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Livros sagrados da Índia

  • campusaraujo
  • 6 de jun.
  • 24 min de leitura

Atualizado: 7 de jun.

O pluralismo religioso na Índia


A Índia tem uma população de 1,2 bilhões de habitantes, sendo 80% (960 milhões) de religião hindu, 15% (180 milhões) muçulmana, 2,3% (936 milhões) cristã e o resto, 16,8 milhões, dividido nas religiões sikh, budista, jainista e zoroastrista (conhecida como a religião da comunidade Parsi).


Segundo Dilipi Luondo, Doutor em Filosofia Indiana pela Universidade de Mumbai (Índia) e Coordenador do Núcleo de Estudos em Religiões e Filosofias da Índia (NERFI-CNPq), não existe uma religião hindu mas os termos que designam as religiosidades que nós chamamos como são incluídas dentro de um quadro geral amplo chamado hinduísmo são extremamente diversas e plurais e quando você se dirige a essas práticas religiosas nos contextos locais por meio das línguas vernáculas as designações são diferentes. A palavra hinduísmo não existe na designação da Índia.


No contexto local é a palavra bharata e ainda assim tem toda uma conotação de narrativas ligadas a uma narrativa mítica histórica que tem a ver com o Mahabharata (A grande história da humanidade), o mais longo poema épico de todos os tempos e a essência cultural da Índia. A palavra hinduísmo foi, de alguma forma, imposta a essa civilização. Hoje, isso não é um problema, mas é importante notar que o hinduísmo, se tomarmos como referência os critérios definidores de religiões, não é religião.


As literaturas indianas são religiosas em sua origem. É graças aos poetas religiosos panteístas, adoradores das divindades da aurora, das montanhas e dos rios, que surgiram os Vedas, primeiros textos literários. Segundo a crença, o próprio Brahma os escreveu. Seus autores viveram por volta de 3.500 anos, no noroeste do subcontinente indiano.


O sânscrito é uma língua ancestral do Nepal e da Índia. Embora seja uma língua morta, ela faz parte do conjunto das vinte e três línguas oficiais da Índia, porque tem importante uso litúrgico no hinduísmo, budismo e jainismo.


Categorias da literatura religiosa indiana


Shruti (o que é ouvido) – é um conjunto de escrituras reconhecidas como de inspiração divina. Considerado eterno, equivale à revelação e verdade inquestionável. Refere-se principalmente aos próprios Vedas. Os textos revelados abrangem:


Rigveda, Yajurveda, Samaveda; Atharvaveda; Brahmanas; Artha e Upanishads.


Smriti (recordação) – classe de literatura sagrada hindu baseada na memória humana, distinta dos Vedas, que são considerados shruti, ou o produto da revelação divina. A literatura smriti elabora, interpreta e codifica o pensamento védico. Os textos incluem os importantes manuais religiosos conhecidos como:

Kalpa-sutras – ritos de passagem, rituais associados a eventos importantes da vida, como nascimento, casamento e morte na família, conduta pessoal e deveres adequados na vida de um indivíduo.

Puranas – textos antigos elogiando várias divindades, principalmente o divino Trimurti, por meio de mitos, lendas e histórias divinas.

Ramayana – épico sânscrito atribuído ao poeta Valmiki e parte importante do cânon hindu.

Mahabharata – contém provavelmente o texto mais influente no hinduísmo, o Bhagavadgita.

 Com o tempo, o termo smriti passou a se referir particularmente aos textos relativos à lei e à conduta social, como o célebre livro de leis, o Manu-smriti (Leis de Manu). O smriti é complementar e pode mudar com o tempo.


Acredita-se que as obras shruti foram ouvidas e transmitidas por sábios terrenos, em contraste com o smriti. É importante observar que a divisão entre shruti e smriti é frequentemente contestada. Ela pode ser representada como um continuum, com alguns textos mais canônicos do que outros.


Existem diferentes opiniões sobre a relativa validade e importância de cada um. Alguns hindus enfatizam a importância fundamental do shruti, enquanto outros dizem que, ao tornar as verdades acessíveis, o smriti é hoje mais importante. A crença na verdade universal sugere a alguns pensadores hindus que qualquer ensinamento que corresponda ao conhecimento real também pode ser aceito como Veda. Portanto, existem numerosos escritos considerados védicos.


