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Arte persa - Impérios Aquemênida, Parta, Sassânida e Islâmico

A Pérsia, conhecida hoje como Irã, foi o berço de um vasto império que se desenvolveu em três fases distintas ao longo da história. Os Aquemênidas, que reinaram de 550 a 330 a.C., estabeleceram o primeiro Império Persa sob a liderança de Ciro, o Grande. Esse período testemunhou a rápida expansão territorial e a ascensão do zoroastrismo como religião predominante, substituída pelo Islã no século VII d.C. A arte persa dessa época refletia uma síntese de estilos, incorporando influências dos povos conquistados e vizinhos.


Os Aquemênidas eram hábeis em diversas formas de arte e construção. Notabilizaram-se por relevos intricados, metais preciosos transformados em joias e estatuetas, alvenaria de tijolo esmaltado e elaborada decoração de palácios e jardins. Criaram cidades grandiosas, templos e mausoléus, destacando-se pela versatilidade artística que combinava elementos dos estilos mediano, assírio e grego asiático.


A arte originária da antiga Pérsia, abrange uma ampla gama de formas artísticas como pintura, arquitetura, escultura, artesanato e relevos. Sob os Aquemênidas, iniciados por Ciro, o Grande, o império expandiu-se rapidamente após conquistas decisivas sobre os medos, lídios e babilônios. A arte desse período reflete uma civilização guerreira, com esculturas monumentais como o baixo-relevo de Dario I em Behistun (515 a.C.) e tecidos elaborados.


As artes decorativas persas remontam ao VII milênio a.C., com um desenvolvimento significativo em bronze entre 2000 e 1000 a.C. Sob os Sassânidas, os tecidos com desenhos simétricos de motivos animais e vegetais destacaram-se como indústrias artísticas importantes. Durante os Impérios Aquemênida e Sassânida (séculos VI a.C. - VII d.C.), a arquitetura e a escultura predominaram. Após a introdução do Islã no século VII d.C., a arquitetura alcançou um período de grande esplendor, enquanto a pintura ganhou destaque entre os séculos XIII e XVII.


Derramador de vinho de prata aquemênida Osama Shukir Muhammed Amin (Direitos autorais). Pulseira do Tesouro de Oxus: Reentrâncias mostram onde a pulseira antes continha incrustações de esmalte e pedra. Fonte: Campus BC.


No século XX, as formas artísticas antigas foram revitalizadas, combinando tradições com tecnologia ocidental e novos materiais. Os primeiros exemplos das artes decorativas persas incluem desenhos de animais e figuras femininas modeladas em argila, datados do final do VII milênio a.C. Durante o segundo milênio e meados do primeiro milênio a.C., houve um florescimento dos trabalhos em bronze fundido, refletindo um estilo complexo que combinava partes de animais com criaturas fantásticas.


No Período Aquemênida, as artes decorativas voltaram-se para artigos de luxo como ornamentos e vasilhas de ouro, prata e jarros de pedra, enquanto sob o Império Sassânida, a produção de tecidos com desenhos simétricos de motivos animais, vegetais e de caça se tornou proeminente.


A arte Persa e as Influência das Civilizações Vizinhas


A arte persa antiga, desde suas origens, foi profundamente influenciada por civilizações vizinhas, como a Mesopotâmia, coexistindo durante a Antiguidade. Fundada por Ciro, o Grande, a Pérsia se tornou um vasto império que se estendia do Egito à Índia, incorporando estilos culturais únicos da Mesopotâmia, Anatólia, Egito e Grécia.



Ao longo dos séculos, as civilizações vizinhas deixaram uma marca indelével na arte persa. Elementos mesopotâmicos, egípcios e gregos foram visíveis na arquitetura, escultura e artes decorativas persas. O Império Aquemênida (séculos VI ao IV a.C.) foi influenciado pelos babilônios e assírios, enquanto o Império Sassânida (séculos III ao VII d.C.) absorveu tradições artísticas romanas e bizantinas.


