Egito Antigo - Períodos históricos
- campusaraujo
- 1 de jun.
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A história do Egito teve início há cerca de 8000 a.C. Artefatos descobertos apontam para uma próspera civilização agrícola. Como a terra era em sua maioria árida, os caçadores-coletores nômades buscaram o frescor das águas do Vale do Nilo e se estabeleceram em algum momento antes de 6000 a.C., começando a agricultura organizada na região.
É importante notar que não há consenso nas datações históricas aqui apresentadas, o que não significa que determinadas fontes estejam corretas e outras incorretas. Historiadores, pesquisadores e arqueólogos têm diferentes métodos e fontes históricas para a construção da historiografia, um grande quebra-cabeça onde, por vezes, faltam algumas peças.
A Cultura de Badari (5000 a.C. a 4000 a.C.), foi uma civilização primitiva que habitou o Alto Egito e o deserto do Saara Oriental durante o Período Neolítico ou Era Pré-dinástica do Egito, cujo nome tem origem em El-Badari, local onde foram descobertos seus vestígios, abrangendo uma área de 30 km a oeste do Nilo. Foram encontradas evidências de que essa civilização já praticava a agricultura e que conseguiu implementar diversos avanços, contribuindo significativamente na diversidade de características avançadas da civilização egípcia posterior.
História escrita do Antigo Egito
A história do Egito Antigo na fase escrita ocorreu entre 3300 a.C. e 332 a.C. São, portanto, 2700 anos de história, considerada pela historiografia como a mais longa experiência humana documentada de continuidade política, cultural e militar. O Egito Antigo foi o primeiro reino unificado da história, com língua falada que permaneceu estável por 4500 anos. No período de 3000 a.C. a 500 d.C. seus padrões de cultura, língua escrita, concepções de realeza, religião e arte estiveram praticamente inalterados.
Por volta de 3500 a.C., a mumificação já era praticada na cidade de Hierakonpolis e grandes tumbas de pedra já estavam sendo construídas em Abidos. Xois já é mencionada como uma cidade antiga entre 3100 a.C. e 2181 a.C. na conhecida Pedra de Palermo, designação atribuída a um fragmento de uma pedra de basalto na qual se gravaram, em ambos os lados, uma lista de reis egípcios desde a época pré-dinástica até Neferircaré ou Neferquerés, terceiro faraó da V dinastia egípcia. O nome é devido ao fato de o fragmento se encontrar no Museu Arqueológico de Palermo, na Sicília, desde 1877.
A importância do faraó no Antigo Egito
No Egito Antigo, o faraó era mais que um governante: era considerado um deus vivo, mediador entre os deuses e os homens. Detinha poder absoluto sobre a vida política, militar e religiosa do país. Era responsável por manter a ordem cósmica (ma’at), garantindo colheitas, vitórias e a harmonia do universo. Sua autoridade era legitimada por rituais e monumentos, como templos e pirâmides, que reforçavam sua divindade e eternidade. O faraó também liderava cerimônias religiosas e era o principal patrono das artes e da arquitetura. Sua figura simbolizava a unidade do Egito e a continuidade da civilização egípcia. |
Era Pré-Dinástica
A chegada de diversos povos nessa região permitiu a formação de pequenas comunidades chamadas de nomos. Cada nomo era autônomo em suas decisões. Com o passar do tempo, tornou-se necessário unificar esses fragmentos de territórios. Formou-se, com isso, o Baixo Egito (norte) e o Alto Egito (sul), por volta de 3500 a.C. A parte sul do Egito Antigo estava próxima a montanhas e possuía maior altitude em relação à outra região, por isso o nome Alto Egito; já na porção norte, a altitude era menor, com a proximidade do mar Mediterrâneo, daí o termo Baixo Egito.
Era Dinástica
Depois de certa estabilidade política, começaram a explodir revoltas que enfraqueceram a autoridade do rei e alteraram o equilíbrio político e social dos egípcios. Nos 600 anos seguintes, os reis dedicaram-se à reorganização do país chegando até a conquistar novos territórios, como a Palestina. Porém, a civilização foi atacada pelos hicsos, povos nômades asiáticos, e ficou subjugada por aproximadamente 170 anos.
Os egípcios se organizaram militarmente, se livraram do poder hicso e formaram uma sociedade mais organizada. Entretanto, a luta entre grupos das classes sociais mais altas resultou em um enfraquecimento geral da política. Esses altos e baixos levaram à decadência e à invasão por hebreus, assírios, persas, entre outros povos orientais.
Primeira Dinastia (c. 2925 a.C. a c. 2775 a.C.)
O início do período histórico é caracterizado pela introdução de registros escritos na forma de nomes e de anos de reinado, mais tarde coletados em documentos como a Pedra de Palermo. Foram estabelecidas as bases do Estado e da sociedade. Desenvolveu-se a escrita hieroglífica, o sepultamento em sepulcros de pedra e as pirâmides. O rei, considerado um deus, detinha os poderes político e religioso de todo o território, cuja capital era Mênfis.
Houve a unificação dos reinos do norte e do sul sob o rei Menes (também chamado de Meni ou Manes) do Alto Egito, que conquistou o Baixo Egito (c. 3118 a.C. ou c. 3150 a.C.). Essa versão da história antiga vem da Aegyptica (História do Egito) do antigo historiador Manetho (século III a.C.). Embora historiadores posteriores tenham contestado essa cronologia, ela continua a ser consultada a respeito da sucessão dinástica e da história inicial do Egito Antigo.