Os livros mais importantes do Shruti, Smriti e outros textos

Principais textos Shruti

֎ Quatro Vedas

֎ Upanishads

֎ Vedanta

Principais textos Smriti

֎ Itihasas (histórias ou épicos)

֎ Bhagavadgita (filosofia)

֎ Puranas (história)

֎ Dharma Shastra (livros de leis)

Textos épicos

֎ Ramayana

֎ Mahabharata

Outros textos

֎ Vedangas (membros dos Vedas)

֎ Upavedas (seguindo os Vedas)

Textos sectários

Tratam principalmente de procedimentos rituais

֎ Vaishnava Pancharatra

֎ Shaiva Agamas

֎ Shakta Devi Shastra

֎ Tantra

Palavra, escuta e silêncio


Veda significa saber, conhecimento. São as escrituras sagradas com origem nas transmissões orais de pessoas esclarecidas e colocadas na forma escrita há aproximadamente 5.500 anos. Não são apenas livros, e sim verdades universais sobre a alma, a vida, a morte, Deus, o universo e a relação existente entre eles.


Acreditava-se que surgiu da infalível audição (shruti), por antigos videntes, do sagrado depósito de palavras cuja recitação e contemplação trazem estabilidade e bem-estar tanto para o mundo natural quanto para o humano.

São considerados revelados porque traçam um caminho de ensinamentos em benefício do destino do ser humano.


É formado pela tríade Palavra, Escuta e Silêncio, porque só cumprindo esta ordem, o interior do ser humano poderá compreender a revelação que se expande em tudo o que há para cumprir o seu caminho. O hindu capta a revelação como ato de dar para receber e libertar, ao dar, porque o bem se exerce em correspondência. O conteúdo da escritura védica é dividido em três seções principais:

Karma-kanda – refere-se à seção dos Vedas que lista a realização de rituais e ritos de sacrifício para benefícios materiais ou para liberação, realizados pelos brâmanes em troca de um dakshina (oferenda ou presente), normalmente a um guru ou sacerdote. Em grande parte, lida com sacrifício ritual visando o prazer (aceitação do mundo).

Jnana-kanda – textos filosóficos voltados para o conhecimento por meio da renúncia (negação do mundo).

Upasana-kanda – textos com foco na adoração de Deus e serviço a ele (acomodação e transcendência do mundo).

Correspondem em grande parte aos três caminhos principais: 

Karma-yoga – integração pela dedicação de todas as ações e seus frutos à divindade. É a execução da ação em união com a parte divina interior, ficando distanciado dos resultados, e mantendo o equilíbrio seja em face do sucesso ou do fracasso.

Jnana-yoga (caminho de sabedoria) – uma modalidade de ioga conhecida também pelo uso do conhecimento, ou seja, por uma verdade pré-existente e imutável, para atingir a sabedoria e estudo.

Bhakti-yoga – também chamado bhakti marga e ioga devocional, é um dos ramos da ioga e do vedanta que conduz à comunhão divina por meio da devoção. Nessa devoção, o bhakta geralmente inicia seu processo considerando o objeto de adoração a parte, como um Deus ou Absoluto, em um plano mais elevado ou "céu".

As quatro fases tradicionais dos Vedas


Primeira fase – começou com hinos, cantos, encantamentos e outras composições em uma forma primitiva de sânscrito. Os hinos, em particular, eram amplamente direcionados a poderes transcendentes. Acreditava-se que esses poderes, individualmente ou em grupos, exerciam controle sobre o mundo por meio de forças cósmicas. Nesta fase inicial dos Vedas, há referência a Ekam (Um), aquele que sustenta todos os seres.


Segunda fase – texto védico chamado de Brahmaṇas, diz respeito ao ritual de sacrifício (yajna) que está no cerne da religião védica. Foi pelo desempenho adequado e recitação desse ritual que a ordem e a estabilidade foram estabelecidas no mundo.


Terceira fase – são os Araṇyakas (Textos da floresta), que representavam um afastamento meditativo do desempenho externo do ritual de sacrifício védico. Uma tendência se desenvolveu entre alguns para colocar o sacrifício dentro do eu interior (atman), que acabou sendo percebido como espiritual e distinto do corpo e de outras formas de matéria.


