide em duas vertentes: o Dàojia (filosófico) e o Dàojiào (religioso). Laozi defendeu uma vida em harmonia com a natureza, rejeitando ganância e regimes monárquicos, promovendo uma ordem natural e espontânea.



 Legismo – a Manutenção do Estado de Direito

 

O Legismo é a filosofia política totalitária pragmática de Han Fei, cuja máxima era "Quando os tempos mudam, os caminhos mudam" e seu princípio fundamental era a jurisprudência. Neste contexto, “legismo” significa “filosofia política que mantém o Estado de direito”, distinguindo-se assim do sentido ocidental da palavra. O Legismo foi a filosofia escolhida pela Dinastia Qin. Seu governo é baseado na seguinte trindade:

 

FA – Lei ou princípio.

SHU – Método, tática ou arte.

SHI – Legitimidade, energia ou carisma.

 

Escola Legalista e Homens do Método

 

A Escola Legalista, conhecida como Homens do Método, buscava a forma mais eficaz de governar. Defendia o centralismo político e a imparcialidade nos cargos públicos. Hanfeizi, seu principal teórico, argumentava que a bondade natural do ser humano era uma ilusão, e que a educação não poderia melhorá-la. Para os legalistas, um governo forte necessitava da autoridade do soberano e de leis escritas que controlassem a conduta individual. Em 213 a.C., essas leis deviam ser claras, com o soberano garantindo sua execução com recompensas e punições. Essa doutrina totalitária ignorava valores culturais e espirituais, levava à censura de pensamentos e à destruição de obras literárias. O Legalismo entrou em conflito com o Taoísmo e com o Confucionismo, que valorizavam a liberdade individual e a educação.


Mozi e o Moísmo


A Escola Moísta foi uma corrente filosófica da China pré-Qin, liderada por Mozi (c. 470 - 391 a.C.), cuja principal fonte é a antologia Mozi, que destaca as Dez Doutrinas Essenciais. Mozi foi um dos primeiros defensores do consequencialismo, ao promover o bem-estar do povo e rejeitar a agressão militar em favor de uma liderança meritocrática. Mozi introduziu a ideia de JIAN AI (amor universal), que propunha carinho igual para todos. Ele argumentava que a moralidade deve ser guiada por princípios utilitaristas, em vez de tradições inconsistentes.

 

A escola criticou teorias confucionistas e instituições tradicionais, promoveu uma vida simples e prática, enfatizada pela sinceridade, igualdade e bem comum. Mozi organizou sua escola de forma militar, priorizando lealdade e obediência. Ele defendia um governo centralizado para combater a desordem. Profundamente religioso, ele acreditava na inteligência dos espíritos e na vontade do Céu, criticava o racionalismo confucionista e promovia ações que beneficiassem a nação para sustentar a legitimidade da monarquia.

 

Budismo Chinês

 

O Budismo é uma filosofia, religião e psicologia prática baseada nos ensinamentos de Gautama Buda, que viveu na Índia no século IV ou III a.C. "Buda" significa "o desperto", e refere-se à iluminação. Sem reconhecer um criador, o Budismo busca erradicar o sofrimento causado pelo desejo e apego, frutos da ignorância sobre a natureza da existência. O despertar é alcançado por meditação, ética e estudo. Com 380 a 700 milhões de seguidores, é a quarta maior religião, dividida em correntes como Theravada, Mahāyāna e Vajrayāna.

 

Introduzido na China na Dinastia Han, o Budismo predominou na forma Mahayana que visava a elevação espiritual pela prática do Dharma. Entre os séculos VII e IX, expandiu-se, mas sofreu perseguições durante a Dinastia Tang, em 845, quando conventos foram destruídos. Apesar disso, o Budismo sobreviveu, assimilando-se ao Taoísmo e ao Confucionismo. Sua aceitação na China foi facilitada pela compatibilidade com o Taoísmo e pela introdução de conceitos como Karma, iluminação e vazio, influenciando profundamente o pensamento chinês.

 

Ética e moral


No campo da ética, a filosofia chinesa teve como centro a essência humana. As ideias de Confúcio inspiraram Mêncio, que defendia a bondade inata do ser humano, e Siun-tse, que acreditava em sua maldade inata. Teorias de individualismo, como a de Yan Chu, e de altruísmo, como a de Mo-tse, também tiveram destaque.


Entre o século III a.C. e o III d.C., teorias da filosofia natural e cosmologia continuaram baseadas na doutrina dos cinco elementos e nas forças polares Yin e Yang. Van Chun ofereceu uma interpretação materialista dessas concepções, enquanto surgiam teorias místicas e correntes religiosas no Taoísmo e no Confucionismo.