A obra de Manetho é a única fonte que cita Menes, acredita-se que o homem a quem Manetho se referiu como "Menes" foi Narmer, que unificou pacificamente o Alto e o Baixo Egito sob o mesmo governo. No entanto, essa identificação não é universalmente aceita. Menes tem sido associado, com igual credibilidade, ao seu sucessor, o rei Hor-Aha (c. 3100 a.C. a 3050 a.C.).
Uma possível explicação para a associação de Menes com o seu antecessor e sucessor é que Menes ("aquele que sobrevive") é um título honorífico que poderia ter sido usado para se referir a mais de um rei. A afirmação de que o país foi unificado por meio de uma campanha militar também é questionada, já que a famosa Paleta de Narmer, que representa uma vitória militar, é considerada pura propaganda por alguns especialistas. Uma unificação pacífica é possível, mas improvável.
Narmer governou da cidade de Hierakonpolis e mais tarde de Mênfis e Abidos. O comércio aumentou significativamente sob os governantes do Antigo Império. Precursoras das pirâmides, mastabas começaram a aparecer nas práticas funerárias que incluíam técnicas de mumificação cada vez mais elaboradas.
A magnitude das pirâmides do planalto de Gizé é uma prova do poder e da riqueza dos governantes daquela época.
Ainda não existe consenso sobre nenhuma das teorias da construção desses monumentos e tumbas. Alguns pesquisadores dizem que eles não poderiam ser construídos com a tecnologia da época, enquanto outros afirmam que a existência de tais edifícios e tumbas sugere uma tecnologia superior que se perdeu com o tempo.
A maioria dos especialistas rejeita a afirmação de que esses monumentos foram construídos por escravos. Essas construções foram consideradas obras públicas criadas pelo Estado. Trabalhadores com ou sem experiência eram contratados e todos recebiam salários. Os trabalhadores da unidade de Gizé recebiam uma ração de cerveja três vezes ao dia, alojamento, ferramentas e cuidados com a saúde.
A jornada imortal para o além
Para os egípcios antigos, a morte do faraó não era um fim, mas o início de sua jornada imortal para o além. Após a mumificação, o faraó passava por rituais sagrados, como o "Abertura da Boca", para restaurar seus sentidos na vida eterna. Sua alma enfrentava julgamentos, incluindo a pesagem do coração contra a pena de Ma’at. Se puro, unia-se aos deuses e renascia com o sol, navegando com Rá pela eternidade. Sua tumba, repleta de amuletos, textos sagrados e tesouros, era o portal para esse renascimento divino. Assim, o faraó tornava-se um ser eterno, guardião da ordem cósmica. |
Segunda Dinastia (c. 2775 a.C. a c. 2650 a.C.)
O nome Horus do primeiro rei, Hetepsekhemwy, significa “pacífico em relação aos dois poderes” e pode aludir à conclusão do conflito entre duas facções ou partes do país, aos deuses antagônicos Hórus e Seth, ou para ambos. Ele e seu sucessor, Reneb, mudaram seus cemitérios para Ṣaqqārah; já o túmulo do terceiro rei, Nynetjer, não foi encontrado.
Na segunda metade da dinastia houve conflito e linhas rivais de reis, alguns dos quais são preservados em vasos de pedra da Pirâmide de Degraus da Terceira Dinastia em Ṣaqqārah ou em listas de reis. Peribsen assumiu o título de Seth e não o de Hórus e provavelmente foi combatido por Hórus Khasekhem, cujo nome é conhecido apenas por Kawm al-Aḥmar com o epíteto programático “sandália eficaz contra o mal”.
O último governante da dinastia combinou os títulos de Hórus e Seth para formar o Hórus-e-Seth Khasekhemwy, “surgindo em relação aos dois poderes, os dois senhores estão em paz nele”. Era, provavelmente, Khasekhem, após a derrota de seus rivais, principalmente Peribsen. Tanto Peribsen quanto Khasekhemwy tinham tumbas em Abidos.
Terceira Dinastia (c. 2650 a.C. a c. 2575 a.C.)
Djoser (nome de Hórus Netjerykhet) foi um dos reis mais destacados do Egito. Sua pirâmide de degraus em Ṣaqqārah é o culminar de uma época e, ao mesmo tempo, o precursor de conquistas posteriores. Seu sucessor, Sekhemkhet, planejou um complexo de pirâmides de degraus ainda mais grandioso em Ṣaqqārah. O local de sepultamento de Huni, último rei da dinastia, é desconhecido. Muitas vezes foi sugerido que ele construiu a pirâmide de Maydūm, mas provavelmente foi obra de seu sucessor.
Quarta Dinastia (c. 2575 a.C. a c. 2465 a.C.)
Snefru, o primeiro rei, provavelmente construiu a pirâmide escalonada de Maydūm e depois a modificou para formar a primeira pirâmide verdadeira. A oeste de Maydūm ficava a pirâmide de pequenos degraus de Saylah, em Al-Fayyūm. Ele construiu duas pirâmides em Dahshūr. Seu filho e sucessor, Redjedef, iniciou uma pirâmide em Abū Ruwaysh. O provável último rei conhecido, Shepseskaf, construiu uma mastaba monumental no sul de Ṣaqqārah e foi o único governante do Reino Antigo a não construir uma pirâmide.