Quarta fase – os Upaniṣads. Em algumas passagens dos Upaniṣads, o Ekam, mencionado na primeira fase do Veda e agora conhecido como Brahman, foi identificado como um Ser espiritual único, acima do pessoal e indivisível, sustentando todas as mudanças e diferenças no mundo. Em outras passagens, o Ekam recebeu um status mais pessoal e divino como Isvara (Deus), distinto, mas sustentando a existência de “eusindividuais e o restante do ser finito.


Os quatro livros sagrados dos Vedas


A base do hinduísmo está nos chamados quatro livros sagrados dos Vedas. O conhecimento que deu origem a esses livros possivelmente veio pela tradição oral e, talvez, até mesmo pela pintura. No século X, foram compilados por vários estudiosos e religiosos. Segundo a lenda, eles teriam sido organizados por Vyasa, um sábio que seria a encarnação de Vishnu, deus que em todos os ciclos de criação e destruição do Universo elabora as escrituras nesses quatro livros para garantir que os cânticos se propaguem e se eternizem.


Cada um dos quatro Vedas recebe um sacerdote hindu específico: Hota para Rigveda, Udgata para Samaveda, Adhvaryu para Yajurveda, e Brahman para Atharvaveda.


Rigveda – livro de mantra


Também chamado Livro dos Hinos, é uma antiga coleção hindu (1.200 a 1.000 a.C.) de hinos em sânscrito védico. É o Primeiro Veda e o mais importante porque todos os outros derivaram dele. Consiste em 1.119 hinos ou chandas. Era usado para celebrar cultos domésticos e hinos que eram cantados em momentos específicos. Dele, emergem ideias poderosas como a existência de uma ordem no Universo, nos níveis físico (rita) e moral (darma) e a necessidade de sacrifícios para conservá-la.


Uma complexa liturgia, da qual se encarrega a casta dos sacerdotes (Brâmanes), auxilia nessa tarefa controlando o brâman, a energia cósmica, princípio de todas as coisas e da qual dependem todos os acontecimentos do mundo. A má decisão do homem não é vista como um pecado, mas como um dano moral, uma violação da paz e da harmonia, existindo um submundo sombrio, onde a Tríade será silenciada, causando angústia e tirando-a da reflexão.


Cabe ao homem purificar o seu atman (“este eu”, a alma), para identificar-se com esse real eterno, por meio de sucessivas reencarnações, que se definem e dirigem o carma por uma linha ou regra. Atman é o mais elevado princípio humano, a Essência divina, sem forma e indivisível.


Uma ardente convocação para essa ascensão espiritual está no Bhagavadgita (Canto do Bem-aventurado), o mais famoso livro sagrado do hinduísmo, que por sua vez é apenas um episódio do Mahabharata (Grande Índia, A grande história da humanidade), um enorme texto épico de 250.000 versos.


Esse núcleo de ideias, onde se menosprezam práticas rituais e onde a salvação individual consiste em abandonar o ego e mergulhar numa Essência Universal, constitui a base do jainismo e do budismo. Essas tradições religiosas e filosóficas foram posteriormente agrupadas sob o rótulo de hinduísmo.

Os quatro livros sagrados dos Vedas

Os Vedas são os textos sagrados mais antigos da tradição hindu e compõem a base da sabedoria espiritual da Índia antiga. Dividem-se em quatro grandes coleções.

Rigveda – o mais antigo e fundamental, composto por mais de mil hinos dedicados aos deuses védicos como Agni (fogo), Indra (guerra e trovão) e Varuna (ordem cósmica). Ele celebra os rituais e a relação entre os homens e o divino.

Samaveda – essencialmente um livro musical. Ele adapta muitos hinos do Rigveda para o canto litúrgico e tem grande importância nos rituais cerimoniais, destacando o poder do som sagrado.

Yajurveda – reúne fórmulas e instruções usadas durante os sacrifícios védicos. Ele é dividido em duas partes: a branca (Shukla) e a preta (Krishna), com ênfases distintas na organização dos textos.