Com a conquista islâmica da Pérsia no século VII d.C., a caligrafia árabe e padrões geométricos foram introduzidos, enriquecendo a arte persa com novas expressões criativas. Apesar das influências externas, a arte persa manteve sua distinção, conhecida por padrões complexos e cores vibrantes. Durante a Era Safávida (séculos XVI-XVII), a arte chinesa influenciou profundamente a arte persa, especialmente na pintura em miniatura, incorporando nuvens, dragões e desenhos florais chineses.


Após a queda do Império Sassânida em 651 d.C., o Islã se tornou a religião dominante no Irã, suprimindo o zoroastrismo, mas elementos da arte persa continuaram a influenciar a arte islâmica subsequente.


A arte iraniana, enraizada nas tradições dos antigos Impérios Persas, inclui renomados tapetes persas e miniaturas, exemplificando uma síntese estilística das tradições egípcia, mesopotâmica, romana, grega clássica e persa nativa.


Em seus três principais períodos, a arte persa expandiu seu domínio por toda a Ásia Central e Menor, criando uma rica tapeçaria cultural que continua a ser celebrada e estudada.


O Desenvolvimento da Pintura na Arte Persa


Em particular, as pinturas persas em miniatura eram um tipo importante de pintura na Pérsia islâmica. Um conhecido pintor persa em miniatura chamado Kamal ud-Din Behzad ganhou destaque na segunda metade do século XV. Ele é conhecido por suas pinturas de paisagens realistas e pelo uso ousado de cores. A Academia Herat de Pintura e Caligrafia nomeou Behzad para o cargo de diretor. Nos séculos XIII e XIV, pinturas populares de caça e paisagens montanhosas serviram de inspiração.


Em muitas civilizações criativas, o retrato evoluiu como resultado de suas pinturas realistas. No entanto, quando os pintores tentaram imitar as técnicas de pintura europeias no final dos anos 1600, as tradições artísticas iranianas    começaram a deteriorar-se.


 

Metalurgia e Joalheria


Os primeiros exemplos das artes decorativas persas remontam ao final do VII milênio a.C., com desenhos de animais e figuras femininas modeladas em argila. No final do segundo milênio a.C., houve um florescimento dos trabalhos em bronze fundido na região ao sul do Cáspio e em Luristão, destacando-se arneses, arreios, rédeas para cavalos, machados e objetos votivos, caracterizados por um estilo complexo que combinava partes de animais com criaturas fantásticas.


Durante o Período Aquemênida, as artes decorativas foram empregadas em artigos de luxo, como ornamentos, vasilhas de ouro e prata, jarros de pedra e joias trabalhadas. A técnica de forja e martelamento de ouro, possivelmente adotada dos medos, resultou na produção de rhyta, copos cerimoniais feitos de ouro e prata, conhecidos desde as culturas pré-históricas do Egeu e da Grécia. Um exemplo notável é o ríton dourado Aquemênida com uma cabeça de carneiro estilizada.


O Tesouro do Oxus, composto por 180 peças incluindo relevos, estatuetas, joias e moedas de ouro e prata, exemplifica a diversidade e complexidade da metalurgia persa no início do Império Persa. Destacam-se a carruagem dourada e a pulseira com cabeça de grifo, mostrando a precisão e a influência de estilos egípcios, assírios e citas. Essas obras ilustram como a metalurgia persa incorporou técnicas e estilos de várias culturas, refletindo um período de intensa criatividade e intercâmbio cultural na antiga Pérsia.


Cuenco de oro del Tesoro del Oxus Osama Shukir Muhammed Amin (Copyright). Cabeza de caballo sasanida.  Fonte: site Luna y sol


A importância da Arquitetura e da Escultura na Arte Persa


A maior coleção de arte persa, descoberta nas ruínas de Persépolis durante o Período Aquemênida, influenciou profundamente a arquitetura. Persépolis, a capital do Primeiro Império Persa, foi modelo para dinastias sucessivas. A arquitetura persa é notável por suas colunas menores, verticalidade alongada e design peculiar da seção superior. As colunas tinham capitéis com faces de animais, diferentes das colunas gregas. Os Impérios Aquemênida e Sassânida apresentavam estilos distintos: o primeiro utilizava uma estrutura de postes e vigas, enquanto o segundo adotava suportes em arco. Esculturas persas, variando entre realistas e estilizadas, incluíam relevos de pedra, estatuetas, joias e rítons com padrões de animais.