 

Materialismo e Idealismo

 

Nos primeiros séculos da era cristã, o debate central entre materialismo e idealismo girava em torno da relação entre "ser" e "não ser". Nesse período, o Taoísmo e o Confucionismo influenciaram as concepções sobre o YUAN (inicial), TSI (matéria primeira) e o TAO.


No século I, o Budismo se espalhou na China, e se tornou uma das principais correntes de pensamento, ao lado do Confucionismo e do Taoísmo. Nos séculos V e VI, o misticismo budista gerou debates sobre a irrealidade do mundo, enquanto materialistas como Je Chen-tian criticavam a crença na imortalidade da alma. O Neoconfucionismo, desenvolvido por Chu Si, sustentava que o LI (princípio) é primário e o TSI (matéria) é secundário e enfrenta a oposição de materialistas como Chen Lian e Lo Tsin-shun.

 

Penetração Estrangeira

 

A Guerra do Ópio de 1840 marcou o início da penetração estrangeira na China, levando à revolta camponesa conhecida como o movimento Tai-ping, que promoveu ideias utópicas de reestruturação social. Quando a China se tornou semicolonial, pensadores como Tan Si-tun e Sun Yat-sen continuaram as tradições materialistas da filosofia chinesa. Inspirado pela Revolução Russa, o movimento de 4 de maio de 1919 iniciou uma nova fase no desenvolvimento do pensamento político e filosófico chinês. O marxismo-leninismo tornou-se a principal arma ideológica na luta pela independência nacional, com a classe trabalhadora liderada pelo Partido Comunista como força central.

 

Escola de Conversas Menores

 

A Escola de Conversas Menores (também conhecida como Fictionistas) desenvolveu-se a partir da prática da política de enviar funcionários do governo às ruas para ouvir e relatar o que as pessoas estavam dizendo. Eventualmente Isso formou a base da filosofia dos pensamentos das pessoas comuns. Essa filosofia nunca ganhou muitos seguidores e pouco se sabe sobre quem a fundou ou como ela foi observada. Seus adeptos eram chamados de "Fictionistas", presumivelmente, porque não havia como verificar se o que eles relataram como tendo sido ouvido era o que eles realmente ouviram.

 

Escola de Diplomacia

 

A Escola de Diplomacia, como o nome sugere, focava no treinamento em política diplomática como um meio de melhorar o caráter do indivíduo e melhorar o Estado. Por meio do treinamento em diplomacia, aprendia-se a tratar os outros com cortesia e, ao mesmo tempo, convencê-los de sua posição ou política superior. Essa escola foi eventualmente absorvida pelo Confucionismo.

 

Agricultura – Filosofia Igualitária

 

A agricultura, cujo principal defensor era o filósofo Xu Xing (c. 372-c. 289 a.C.), era uma filosofia igualitária que sustentava que as classes sociais levavam naturalmente à opressão e que todos, do camponês ao rei, deveriam trabalhar a terra igualmente e se beneficiar de seu trabalho. Ao fazer isso, todos reconheceriam sua conexão uns com os outros e ajudariam uns aos outros como desejassem ser ajudados. A filosofia de Xu Xing contradizia os princípios básicos do Confucionismo, que enfatizavam a importância da estrutura social e foi desacreditada por Mêncio.

 

Sincretismo – a Tentativa de Coesão das Escolas Principais

 

O Sincretismo tentou combinar os conceitos de Confucionismo, Taoísmo, Legalismo e Moísmo em um sistema filosófico coeso. O maior proponente desta escola foi o estudioso confucionista Dong Zhongshu (l. 179-104 a.C.) que essencialmente pegou o que se adequava à visão confucionista dos outros três sistemas. O Confucionismo de Dong Zhongshu acabaria por formar a base para o Neoconfucionismo, que, na era moderna, ainda é observado na China e em todo o mundo.


China Contemporânea

 

Na China contemporânea, o marxismo tornou-se a filosofia oficial a partir dos anos 1920, solidificando-se com a fundação da República Popular em 1949. Evoluiu do Leninismo para o Maoísmo enquanto criticava a filosofia tradicional chinesa por meio de uma perspectiva materialista, centrada na luta entre materialismo e idealismo. Desde 1957, debates intensos abordam questões como o bem e o mal e a relação entre Ser e Não-Ser. O conceito de Dao varia nas escolas filosóficas. Para Confúcio, é o Caminho dos reis-sábios, enquanto Laozi o vê como o Caminho da natureza. A filosofia chinesa enfatiza o humanismo e busca uma unidade entre o homem e a ordem natural ao longo da história֎


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