Atharvaveda  – o mais heterogêneo. Contém hinos mágicos, encantamentos, preces por saúde, amor e proteção, além de reflexões filosóficas. É o mais voltado à vida cotidiana

Esses quatro Vedas constituem os pilares do pensamento védico e marcaram profundamente a religião, a filosofia e a cultura da Índia.

Samaveda - livro de canções


O Samaveda é puramente uma coleção litúrgica de melodias (saman). Exaltam a música, por ser considerada aquela que unifica a criação e por ser uma qualidade primordial do deus criador. Os hinos no Samaveda foram quase completamente retirados do Rigveda. Consequentemente, seu texto é uma versão reduzida do Rigveda. Como diz o estudioso védico David Frawley, se Rigveda é a Palavra, Samaveda é a canção ou o significado, se Rigveda é o conhecimento, Samaveda é sua realização, se Rigveda é a esposa, o Samaveda é seu marido.


Yajurveda – livro de rituais


É o terceiro dos quatro Vedas que se acredita ter sido composto durante o Período Védico entre 1.500 a.C. e 500 a.C., junto dos outros Vedas. No cerne da tradição védica está um sistema de sacrifícios, cada um dos quais dependendo de invocações de divindades específicas. O Yajurveda prescreve esses rituais, que são realizados juntamente com os cantos melódicos do Samaveda. O nome é derivado das raízes sânscritas yajus (adoração ou sacrifício) e veda (conhecimento), às vezes é traduzido como Conhecimento do Sacrifício.


O texto descreve a forma como os rituais religiosos e as cerimônias sagradas devem ser realizados. Destina-se principalmente aos sacerdotes hindus. Os mantras dentro do Yajurveda são usados durante rituais religiosos como aqueles antes do fogo yajna, e são mais comumente recitados pelo Adhvaryu, que preside os detalhes físicos de um sacrifício.


Atarvaveda – livro de feitiços


O último dos Vedas, é completamente diferente dos outros três e está próximo em importância ao Rigveda com respeito à história e sociologia. Um espírito diferente penetra neste Veda. Seus hinos são de caráter mais diversificado do que no Rigveda e é também mais simples no idioma. Na realidade, muitos estudiosos não o consideram realmente parte dos Vedas.


O Atharvaveda consiste em feitiços e encantamentos prevalecentes nesse tempo, e retrata um quadro mais claro da sociedade védica. Seu nome vem de atharvāṇas, sacerdotes que presidiram os sacrifícios. Essa literatura marca a queda do senso religioso com visões espirituais e dá lugar à necromancia, suposta previsão do futuro por meio da comunicação com o espírito dos mortos.


Outros textos


Ramayana – épico sânscrito atribuído ao poeta Valmiki e parte importante do cânon hindu. O nome Ramayaṇa é um composto de Rama e ayana (indo e avançando), cuja tradução é A viagem de Rama. Em 24.000 versos e sete cantos (kandas) narra a história do príncipe Rama, de Aiódia, cuja esposa Sita é abduzida por Rākshasa (demônio), rei de Lanka, Ravana.


Harivamsa – obra importante da literatura sânscrita, contendo 16.374 shlokas – versos de 32 sílabas, derivado da métrica védica anuṣṭubh, usado em muitas outras obras da literatura clássica sânscrita. O texto também é conhecido como Harivamsa Purana.


Vedangas


A execução correta do ritual de sacrifício védico era considerada tão importante para ordenar as relações entre os humanos e o mundo nos primeiros estágios do hinduísmo, que originou outro conjunto de textos chamado Vedāṅgas (membros do Veda).


Os Vedāṅgas se preocupavam de diferentes maneiras com a cadência, origem, significado e articulação adequada dos termos védicos usados para o ritual, os tempos apropriados para a realização do ritual e assim por diante. Esses textos protegiam e nutriam o corpo que era o Veda. São seis disciplinas auxiliares para a compreensão e tradição dos Vedas:


֎ Shiksha – fonética e fonologia.

֎ Chandas – métrica.

֎ Vyakarana – gramática.

֎ Nirukta – etimologia.

֎ Jyotisha – astrologia e astronomia.

֎ Kalpa – ritual.