Escultura na Arte Persa


A escultura foi um dos desenvolvimentos mais significativos da arte iraniana, com muitas obras sobrevivendo ao tempo, especialmente relevos de pedra esculpidos nas encostas de penhascos e nas paredes de palácios. As inspirações para essas esculturas variavam amplamente, mostrando influências significativas da Mesopotâmia e traços tradicionais europeus. As esculturas persas combinavam estéticas estilizadas e realistas, resultando em obras distintamente persas.


Capitéis duplos de animais encimavam colunas em Persépolis e em toda a Pérsia. Fonte: site Studycom. Rei Parta oferecendo sacrifício RMN/Hervé Lewandowski (Direitos autorais).


Escultura, Relevos e Pintura Persa


Os artistas persas criaram esculturas magníficas usando ouro, prata e pedras decorativas, geralmente encomendadas por reis para ornamentar palácios luxuosos. Alguns imperadores ordenavam a produção de esculturas gigantes de si mesmos como uma forma de demonstrar poder. Relevos decorativos e pinturas também eram comuns nos palácios, retratando principalmente a grandeza do império e o poder imperial.


Temas e Características


As esculturas, relevos e pinturas nos palácios frequentemente retratavam temas da vida cotidiana dos nobres, como cerimônias religiosas persas, além das grandes vitórias e conquistas militares dos imperadores. No Período Aquemênida, a escultura adquiriu uma característica monumental. Perto de 515 a.C., Dario I, o Grande, mandou esculpir um grande painel em baixo-relevo e uma inscrição nas encostas de Behistun.



Período Sassânida


O segundo grande período da arte persa começou com a Dinastia Sassânida em 226 a.C. Dessa época, sobreviveu um único exemplo de escultura livre ou de forma redonda: a colossal figura de um rei fantasma próximo de Bishapur. Essa era continuou a tradição de esculpir relevos monumentais que exibiam o poder e a grandiosidade dos imperadores Sassânidas.


A arte da escultura persa evoluiu significativamente ao longo dos séculos, influenciada por diversas culturas e civilizações. Desde os relevos monumentais Aquemênidas até as colossais figuras Sassânidas, as esculturas persas não só demonstravam poder, mas também serviam como um registro visual da história e cultura persa. A habilidade e criatividade dos artistas persas em combinar diferentes estéticas resultaram em uma herança artística rica e duradoura que ainda é apreciada e estudada até hoje.


A Arquitetura dos Impérios Persa


A arquitetura persa, influenciada por gregos, egípcios, medos e assírios, desenvolveu uma identidade única ao longo de sua história. Templos religiosos foram construídos para o zoroastrismo, servindo tanto para rituais religiosos quanto para encontros sociais. Os palácios persas eram suntuosos, com grandes espaços internos decorados e sustentados por colunas ornamentadas.

 

Mausoléus imponentes foram erguidos em honra aos reis falecidos, enquanto as cidades como Pasárgada, Susa e Persépolis destacaram-se pelo desenvolvimento urbano e grandiosidade arquitetônica, evidenciado pelas suas ruínas.

 

A arquitetura persa teve dois períodos principais. O primeiro foi sob os Aquemênidas (550-331 a.C.), com destaque para Pasárgada, a capital de Ciro, o Grande. Com a chegada dos selêucidas após Alexandre Magno em 331 a.C., a arquitetura persa recebeu influências gregas. O renascimento arquitetônico ocorreu durante a Dinastia Sassânida (226-641 d.C.), marcado por palácios como os de Firuzabad, Girra e Sarvestan, além das salas abobadadas em Ctesifonte.


Alto-relevo da escadaria em Persépolis mostrando soldados medos e persas. Note as diferenças sutis na indumentária e estilo dos soldados em cada lado. (Wikipedia). Portador de oferendas segurando um cordeiro de Persépolis Osama Shukir Muhammed Amin (direitos autorais).