A Pedra de Palermo registra uma campanha para a Baixa Núbia no reinado de Snefru. Os egípcios fundaram um assentamento em Buhen, no extremo norte da Segunda Catarata, que durou duzentos anos. Nenhum vestígio arqueológico de uma população estabelecida na Baixa Núbia foi encontrado durante o Período do Império Antigo. Os reis da Quarta Dinastia identificaram-se, pelo menos desde a época de Redjedef, como Filho de Re (o deus do sol); a adoração do deus sol atingiu o auge na Quinta Dinastia.
Quinta Dinastia (c. 2465 a.C. a c. 2325 a.C.)
Khentkaues, pertencente à família real da Quarta Dinastia, era a mãe dos dois primeiros reis, Userkaf e Sahure. Neferircaré, o terceiro rei, também pode ter sido filho dela. Uma tradição diz que eles eram verdadeiros adoradores do deus sol e implica, talvez falsamente, que os reis da Quarta Dinastia não eram filhos de um sacerdote de Re.
Seis reis da Quinta Dinastia demonstraram sua devoção ao deus sol construindo templos pessoais para seu culto. Esses templos, provavelmente, tinham um significado mortuário para o rei, bem como uma homenagem ao deus. Dois deles até agora identificados estão situados de forma semelhante às pirâmides. Sete dos nove reis da dinastia tiveram suas pirâmides identificadas em Ṣaqqārah (Userkaf e Unas), Abū Ṣīr (Sahure, Neferirkare, Reneferef e Neuserre) e sul de Ṣaqqārah (Djedkare Izezi).
Os reis Menkauhor, Djedkare Izezi e Unas, não tinham nomes pessoais compostos por “-Re”, o nome do deus sol (Djedkare é um nome assumido na ascensão). Izezi e Unas não construíram templos solares. Houve, então, um ligeiro afastamento do culto solar que pode estar ligado à ascensão de Osíris, o deus dos mortos, atestado pela primeira vez no reinado de Neuserre.
Sexta Dinastia (c. 2325 a.C. a c. 2150 a.C.)
Um cemitério com grandes tumbas, incluindo as de vários vizires, foi construído ao redor da pirâmide de Teti (o primeiro rei), na porção norte de Ṣaqqārah. É o mais recente grupo de monumentos privados do Império Antigo na área de Menfita, juntamente com os túmulos próximos à pirâmide de Unas.
Três biografias de oficiais de Elefantina registram expedições comerciais ao sul nos reinados de Pepi I e Pepi II. A localização das regiões é debatida e pode ter sido tão distante quanto Butāna, ao sul da Quinta Catarata. Algumas das rotas comerciais passavam pelo Deserto Ocidental, onde os egípcios estabeleceram um posto administrativo em Balāṭ, no oásis de Al-Dākhilah, a alguma distância a oeste do oásis de Al-Khārijah.
Ao norte, o estado de Karmah estendia-se até a Segunda Catarata e, às vezes, além. A sua extensão meridional não foi determinada, mas locais de cultura material semelhante estão espalhados por vastas áreas do Sudão central. Especialmente durante o reinado de noventa e quatro anos de Pepi II, as tendências de estabelecimento de províncias do final da Quinta Dinastia tiveram continuidade na Sexta. Um número crescente de funcionários residia nas províncias e enfatizava as preocupações locais, incluindo a liderança religiosa.
Rituais de mumificação e sepultamento no Antigo Egito
A mumificação no Antigo Egito visava preservar o corpo para a vida após a morte. O processo durava cerca de setenta dias e começava com a remoção dos órgãos, que eram armazenados em vasos canópicos. O corpo era desidratado com natrão, depois ungido com óleos e envolto em linho. Amuletos eram colocados entre as camadas para proteção espiritual. Após os rituais, realizava-se o "Abertura da Boca", permitindo ao morto comer, falar e respirar no além. O corpo era então colocado em um sarcófago e sepultado com objetos pessoais, alimentos e textos funerários, como o Livro dos Mortos, para guiá-lo na eternidade. |
Sétima e Oitava Dinastias (c. 2150 a.C. a c. 2130 a.C.)
Pepi II foi seguido por vários governantes efêmeros, que por sua vez foram sucedidos pela curta Sétima Dinastia e pela Oitava da história de Manetho, quando Ibi, um de seus reis, construiu uma pequena pirâmide no sul de Taqqārah. Vários reis da Oitava Dinastia são conhecidos por inscrições encontradas no templo de Min em Qifṭ (Coptos) no sul. A instabilidade do trono é, contudo, um sinal de decadência política, e o governo centralizado pode ter sido aceito apenas porque não havia um estilo de governo alternativo à realeza.
Com o fim da Oitava Dinastia, o sistema de controle do Antigo Império entrou em colapso. Houve fome e violência. O país ficou empobrecido e descentralizado, cuja causa principal pode ter sido o fracasso político, o desastre ambiental ou, mais provavelmente, uma combinação dos dois. Uma sucessão relacionada de baixas inundações pode ter coincidido com a decadência da autoridade política central.
Primeiro Período Intermediário (2181 a.C. a 2040 a.C.)