Outras composições smṛti também se desenvolveram desde o início da Era Comum em conjunto com o cânone védico. Importantes entre eles foram os textos que codificaram o dharma, um conceito central e em desenvolvimento do hinduísmo. Ele trata da ordem correta entre os diferentes estratos e grupos de nascimento da sociedade hindu e seus membros masculinos e femininos. Acreditava-se que esses textos, por meio de suas prescrições e proibições, elaboravam a implementação social da ordem védica.


A bondade aparece novamente como o princípio de um deus de três cabeças, representado pelo fogo, um deus pai, amigo e benfeitor. Novamente a tríade é vislumbrada nas características da divindade onde a Palavra é o pai, a Escuta é o amigo, e o Silêncio, a atitude benéfica. O texto dedicado à Alma Suprema, exalta o amor como princípio (Palavra), deixando o bem como ponto de apoio, tornando-se o que Escuta, o Silêncio do invisível tornando-se o princípio.


No texto A todos os deuses, as três cabeças de Agni, e os três passos de Vishnu, com os quais ele envolve o Universo e cuida da Trimurti – conjunto formado pelos três principais deuses do hinduísmo (Brama, o criador, Vishnu, o preservador, e Shiva, o destruidor), considerados por algumas seitas e autores indianos como manifestações ou qualidades de um único deus absoluto ou realidade primordial.


Tornam-se o símbolo que dá sentido à tríade, marcando assim a construção do mundo, mas ao mesmo tempo ele é destruído, ou seja, usando a Palavra como arma, ouvindo-a como um julgamento e o Silêncio como o que é silencioso é destruído, daí a sensação de que Vishnu vigia para que a Trimurti não seja devastada (ou distorcida).


O que é o Mahabharata?


O Mahabharata (A grande história da humanidade) e o Ramayaṇa (A Vinda de Rāma). Ambas as composições foram originalmente compiladas em versos sânscrito ao longo de várias centenas de anos, começando em meados do primeiro milênio a.C.


A origem do Mahabharata está entre os séculos IV e III a.C., e a forma final provavelmente teve origem no século IV. Os estudiosos acreditam que os eventos descritos neste livro ocorreram entre 1.000 e 900 a.C., mas algumas descobertas arqueológicas recentes sugerem datas mais antigas, entre 2000 e 1500 a.C.


Escrito ao longo de vários séculos, particularmente no século V a.C., em dezoito livros, o Mahabharata narra a história da rivalidade entre dois grupos de primos guerreiros, os Pandavas e os Kauravas. É importante reconhecer a personalidade sensível dos personagens, que simpatizam com a humanidade; seus problemas são devidos às fraquezas humanas relacionadas à materialidade, particularmente ao poder, do trono.


O Mahabharata tem sido chamado de Quinto Veda em muitos círculos hindus, na crença de que ensina cumulativamente, de forma mais acessível, as verdades essenciais do Veda.

Tri-Varga - as três metas da vida

Tri-Varga, também conhecido como Trivarga ou Trayi, refere-se às três metas fundamentais da vida humana segundo a tradição hindu. Essas três metas são consideradas essenciais para uma vida equilibrada e significativa no plano terreno.

Dharma - princípio fundamental do hinduísmo que representa o dever, a ordem cósmica e a conduta ética. Ele varia conforme a posição social, idade e estágio da vida, sendo único para cada indivíduo. Cumprir o próprio dharma significa agir com retidão, responsabilidade e em harmonia com o universo. É considerado essencial para manter a ordem do mundo e para o progresso espiritual. Seguir o dharma gera karma positivo e contribui para Moksha (libertação), sendo uma das bases para uma vida equilibrada e significativa na tradição hindu.

Artha – é a busca por prosperidade, segurança material e bem-estar. Inclui a obtenção de riqueza, carreira, estabilidade financeira e tudo o que sustenta a vida com dignidade. No entanto, deve ser buscado de maneira ética e dentro dos limites do Dharma.

Kama – refere-se ao desejo, ao prazer e à realização emocional e sensorial, desde o amor e a arte até os prazeres físicos. Quando equilibrado com Dharma e Artha, Kama é considerado legítimo e necessário.

Essas três metas devem ser harmonizadas, guiando o indivíduo em sua jornada pela vida. Acima delas, está Moksha, a libertação espiritual, considerada a meta suprema e final da existência, fora do Tri-Varga.