Império Aquemênida


A Dinastia Aquemênida, que reinou na Ásia Ocidental de 550 a 330 a.C., foi uma potência iraniana marcante, conhecida por sua arte e arquitetura ecléticas que combinavam influências de várias culturas. Sob o governo de Ciro, o Grande, o império alcançou seu apogeu, unificando vastas regiões que se estendiam do Vale do Indo à Trácia e à Macedônia. A arte aquemênida, inicialmente desenvolvida por Ciro em Pasárgada, refletia uma mistura de tradições pastoris, egípcias, assírias, urartianas e gregas, incorporando elementos mesopotâmicos.

 

Pasárgada, capital simbólica e política, era organizada como um acampamento nômade integrado a um jardim paradisíaco, com estruturas como a Apadana, uma sala de audiências com colunas duplas, destacando-se como um marco arquitetônico. O túmulo de Ciro, singular em sua forma, combinava influências da arquitetura urartiana e zigurates mesopotâmicos.

 

A arte aquemênida floresceu na confecção de relevos complexos, no trabalho com metais preciosos e na construção de palácios e paisagens. O estilo persa era distintivo por sua composição eclética, influenciada pela Mídia, Assíria e Grécia Asiática. Após a era de Ciro, a administração imperial mudou-se para Ecbátana e Susã, refletindo a expansão e a consolidação do império.

 

A influência dos Aquemênidas transcendeu fronteiras militares, deixando um legado cultural duradouro que redefiniu a arte e a arquitetura na região. Seu estilo artístico único sintetizava diversas influências culturais, demonstrando a habilidade do império em assimilar e reinterpretar elementos culturais para criar uma estética persa inovadora. Esse legado continua a ser admirado por sua originalidade e complexidade, destacando-se como um marco na história da arte na Ásia Ocidental.

 

O primeiro momento de grande desenvolvimento da arquitetura persa tem lugar com a Dinastia dos Aquemênidas (550 a 331 a.C.). Os indícios são numerosos, sendo os mais antigos as ruínas de Pasárgada, a capital do reinado de Ciro II, o Grande. Dario I, o Grande construiu uma nova capital em Persépolis, cidade que mais tarde seria ampliada por Xerxes I e Artaxerxes I (465-425 a.C.). Após a conquista da Pérsia por Alexandre Magno em 331 a.C. e a chegada ao poder da Dinastia Selêucida, a arquitetura persa imitou o estilo característico do mundo grego.

 

O legado arquitetônico dos Aquemênidas é exemplarmente visto nas ruínas de Persépolis, a capital cerimonial do Império, localizada perto de Shiraz, Irã. Esse complexo, elevado em 12 metros e cobrindo 30 por 500 metros, abrigava salões, corredores, um terraço amplo e uma escada dupla decorada com relevos retratando cenas da vida cotidiana e da natureza. A sala de audiências, Apadana, era o maior salão, com 36 colunas caneladas e capitéis esculpidos em formas únicas, destacando-se pelos "Relevos do Tesouro" que enfatizavam o poder do rei e cenas do império.


A construção de Persépolis começou sob Dario I (550-486 a.C.), que também construiu um grande palácio em Susa, integrando materiais e artistas de todo o império para criar uma expressão rica da arte aquemênida. Os relevos do Apadana mostram líderes provinciais em trajes regionais, com frisos influenciados pela arte mesopotâmica.


Persépolis floresceu por quase 200 anos até ser saqueada por Alexandre, o Grande, em 330 a.C., seguida por um incêndio que transformou a cidade em uma província macedônia, marcando o fim do Império Aquemênida.


Dario I, ao lado de Ciro, é reconhecido como um dos maiores construtores persas. Ele iniciou seu reinado com um relevo monumental em Behistun, mostrando Aúra-Masda presidindo sua vitória sobre o usurpador Bardiya-Gautama, acompanhado por uma inscrição trilíngue que detalha a organização do império.


Outro marco de Dario I é seu túmulo em Naqsh-i-Rustam, uma rara exemplificação da arquitetura religiosa Aquemênida. Persépolis, sua obra-prima, simboliza a grandiosidade do império.


A disposição de Persépolis contrastava com a de Pasárgada, com edifícios organizados em torno da Apadana (Sala de Audiências) e da Tatchara (Sala do Trono). As laterais abrigavam aposentos e áreas de acesso ao palácio, com uma arquitetura que evocava tendas nômades, plantas quadradas e colunas ornamentadas, refletindo a magnificência da arte Aquemênida.