O Império Médio é considerado a "era clássica" do Egito, quando a arte e a cultura atingiram o seu apogeu e Tebas se tornou a cidade mais importante e rica do país. O primeiro exército foi criado pelo rei Amenemhat I (c. 1991 a.C. a 1962 a.C.), a construção do templo de Karnak começou com Senruset I (c. 1971 a.C. a 1926 a.C.). Nesse período o poder do rei aumentou, foram criadas cidades, realizadas obras públicas e ampliadas as terras cultivadas.
Ao sul, os egípcios conquistaram a Núbia e realizaram campanhas vitoriosas ao leste, na Líbia e na Síria. O poder do rei foi reduzido por causa da descentralização do poder causada pelo aumento da complexidade do reino que exigiu maior controle local. A partir de 1800 a.C. povos estrangeiros, como os hicsos, conquistaram e dividiram o Egito em vários sub-reinos. A reunificação ocorreu somente após Ahmes I expulsar os hicsos do seu território.
Por todo o Egito, desenvolveram-se distritos em grande parte independentes com os seus próprios governadores, até que surgiram dois grandes centros: Hierakonpolis no Baixo Egito e Tebas no Alto Egito. Essas cidades fundaram suas próprias dinastias que governaram suas regiões de forma independente e lutaram intermitentemente entre si pelo controle supremo até cerca de 2040 a.C., quando o rei tebano Mentuhotep II (c. 2061 a.C. a 2010 a.C.) derrotou os exércitos de Hierakonpolis e unificou o Egito sob o governo de Tebas.
Nona Dinastia (c. 2130 a.C. a 2080 a.C.)
O trono passou para os reis de Heracleópolis, que fizeram dela a capital, embora Mênfis continuasse a ser importante. Eles eram reconhecidos em todo o país, mas as inscrições dos nomarcas (chefes dos nomos) no sul mostram que o governo dos reis era nominal. Ankhtify, o nomarca da região de al-Jabalayn, registrou sua anexação do nome Idfū e extensos ataques na área de Tebas.
Ele reconheceu o rei Neferkare, mas fez campanha com suas próprias tropas. Os principais temas das inscrições do período são o fornecimento de alimentos pelo nomarca ao seu povo em tempos de fome e o seu sucesso na promoção de obras de irrigação para conter a pobreza e o fracasso das colheitas.
Décima (c. 2080 a.C. a c. 1970 a.C.) e Décima Primeira Dinastia (2081 a.C. a 1938 a.C.)
O fundador da Décima ou Décima Primeira dinastia foi nomeado Khety, e a dinastia foi denominada Casa de Khety. Vários reis heracleopolitanos foram nomeados Khety; outro nome importante é Merikare. Houve conflitos intermitentes e a fronteira entre os dois reinos mudou em torno da região de Abidos.
Vários textos literários importantes pretendem descrever as convulsões do primeiro período Intermediário. A Instrução para Merikare, por exemplo, tem sido atribuída a um dos reis de Heracleópolis. Os primeiros egiptólogos chegaram a pressupor um florescimento literário heracleopolitano. Hoje, porém, existe uma tendência para datá-los do Império Médio, de modo que teriam sido escritos com retrospectiva suficiente para permitir uma crítica mais eficaz da ordem sagrada.
Armant, na margem oeste do Nilo, era o centro do nome tebano. A dinastia homenageou como seu ancestral o Pai de Deus Mentuhotep, provavelmente o pai de seu primeiro rei, Inyotef I (2081 a.C. a 65 a.C.), cujos sucessores foram Inyotef II (2065 a.C. a 2016) e Inyotef III (2016 a.C. a 2008 a.C.). O quarto rei, Mentuhotep II (2008 a.C. a 1957 a.C.), cujo nome do trono era Nebhepetre, gradualmente reuniu o Egito e expulsou os heracleopolitanos, mudando seu título em etapas para registrar suas conquistas.
Posteriormente, ele assumiu o nome de Hórus, Divino da Coroa Branca, reivindicando implicitamente todo o Alto Egito. No ano de seu reinado, foi alterado para Unificador das Duas Terras, um epíteto real tradicional que ele reviveu com um significado literal. Foi celebrado como o fundador do Império Médio. Seu notável complexo mortuário em Dayr al-Baḥrī, que parece não ter pirâmide, foi a inspiração arquitetônica para a estrutura posterior de Hatshepsut, construída ao lado.
Os hicsos, provavelmente da região da Síria/Palestina, apareceram pela primeira vez no Egito por volta de 1800 a.C. e estabeleceram-se na cidade de Avaris. Acumularam poder até assumirem o controle de uma parte significativa do Baixo Egito em aproximadamente 1720 a.C., deixando a Dinastia Tebana do Alto Egito quase um estado vassalo.
Ao mesmo tempo em que controlavam os portos do Baixo Egito, por volta de 1700 a.C. o reino de Kush ascendeu ao sul até Tebas, na Núbia, e dominou aquela fronteira. Os egípcios montaram várias campanhas para expulsar os hicsos e subjugar os núbios, mas todas falharam até que o príncipe de Tebas Ahmosis I (c. 1570 a.C. a 1544 a.C.) conseguiu unificar o país sob o domínio tebano.
Novo Reino (c. 1539 a.C. a 1075 a.C.)
Foi um período de alto militarismo, considerado o auge das conquistas, riquezas e poder, uma época de esplendor na qual se destacaram os faraós Tutmes I, Amenofis III, Aquenaton e Ramses II. Nessa época, os reis passaram a ser sepultados no Vale dos Reis, em túmulos secretos subterrâneos ricamente ornamentados. Em 1100 a.C., assírios, persas e gregos conquistaram o Egito até a tomada definitiva pelos romanos, em 31 a.C.