 É assim que se forma o caminho de tri-varga, ou metas ordinárias da existência mundana: dharma gera artha que compra kāma. Segundo os sábios hindus, quem segue tais metas apenas colhe frutos no samsara, o ciclo eterno de nascimentos e mortes.


Além dessas metas, o Mahabharata traz também o moksha, que é a liberação do ciclo de tri-varga e a saída do samsara, ou ciclo de nascimentos e mortes. Em resumo, o livro traz o conhecimento da natureza do “eu” e a relação eterna com toda a criação e aquilo que a transcende.


O Mahabharata conta a história dos príncipes Pandavas e Kauravas, que eram todos primos, mas em um determinado momento, por motivos de raiva e inveja, eles entraram em guerra. Logo no início da guerra ocorre um diálogo entre Arjuna (que liderava os Pandavas) e Krishna. Essa conversa é o que está descrito no Bhagavadgita.


O que é o Bhagavadgita?


O Bhagavadgita (Canto do Bem-aventurado ou A Canção de Deus), com 700 versos, é um dos livros mais importantes da literatura védica e o livro 6 do poema épico indiano Mahabharata. Contém ensinamentos religiosos e filosóficos baseados em símbolos e na crença em Krishna (como Ser Supremo).


Ao contrário de textos como os Upanishads, onde tudo é regido pela ilusão ou maya, ele enfatiza a importância de compartilhar o mundo porque, a partir disso, o bem se revelará como verdade, principalmente quando o dharma ou o destino é escutado, o que é dispensável para tomar a Palavra, e que o ser humano ouça e viva no Silêncio, ou seja, que cada ato o reflita e o assimile como parte do encontro com a sabedoria.


Porém, só se encontra quando o corpo permite que a alma se desenvolva em sua história humana para que o destino, ou história espiritual, possa ser cumprido, daí o valor do karma.


Como já mencionado, os Pandavas eram liderados por Arjuna, que tinha na história uma carruagem dirigida por Krishna. Simbolicamente isso representa o buscador sendo guiado pelo conhecimento. Já os Kauravas, eram liderados por Duryodhana, considerado um homem “adhármico”, com valores distorcidos, que fazia o mal para as pessoas. É como se a guerra fosse entre os bons e os maus.


Ao se encaminhar para a batalha, Arjuna pede para Krishna parar a carruagem entre os dois exércitos. Ele vê no exército oposto os seus parentes e amigos e sente que não poderia lutar. Independente se ele ganhasse ou perdesse haveria sofrimento e tristeza no final. Arjuna então pede a Krishna o conhecimento, uma sabedoria para saber como proceder.


Quem é Krishna?


Krishna é um deus personificado do hinduísmo, representante das manifestações de Deus Supremo no mundo, segundo a tradição hindu. Também significa verdade absoluta. De acordo com os hindus, Krishna é o oitavo avatar de Vishnu, ou seja, é considerado um Deus, a Suprema Personalidade.


Avatar é uma manifestação corporal de um ser imortal segundo a religião hindu, por vezes até do Ser Supremo. Deriva do sânscrito Avatāra, que significa "descida", normalmente denotando uma das encarnações de Vishnu (tais como Krishna), que muitos hinduístas reverenciam como divindade. Muitos não-hindus, por extensão, usam o termo para denotar encarnações de divindades em outras religiões.


Os praticantes do Hare Krishna conseguem alcançar a iluminação espiritual ao cantar o mantra Hare Krishna. Os mantras são uma espécie de poema místico cantado muitas vezes com ajuda da meditação. Krishna é o nome de Deus em sânscrito. Já Hare Krishna quer dizer “a energia de Deus”.


A guerra interna do ser humano


O ensinamento marca a luta espiritual necessária em qualquer ser humano, onde se exalta que a passividade do corpo diante de seu Espírito não o beneficia. O ser humano precisa sustentar uma guerra interna para se fortalecer. A aproximação com os deuses internos está relacionada ao Silêncio, onde a Palavra é ouvida. Somente nesta própria guerra a humanidade ficará satisfeita com seus deuses e vice-versa.