Alto-relevo da escadaria em Persépolis mostrando soldados medos e persas. Note as diferenças sutis na indumentária e estilo dos soldados em cada lado. (Wikipedia).


Império Parta


A arte persa evoluiu significativamente durante a Era Parta, uma fase de transição entre o Primeiro e o Segundo Impérios Persas após a queda do Império Aquemênida por Alexandre, o Grande, em 330 a.C. Nesse período, elementos gregos e iranianos coexistiram, com a cultura grega predominando momentaneamente. Os partos, inicialmente seminômades, ajudaram a revitalizar a arte e a arquitetura persas, influenciando significativamente a arte persa após a morte de Alexandre.


A arte parta combinava formas iranianas e helenísticas. O Império Parta governou várias regiões fora do que hoje é o Grande Irã entre 247 a.C. e 224 d.C. Durante as escavações, sítios partas são frequentemente negligenciados, dificultando a distinção entre diferentes camadas históricas.


A datação dos artefatos partas é desafiadora, e os vestígios mais significativos vêm de fora do império, como em Hatra, no atual Iraque, que produziu a maior quantidade de esculturas partas já encontradas. Apesar dessas dificuldades, a arte parta preservou várias características das obras Aquemênidas anteriores. Um retorno à frontalidade na escultura, substituindo as representações de perfil lateral, foi uma característica fundamental. A arte parta é distinta por sua forte inspiração nas tradições helenísticas e mesopotâmicas, refletindo uma fusão única de influências culturais.


Peças em esmalte iraniano.  Fonte: site Luna y sol. Cerâmica antiga.  Fonte: site Luna y sol.


Arquitetura Artística da Era Parta


A arte parta, caracterizada pela frontalidade das figuras, influenciou regiões vizinhas mesmo após a queda da Dinastia Parta. Nas representações narrativas, as figuras olham frontalmente para o público, uma característica que precede a arte da Europa medieval, Antiguidade Tardia e Bizâncio. As figuras em trajes detalhados, cobertas por intrincadas decorações, são notáveis. A frontalidade, também presente na arte palmirana, define a arte parta, embora haja debate sobre sua origem específica, pois não há provas de produção fora do Médio Eufrates, sugerindo um desenvolvimento local.


Os padrões de gesso eram populares em edifícios, cobrindo grandes superfícies após o aperfeiçoamento da tecnologia. É possível que esses padrões tenham sido inspirados em tapetes e tecidos, hoje quase totalmente destruídos. As rhyta Aquemênidas continuaram no Período Parta, com animais no terminal mais realistas e influências gregas.


A arte parta é melhor compreendida como um estilo específico da região do Médio Eufrates. As esculturas e relevos rochosos partas, junto com os padrões de gesso em edifícios, mostram uma grande atenção aos detalhes e um forte sentido de frontalidade nas representações. Este estilo único teve um impacto duradouro e marcou a arte da região.


Tumba de Ciro, em Pasárgada (Wikipedia). Ciro, o Grande, como uma figura guardiã alada: Este relevo estilizado de Ciro toma emprestado o estilo egípcio de representar o corpo humano e proclama a etnia e a posição do rei em três idiomas. Fonte: Campus BC.


O Império Sassânida

 

Ardashir I, durante a Era Sassânida, iniciou grandes projetos de construção que são considerados alguns dos melhores exemplos da arte Sassânida. Os Sassânidas abandonaram as esculturas de frontalidade da Era Parta, adotando o estilo de perfil e visão de três quartos popular na Era Aquemênida.

 

A arte Sassânida destacou-se por esculturas rochosas em falésias calcárias, belos mosaicos de pedra e louças folheadas a ouro e prata. A tecelagem de seda e a fabricação de tapetes também prosperaram, resultando na exportação dos famosos tapetes persas para Istambul e Turquia.