Décima Oitava Dinastia (c. 1539 a.C. a 1292 a.C.)
Ahmose (c. 1514 a.C. a 1493 a.C.) sucedeu Kamose, seu pai ou irmão. A tradição egípcia considerava-o o fundador de uma nova dinastia por ter sido o governante nativo que reunificou o Egito. Casou-se com sua irmã Ahmose-Nofretari. A rainha recebeu o título de Esposa de Amon de Deus. O título de faraó para o rei do Egito vem desse período; os monarcas anteriores eram chamados apenas de reis.
As campanhas de Ahmose para expulsar os hicsos do Delta do Nilo e recuperar o antigo território egípcio ao sul provavelmente começaram por volta do seu décimo ano de reinado. Ao destruir a fortaleza hicsa em Avaris, no Delta Oriental, ele os levou além da fronteira oriental e sitiou Sharuḥen (Tell el-Fārʿah) no sul da Palestina.
A burocracia inicial do Novo Império foi modelada na do Império Médio. O vizir era o administrador-chefe e juiz supremo do reino. Em meados do século 15 a.C., o cargo foi dividido em dois: um vizir para o Alto Egito e outro para o Baixo Egito. Alguns jovens burocratas foram educados em escolas templárias, reforçando a integração entre os setores civil e sacerdotal.
Amenofis I (c. 1514 a.C. a 1493 a.C.)
Amenofis I, filho e sucessor de Ahmose, empurrou a fronteira egípcia para o sul, até a Terceira Catarata, perto da capital do estado de Karmah, ao mesmo tempo que reunia tributos de suas possessões asiáticas e, talvez, campanha na Síria. Foi uma época de maior devoção ao deus estatal Amon-Re, cujo culto foi amplamente praticado, enquanto o Egito era enriquecido pelos despojos de guerra.
As riquezas foram entregues aos tesouros do deus e, como sinal de piedade filial, o rei mandou construir monumentos sagrados em Tebas. A forma piramidal da tumba real foi alterada para uma tumba escavada na rocha. Com exceção de Akhenaton, todos os governantes subsequentes do Novo Reino foram enterrados no Vale dos Reis. A localização da tumba de Amenofis I, porém, é desconhecida.
Tutmes I (1493 a.C. a 1482 a.C.)
Tutmes I (um dos generais de Amenofis I) casou-se com sua irmã, Ahmos. Ele destruiu o estado de Karmah e inscreveu uma rocha como marcador de fronteira, mais tarde confirmada por Tutmes III, perto de Kanisa-Kurgus, ao norte da Quinta Catarata. Também foi responsável por uma campanha brilhante na Síria e além do rio Eufrates, onde ergueu uma estela da vitória perto de Carquemis.
As conquistas egípcias no Médio Oriente e na África atingiram sua maior extensão, mas não teriam se mantido. Seu sucessor, Tutmes II (c. 1482 a.C. a 1479 a.C.), casado com sua irmã e rainha Hatshepsut, deu continuidade às políticas. Ele teve apenas uma filha com Hatshepsut, mas uma esposa menor lhe deu Tutmes.
Tutmes III e Hatshepsut (1479 a.C. a c. 1458 a.C.)
Durante os primeiros anos de reinado de Tutmes III, Hatshepsut governou como regente. Em algum momento entre o segundo e o sétimo ano de reinado, ela mesma assumiu a realeza, quando o oráculo de Amon a proclamou rei em Karnak. Um relato mais propagandístico, preservado em textos e relevos do templo mortuário em Dayr al-Baḥrī, ignora o reinado de Tutmes II e afirma que seu pai, Tutmes I, a proclamou sua sucessora.
Embora retratada em relevos como homem, as referências pronominais geralmente refletiam sua feminilidade. Em grande parte das estátuas, ela aparece em forma masculina, mas há exemplos que a mostram como mulher. Em documentos menos formais, era chamada de “Grande Esposa do Rei” (Tutmes III).
Tutmes III marchou com seu exército para Gaza e depois para Yehem, subjugando cidades palestinas rebeldes. Seus anais relatam como, em consulta sobre a melhor rota sobre a cordilheira do Monte Carmelo, o rei escolheu a mais curta, porém mais perigosa, por ʿArūnah. Ele liderou as tropas. Os egípcios atacaram ao amanhecer e prevaleceram, sitiando Megido. O cerco terminou com um tratado pelo qual os príncipes sírios fizeram um juramento de submissão ao rei.
Ciência e astronomia no Antigo Egito
A ciência e a astronomia no Antigo Egito estavam profundamente ligadas à religião e à vida cotidiana. Os egípcios observaram os astros para criar calendários agrícolas e religiosos, baseando-se especialmente no ciclo da estrela Sirius e no movimento do sol. Dividiram o ano em 365 dias, com 12 meses e três estações. Conheciam também movimentos planetários e usavam a astronomia na orientação de templos e pirâmides. Na medicina, aplicavam conhecimentos anatômicos adquiridos com a mumificação. Desenvolveram técnicas avançadas em engenharia, matemática e arquitetura, demonstrando um saber científico prático e sofisticado, essencial para a construção de monumentos e organização social. |
No final da primeira campanha, o domínio egípcio estendeu-se para o norte, até uma linha que ligava Biblos a Damasco. Os príncipes asiáticos entregaram suas armas, incluindo muitos cavalos e carruagens. Ele nomeou príncipes asiáticos para governar as cidades e levou seus irmãos e filhos para o Egito, onde foram educados na corte. A maioria voltou para casa para servir como vassalos leais. A fim de garantir a lealdade das cidades-estado asiáticas, o Egito manteve guarnições para reprimir a insurreição e supervisionar a entrega de tributos.