A morada do bem


Outro ponto transcendental é a importância dada ao coração como órgão, como morada do bem, essência primordial. Só habitará quem conseguir ver o outro como parte natural daquilo que é no coração a si mesmo, porque só quem contempla o outro dentro de si poderá ter Deus como regente de sua casa.


A sacralidade da morte


A sacralidade da morte é exaltada, onde deve ser honrada: "as mulheres devem sair para procurar os corpos de seus homens na guerra". O corpo precisa da gentileza, das Palavras e do Silêncio daquele que clama por ele, porque nesse momento tudo se torna um. A natureza se veste do que está contido no outro, das lágrimas — é a água que escorre nas bochechas que une a vida com a morte.


A bondade e o amor


A essência original é a bondade porque é pura, enquanto o amor é enganoso, pois é uma ilusão. A bondade leva à misericórdia mostrando partes da verdade. O amor, ao contrário, percebe o que precisa para se alimentar. Deturpa o sentido das palavras, e o Silêncio porque não escuta, mas cria.


Upanishads


Também grafados Upanixades, Upanissades e Upanichades, são parte das escrituras shruti hindus, que discutem religião e são consideradas pela maioria das escolas do hinduísmo como instruções religiosas. Não há uma tradução clara desse termo, mas é usado para designar alguém que se senta perto de um professor para ouvi-lo. São os seguintes: 

Isha, Kena, Katha, Prasna, Mundaka, Mandukya, Taittiriya, Aitareya, Chandogya, Brihadaranyaka

As Upanishads e sua importância


Juntas, as Upanishads constituem, e provavelmente sempre constituirão, o principal objeto de atenção para todos que conhecem a religião hindu. Elas fazem parte das escrituras shruti hindus, que discutem religião e são consideradas pela maioria das escolas do hinduísmo como instruções religiosas. Além disso, contêm transcrições de vários debates espirituais. Doze de seus 123 livros são considerados básicos por todos os hinduístas.


Brahmanismo e teosofia


Teosofia - refere-se a um conjunto de doutrinas filosóficas, místicas, ocultistas e especulativas que buscam o conhecimento direto dos mistérios presumidos da vida, da natureza, da divindade e da origem e propósito do universo.


Brahmanismo - antiga filosofia religiosa indiana que formou a espinha dorsal da cultura daquela civilização por milênios. Estende-se de meados do segundo milênio a.C. até o início da Era Cristã. Persiste de forma modificada, sendo atualmente chamada de hinduísmo.


Brahman — forma masculina e neutra de Brahma, é um conceito do hinduísmo semelhante ao conceito de absoluto presente em outras religiões. O termo designa o princípio divino, não personalizado e neutro do brahmanismo e da teosofia. Não deve ser confundido com Brahma (sem “n”), que, juntamente com Vishnu e Shiva, forma a trindade clássica hindu.


Na teosofia, Brahman é o “Absoluto”, o “Espírito Divino e Infinito” que emana no início de um novo ciclo de manifestação, chamado Mahamanvantara — expressão usada para designar o período de atividade do cosmo, durando o equivalente a 72.000 manvantaras, ou 311.040.000.000.000 anos. Portanto, é a origem e raiz de toda consciência que evolui neste mundo.


Para o hinduísmo, essa evolução ocorre por metempsicose (reencarnação), movimento cíclico no qual um mesmo espírito, após a morte do corpo antigo, retorna à existência material, animando sucessivamente a estrutura física de vegetais, animais ou seres humanos.


Trimurti: a trindade principal do hinduísmo


A Trimurti é o conjunto formado pelos três principais deuses do hinduísmo:


֎ Brahma, o criador;

֎ Vishnu, o preservador;

֎ Shiva, o destruidor.


São considerados, por algumas seitas e autores indianos, manifestações ou qualidades de um único deus absoluto ou realidade primordial.

Brama – primeiro deus da Trimúrti, considerado o criador do Universo, dos deuses, da natureza, da consciência e do pensamento humano. É representado com quatro cabeças e quatro braços e aparece sentado em um cisne. Possui quatro cabeças porque, ao criar Sarasvati, a deusa do conhecimento, ela corria para todos os lados, tentando escapar dos olhares de Brahma e para cada lado que ela corria nascia uma cabeça, o que significa todas as direções do conhecimento. Também é o deus da música e das canções.