 

Do Período Sassânida, resta uma escultura monumental: a imagem de um rei fantasma perto de Bixapur. As artes decorativas dessa dinastia se destacaram em artigos de luxo, como vasilhas de ouro e prata e joias trabalhadas. A pintura também se desenvolveu, com relatos de milionários persas decorando suas mansões com imagens de heróis iranianos.

 

A arte têxtil teve grande importância, com sedas, brocados, rendas e tapeçarias altamente valorizados e copiados. Durante as Cruzadas, esses tecidos cobriam relíquias de santos. As tapeçarias sobreviventes são de imenso valor artístico.


Tumba de Ciro, o Grande: Os atributos sincréticos incluem a base piramidal da tumba. Fonte: Campus BC. Monumento à Vitoria de Ardacher I. Johannes Lundberg (CC BY-NC-SA)

 

A cerâmica, avançada na Era Aquemênida, continuou a se desenvolver na Dinastia Sassânida. Pratos desse período estão expostos no Museu Britânico, Hermitage e Metropolitan Museum of Art. A arte Sassânida preservou antigas tradições persas e influenciou a arquitetura islâmica, evidente na construção da cidade de Bagdá.

 

Arquitetura Artística da Era Sassânida

 

Antes do término da invasão muçulmana da Pérsia no ano 651, o Império Sassânida, que governou do terceiro ao sétimo século d.C, criou a arte Sassânida. Ardashir I derrubou o último rei parta em 224 DC. Durante os 400 anos seguintes, a próxima Dinastia Sassânida governou o moderno Irã, o Iraque e uma série de regiões a leste e ao norte.

 

Governou partes do Egito, da Arábia, do Levante e da maior parte da Anatólia em vários pontos da Antiguidade. Sinalizou o início de uma nova era na Mesopotâmia e no Irã, fortemente influenciada pelas tradições Aquemênidas, nomeadamente pela arte do período. Mas a arte da época também foi influenciada por outras fontes, incluindo aquelas de lugares tão distantes como a China e o Mediterrâneo.

 

Existem algumas pinturas sobreviventes do que foi obviamente uma produção em massa, mas a arte Sassânida é mais apreciada em sua arquitetura, relevos e trabalhos em metal. Possivelmente havia muito mais relevos internos de gesso do que de pedra, dos quais restaram apenas algumas peças.

 

Em contraste com a Era Parta, as esculturas independentes eram menos populares nessa época. Uma exceção notável é a Estátua Colossal de Shapur I (r. 240-272 DC), que foi esculpida em uma estalagmite que se formou em uma caverna.

 

Há também referências literárias a outras estátuas colossais de reis, agora perdidas. Os significativos relevos rochosos Sassânidas são discutidos acima, enquanto a tradição parta de ornamentação de edifícios em estuque moldado continuou a incluir imagens figurativas significativas.

 

Período Islâmico


A Pérsia foi conquistada pelos árabes quando o Império Sassânida caiu, incorporando-se ao Islã e resultando na evolução das artes visuais persas conforme as leis islâmicas. Uma dessas leis proibia a representação tridimensional de objetos vivos, levando ao declínio imediato da escultura persa. No entanto, as artes decorativas iranianas, como a metalurgia, tecelagem e cerâmica, continuaram a florescer. Exemplos de templos islâmicos embelezados incluem a Grande Mesquita de Samarra (847 d.C.), o santuário do Imam Reza em Mashhad e a Mesquita de Bagdá (764 d.C.).


Após a introdução do Islã no século VII, a arquitetura tornou-se a forma dominante de arte, enquanto a escultura perdeu relevância. A pintura teve um renascimento entre os séculos XIII e XVII e foi revigorada no século XX com influências tanto persas quanto ocidentais. Desde suas primeiras construções em 4000 a.C. até o esplendor Aquemênida com Pasárgada e Persépolis, e o renascimento Sassânida com palácios como Firuzabad e Ctesifonte, a arte persa evoluiu sob diversas influências culturais.


Mesquita Azul de Tabris, no Irã - Pinterest


Com a conquista da Pérsia pelos árabes em 641, o Irã tornou-se parte do mundo islâmico, e seus artistas adaptaram-se à cultura islâmica, que também foi influenciada pela tradição iraniana. A arquitetura permaneceu como a principal forma artística. A tradição islâmica considerava idólatra a representação tridimensional de seres vivos, causando o declínio da escultura. No entanto, a pintura não foi afetada por essa proibição e viveu um período de grande efervescência.