O objetivo final de Tutmes III era derrotar Mitanni. Ele usou a marinha para transportar tropas para cidades costeiras asiáticas, evitando árduas marchas terrestres. Através do Eufrates, eles devastaram a zona rural ao redor de Carquemis, mas a cidade não foi tomada e o príncipe mitaniano conseguiu fugir. Mesmo assim, a Babilônia, a Assíria e os hititas enviaram tributos em reconhecimento do domínio egípcio.
Embora nunca tenha subjugado Mitanni, ele colocou as conquistas do Egito em bases firmes por meio de campanhas constantes e iniciou um verdadeiro domínio egípcio imperial na Núbia. Grande parte das terras tornou-se propriedade do Egito e os traços culturais locais desapareceram dos registros arqueológicos. Cidades abertas desenvolveram-se em torno de centros administrativos e, em vários templos fora de seus muros, o culto ao rei divino foi estabelecido.
A Baixa Núbia forneceu ouro, pedras preciosas e semipreciosas. Mais ao sul vieram madeiras tropicais africanas, perfumes, óleo, marfim, peles de animais e plumas de avestruz. Quase não há vestígios de população local do final do Novo Império, quando diversos templos foram construídos na Núbia. Ao final da Vigésima Dinastia, a região quase não tinha população próspera estabelecida. Muitos templos foram construídos e grandes somas foram doadas à propriedade de Amon-Re. A capital foi transferida para Mênfis, mas Tebas continuou sendo o centro religioso.
Amenofis II (c. 1426 a.C. a 1400 a.C.)
Cerca de dois anos antes de sua morte, Tutmes III nomeou seu filho de dezoito anos, Amenofis II (c. 1426 a.C. a 1400 a.C.), como co-regente. Amenófis II iniciou uma campanha numa área da Síria perto de Cades, cujas cidades-estado estavam envolvidas na luta pelo poder entre o Egito e Mitanni. Ele matou sete príncipes e enviou seus corpos ao Egito para serem suspensos nas muralhas de Tebas e Napata.
Ele fez campanhas na Ásia nos anos sete e oito. Com a revolta da cidade costeira de Ugarit o controle egípcio sobre a Síria exigia bases ao longo do litoral para operações no interior e para o abastecimento do exército. Ugarit foi pacificada e a fidelidade das cidades sírias, incluindo Cades, foi reconfirmada.
Tutmes IV (1400 a.C. a 1390 a.C.)
Tutmes IV, filho de Amenofis II, procurou estabelecer relações pacíficas com Artatama, rei de Mitanni, que teve sucesso contra os hititas. Artatama deu sua filha em casamento, cujo pré-requisito foi provavelmente a cessão egípcia de algumas cidades-estado sírias à esfera de influência mitaniana.
Amenofis III (1390 a.C. a 1353 a.C.)
O filho de Tutmes IV, Amenofis III (1390 a.C. a 1353 a.C.), ascendeu ao trono por volta dos doze anos e logo se casou com Tiy, sua rainha. No início, os militares serviram como tutores reais. Como o pai de Tiy era comandante da carruagem, a linhagem real tornou-se ainda mais influenciada pelos militares. Em seu quinto ano, ele reivindicou uma vitória sobre os rebeldes Cuxe, a porção sul da Núbia. A campanha pode ter levado ao Butāna, a oeste do rio ʿAṭbarah, mais ao sul do que qualquer expedição militar egípcia anterior.
Prevaleceram relações pacíficas com a Ásia e o controle dos vassalos do Egito foi mantido com sucesso. Um escaravelho comemorativo do décimo ano do rei anunciou a chegada ao Egito da princesa mitaniana Gilukhepa, junto com trezentas e dezessete mulheres. Assim, outro casamento diplomático ajudou a manter relações amistosas entre o Egito e o seu antigo inimigo.
Em Karnak ele ergueu o enorme terceiro pilar e em Luxor dedicou um magnífico novo templo a Amon. O seu próprio templo mortuário, no oeste de Tebas, era incomparável em tamanho; pouco resta hoje, mas seus famosos Colossos de Memnon testemunham suas proporções. Ele também construiu um enorme porto e complexo palaciano nas proximidades.
Entre os funcionários de mais alto escalão em Tebas estavam homens de origem do Baixo Egito, que construíram grandes tumbas com decoração altamente refinada. Os primeiros monumentos importantes do Novo Reino preservados de Mênfis também são desse reinado.
Seus últimos anos foram passados com problemas de saúde. A julgar pela sua múmia e pelas representações menos formais dele em Amarna, vê-se que era obeso quando, aos trinta e oito anos de reinado, morreu e foi sucedido por seu filho Amenofis IV, o mais controverso de todos os reis do Egito.
Pirâmide do rei Djoser
A pirâmide do rei Djoser, construída por volta de 2667 a.C. em Saqqara, é considerada a primeira pirâmide do Egito e o primeiro grande monumento em pedra da humanidade. Projetada pelo arquiteto Imhotep, é uma pirâmide em degraus, formada por seis mastabas sobrepostas. Essa estrutura inovadora marcou a transição das tumbas de adobe para construções monumentais em pedra. A pirâmide fazia parte de um complexo funerário com templos, pátios e corredores cerimoniais. Refletia o poder divino do faraó. Símbolo de ascensão espiritual, ela expressava a crença egípcia na imortalidade do rei. Consolidou a base para futuras pirâmides mais sofisticadas. |
Amenofis IV, posterior Akhenaton (1353 a.C. a 1336 a.C.)
Amenofis IV (1353 a.C. a 1336 a.C.), em seu quinto ano de reinado, mudou seu nome para Akhenaton (“Um Útil para Aton” ou "o espírito vivo de Aton"). Desde o início ele deu ao deus sol um título didático nomeando Aton, o disco solar, declarando sua lealdade religiosa pelo uso sem precedentes de “sumo sacerdote do deus sol” como um de seus títulos. O termo Aton já estava em uso há muito tempo, mas sob Tutmes IV o Aton era referido como um deus, e sob Amenofis III essas referências tornaram-se mais frequentes.
Amenofis IV carregou outras tendências radicais que se desenvolveram recentemente na religião solar, nas quais o deus sol foi libertado do seu contexto mitológico tradicional e apresentado como o único provedor benéfico para o mundo. A própria divindade do rei era enfatizada: dizia-se que Aton era seu pai, de quem só ele tinha conhecimento, e ambos compartilhavam o status de rei e celebravam jubileus juntos.
Akhenaton construiu muitos templos para Aton, dos quais os mais importantes estavam no recinto do templo de Amon-Re em Karnak. Nessas estruturas ao ar livre foi desenvolvida uma forma de relevo e escultura redonda altamente estilizada. O Aton foi representado não em forma antropomórfica, mas como um disco solar do qual braços radiantes estendem o hieróglifo da “vida” até o nariz do rei e de sua família.
Durante a construção desses templos, o culto a Amon e outros deuses foi suspenso, e a adoração de Aton em um santuário ao ar livre substituiu a de Amon, que morava em um santuário escuro do templo de Karnak.
Ele transferiu a capital para um local virgem em Amarna (Tell el-Amarna; Al-ʿAmārinah) no Médio Egito, onde construiu Akhetaton (“o Horizonte de Aton”), uma cidade bem planejada, compreendendo templos de Aton, palácios, edifícios oficiais, vilas para altos escalões e extensos bairros residenciais.
Nos penhascos do deserto oriental que cercam a cidade, foram escavados túmulos para os cortesãos e, nas profundezas de um wadi isolado, foi preparado o sepulcro real. Os relevos e estelas dos túmulos retratam a vida da família real com um grau de intimidade sem precedentes.
Foi empreendida uma intensa perseguição aos deuses mais antigos, especialmente Amon, que teve seu nome extirpado de muitos monumentos mais antigos em todo o país. A revolução religiosa e cultural de Akhenaton foi altamente pessoal, na medida em que ele parece ter tido uma participação direta na elaboração dos preceitos da religião de Aton e das convenções da arte de Amarna.
Na religião, a ênfase estava no poder de sustentação da vida do sol, e cenas naturalistas adornavam as paredes e até mesmo os pisos dos edifícios de Amarna. O papel do rei na determinação da composição da corte é expresso em epítetos dados aos funcionários que ele selecionou nas camadas inferiores da sociedade, incluindo os militares. Poucos funcionários tinham qualquer ligação com a antiga elite governante, e alguns cortesãos que tinham sido aceitos no início do reinado foram expurgados.
Uma inovação vital foi a introdução de formas vernáculas na linguagem escrita que, nas décadas posteriores, levou ao aparecimento de formas verbais atuais em inscrições monumentais. A forma vernácula do Novo Reino, que agora é conhecido como Egípcio Tardio, aparece totalmente desenvolvida em cartas do final da décima nona e vigésima dinastias. No Médio Oriente, o domínio do Egito sobre as suas possessões estava deixando de ser seguro. Entre o reinado de Akhenaton e o final da Décima oitava Dinastia, o Egito perdeu o controle de grande parte da Síria.
Tutancamon (1336 a.C. a c. 1327 a.C.)
Filho de Akhenaton, Tutankhaten, uma criança de nove anos, casou-se com Ankhesenpaaton, a terceira filha de Akhenaton. Por volta do seu terceiro ano de reinado, ele transferiu a capital para Mênfis, abandonou o culto de Aton e alterou seu nome para Tutancamon, em homenagem ao deus ancestral Amon, e o da rainha para Ankhesenamen.
Numa inscrição que registra as ações de Tutancamon em relação aos deuses, o período de Amarna é descrito como uma época de miséria e de afastamento dos deuses do Egito. Essa mudança, feita em nome do jovem rei, foi provavelmente obra de altos funcionários. Os mais influentes foram Ay, conhecido pelo título de Pai de Deus, que atuou como vizir e regente, e o general Horemheb, que serviu como deputado real. O reinado e a vida de Tutancamon foram curtos devido à sua morte precoce.