A mesquita tornou-se a principal tipologia arquitetônica do Irã. Exemplos importantes da arquitetura islâmica inicial incluem a Mesquita de Bagdá (764), a Grande Mesquita de Samarra (847) e a primeira Mesquita de Na’in (século X). Após a conquista de Bagdá pelos mongóis em 1258, a arquitetura iraniana se renovou, erguendo alguns dos melhores edifícios da história do Irã, como a Grande Mesquita de Veramin (1322), a Mesquita do Imam Reza em Mashhad (1418) e a Mesquita Azul de Tabriz. Outras obras importantes incluem o mausoléu do conquistador mongol Tamerlão e sua família em Samarcanda.


Interior da Mesquita Azul de Tabris, no Irã - Pinterest


O Impacto do Islã na Arte Persa


Após a queda do Império Sassânida, a Pérsia se converteu ao Islã, resultando em mudanças nas suas artes visuais para refletir as normas islâmicas. A escultura persa declinou devido à proibição de representar objetos vivos tridimensionais, mas as artes ornamentais, como o trabalho em metal, tecelagem e cerâmica, continuaram populares. Artistas persas se concentraram na ornamentação de edifícios islâmicos, como a Mesquita de Bagdá, a Grande Mesquita de Samarra e o santuário do Imam Reza em Mashhad.


Apesar do domínio islâmico, a arquitetura persa manteve o uso de telhados coloridos com telhas cerâmicas em tons de azul, vermelho e verde. Mesquitas e outras estruturas frequentemente empregavam mosaicos para decoração. Os mosaicos eram frequentemente empregados em mesquitas e outras estruturas, além desses enfeites. Fazer telhados coloridos com telhas cerâmicas em tons de azul, vermelho e verde foi outro estilo arquitetônico persa popular que sobreviveu ao domínio islâmico.


A Ascensão da Iluminação e Caligrafia na Arte Persa


Com as limitações à representação tridimensional de seres vivos, a produção de desenhos de figuras e pinturas declinou. A iluminação, por outro lado, tornou-se uma forma de arte islâmica amplamente praticada. Originada na Pérsia, a iluminação consistia na ornamentação de manuscritos e escritos sagrados, especialmente o Alcorão.


Os iluminadores iranianos continuaram a produzir obras até o final da Idade Média, atingindo seu apogeu entre 1501 e 1722, durante a Dinastia Safávida. A iluminação e a replicação da arte religiosa impulsionaram a criação de escrita decorativa, conhecida como caligrafia, que se tornou uma importante forma de expressão artística na Pérsia islâmica.


A produção de desenhos de figuras e pinturas declinou devido às restrições sobre a representação tridimensional de criaturas vivas, mas a iluminação rapidamente se destacou como uma forma de arte islâmica amplamente praticada. Originada na Pérsia, a iluminação envolvia a ornamentação de manuscritos e escritos sagrados, especialmente o Alcorão. Os iluminadores iranianos continuaram a produzir obras até o final da Idade Média, atingindo seu apogeu entre 1501 e 1722, durante a Dinastia Safávida.


Além da iluminação, a replicação da arte religiosa impulsionou a criação de escrita decorativa, conhecida como caligrafia. A caligrafia persa desenvolveu-se principalmente em duas formas: Nasta'liq e Shekasteh. O estilo Nasta'liq é reconhecido por suas curvas graciosas e elegância, sendo amplamente utilizado em manuscritos poéticos e documentos oficiais. O Shekasteh, desenvolvido no século XVII, caracteriza-se por suas formas mais fluidas e quebradas, conferindo um aspecto dinâmico à escrita.


Caligrafia árabe - Pinterest


Os calígrafos persas não apenas escreviam textos religiosos e literários, mas também criavam obras de arte independentes, onde a beleza das letras se tornava uma expressão estética por si só. A caligrafia era ensinada em escolas especializadas e apreciada por sua habilidade de capturar a essência da cultura persa através da harmonia entre forma e conteúdo֍

 

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