Hoje, o que mais se conhece sobre ele é a grandiosidade intacta do seu túmulo, descoberto em 1922. Assim como Akhenaton adaptou e transformou o pensamento religioso de sua época, a reação ao culto de Amarna foi influenciada pela doutrina rejeitada. Na nova doutrina, todos os deuses eram, em essência, três: Amon, Re e Ptah e, em certo sentido, também eram um só. A evidência mais antiga dessa tríade aparece em uma trombeta de Tutancamon relacionada aos nomes desses deuses nas três principais divisões do exército. Essa concentração em um número reduzido de divindades essenciais possivelmente se relaciona com a piedade do período Raméssida que se seguiu.
Ay (1323 a.C. a 1319 a.C.) e Horemheb (1319 a.C. a c. 1292 a.C.)
O funeral de Tutancamon, por volta de 1323 a.C., foi conduzido por seu sucessor, o idoso Ay (1323 a.C. a 1319 a.C.), que por sua vez foi sucedido por Horemheb (1319 a.C. a c. 1292 a.C.), embora a duração de seu reinado seja incerta. Horemheb desmantelou muitos dos monumentos erguidos por Akhenaton e seus sucessores.
Em Luxor e Karnak, ele se apropriou dos relevos de Tutancamon. Horemheb nomeou funcionários e sacerdotes não de famílias tradicionais, mas oriundos do exército. Ele também emitiu regulamentos policiais sobre o mau comportamento de funcionários do palácio e reformou o sistema judicial, reorganizando os tribunais e escolhendo novos juízes.
O período Raméssida (Décima Nona e Vigésima Dinastias) (1292 a.C. a 1075 a.C.)
Horemheb foi o primeiro rei pós-Amarna a ser considerado legítimo na Décima Nona Dinastia. Os reinados dos faraós de Amarna acabariam por ser incorporados ao seu próprio, não deixando registros oficiais daquele que a posteridade considerou um interlúdio religioso pouco ortodoxo. Sem filhos, Horemheb nomeou seu general e vizir, Ramsés, como seu sucessor.
Ramsés I (1292 a.C. a 1290 a.C.) e Seti I (1290 a.C. a 1279 a.C.)
Ramsés I (1292 a.C. a 1290 a.C.) veio do Delta Oriental do Nilo. Foi sucedido por seu filho e corregente, Seti I, que o enterrou e construiu para ele edifícios mortuários em Tebas e Abidos. Graças à eficiência do seu governo, Seti I (1290 a.C. a 1279 a.C.) iniciou os projetos de construção mais elaborados entre todos os faraós egípcios. Seu templo em Abu Simbel (construído para sua rainha Nefertari) retrata a Batalha de Cades (1274 a.C.), entre Ramsés II e Muwatalli II, dos hititas.
Durante o reinado de Ramsés II, foi assinado o Tratado de Cades em 1258 a.C., considerado o primeiro tratado de paz da história. O quarto filho de Ramsés II, Khaemwaset (c. 1281 a.C. - c. 1225 a.C.), é lembrado como o "primeiro egiptólogo", devido ao seu trabalho de preservação e documentação de monumentos antigos. Viveu até os 96 anos, mais que o dobro da expectativa de vida média do Egito, e muitos acreditaram que sua morte marcaria o fim do mundo.
O declínio do Egito
Ramsés III (1186 a.C. a 1155 a.C.) deu continuidade às políticas anteriores, mas a grande riqueza do Egito atraiu os Povos do Mar, de origem incerta, supostamente vindos da região sul do Egeu. Entre 1276 a.C. e 1178 a.C., Ramsés II os derrotou em uma batalha naval. Seu sucessor, Merenptah (1213 a.C. a 1203 a.C.), também obteve vitórias, mas após sua morte, Cades foi saqueada. Entre 1180 a.C. e 1178 a.C., Ramsés III obteve outra vitória decisiva contra eles na Batalha de Xois (1178 a.C.).
O rei cuxita Piye (752 a.C. a 722 a.C.) conseguiu unificar novamente o Egito, mas em 671 a.C., sob o governo de seu sucessor, os assírios liderados por Esaradon invadiram o Egito e o conquistaram em 666 a.C.. Sem um plano de ocupação de longo prazo, os assírios logo abandonaram o território.
O Egito sob domínio estrangeiro
Em 525 a.C., o Egito foi novamente atacado, desta vez por Cambises II, rei da Pérsia. Conhecendo a reverência dos egípcios por gatos, representações vivas da deusa Bastet, Cambises ordenou que seus soldados pintassem gatos nos escudos e colocassem animais sagrados à frente das tropas na Batalha de Pelúsio. O exército egípcio rendeu-se e o país caiu sob domínio persa. O Egito permaneceu sob ocupação persa até a chegada de Alexandre, o Grande, em 332 a.C.
Alexandre foi recebido como libertador e conquistou o Egito sem resistência. Fundou a cidade de Alexandria e expandiu seu domínio sobre a Fenícia e o restante do Império Persa. Após sua morte, em 323 a.C., seu general Ptolomeu I Sóter levou seu corpo para Alexandria e fundou a Dinastia Ptolemaica (323 a.C. a 30 a.C.).
A última governante dessa dinastia foi Cleópatra VII, que cometeu suicídio em 30 a.C., após a derrota de suas tropas e das de Marco Antônio na Batalha de Ácio (31 a.C.), sob o comando de César Otávio. Após isso, o Egito tornou-se província do Império Romano (30 a.C. a 476 d.C.) e depois do Império Bizantino (c. 527 a 646), até ser conquistado pelos árabes muçulmanos sob o califa Umar, em 646, e integrar-se ao domínio islâmico ֎
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