Vishnu, Vixnu ou Vixenu (espalhado ou trabalhador) – um dos deuses principais do hinduísmo, responsável pela sustentação do Universo. Nas duas representações mais comuns, ele aparece flutuando sobre ondas em cima das costas de um deus-serpente chamado Shesh Nag, ou flutuando sobre as ondas com seus quatro braços, cada mão segurando um de seus atributos divinos: uma concha, um disco de energia, um lótus e um cajado.

Shiva ou Mahadeva (benéfico, aquele que faz o bem) – um dos deuses supremos do hinduísmo, conhecido também como "o destruidor e regenerador" da energia vital. Também criou o yoga, devido ao seu poder de gerar transformações físicas e emocionais em quem pratica a atividade. A serpente que fica em volta do seu pescoço representa o domínio da morte, além de simbolizar o kundalini, uma energia presente na coluna. Quando despertada, é capaz de fazer o alinhamento dos chakras.

 O poder de Vishnu e a fé em Shiva


Os textos sagrados hindus se dividem entre aqueles que exaltam o poder de Vishnu e aqueles que cultivam uma fé inabalável em Shiva. Como tradição oral, esses ensinamentos remontam ao ano 1000 a.C., mas suas primeiras transcrições datam do século VIII até 500 a.C. Eles apresentam uma diversidade impressionante: há ensinamentos que se assemelham aos Vedas, instruções sobre yoga e tantra — onde a feminilidade emerge no poder das deusas, e o desejo sexual é visto como base para o desenvolvimento espiritual.


A riqueza desses textos se manifesta na espiritualidade impressa nos espaços entre as palavras; cada palavra deixa uma resposta no inconsciente, talvez aquela que se espera ouvir. Ensinam a escutar com a alma por meio da simbologia da vida. Quando essa dialética se harmoniza com o todo, a liberação (Moksha) acontece, momento em que o karma encontra o conhecimento.


Quem é o verdadeiro sábio: aquele que grita conhecimento ou aquele que se cala? Revela-se que quem fala em excesso não encontrou a sabedoria para proferir as palavras essenciais, enquanto outros a distribuem no silêncio da escuta, e há ainda aqueles que revelam o conhecimento no próprio silêncio.


Os Puranas


Os Puranas narram as lendas dos deuses e o nascimento da Criação. Seu estilo mitológico, impregnado de poesia, forma a base da doutrina religiosa, tendo Brahma e Vishnu como protagonistas divinos. São conhecidos 18 Puranas principais, incluindo os que relatam o mito do primeiro homem, Purusha, que criou o mundo a partir de sua própria matéria orgânica.


Nestes textos, somos convidados a refletir sobre nossa essência e o que nos cerca. Questionam onde reside a verdadeira morada dos instintos, como as emoções existem antes de serem assimiladas pela experiência. E nos desafiam a imaginar a existência humana sem os deuses.


Além disso, contam a traição de Krishna e Rada: apaixonada por Viraja, Rada é expulsa por Rama, que furioso a expulsa de seus aposentos. Irritado, o deus Daman condena Rada à mortalidade.


A narrativa dos Puranas revela a tríade da visão destrutiva e o que acontece quando a Palavra não escuta o Silêncio. Apesar disso, a esperança permanece, centrada na bondade — fundamental no hinduísmo — pois tudo o que é destruído é reintegrado com maior essência e conhecimento. Os Puranas nos ensinam que, seja qual for a ordem, o destino sempre procura uma forma de se cumprir.


Vedanga e Vedanta


Sutra (que significa “costurar”) é um estilo literário enigmático, distinto da essência da literatura védica, mas ainda intimamente ligado a ela. Representa o silêncio que domina o conhecimento. Tradicionalmente, é classificado como Vedanga, um conjunto de aforismos ou manuais que oferecem ensinamentos espirituais e filosóficos.


Os Sutras abordam temas como o estado do homem e sua sexualidade — onde Sutra é considerado o maior Kama (deus do amor e do desejo). São divididos em adyayas (capítulos) e padas (subcapítulos). Eles falam do destino da alma, impregnada por elementos materiais que servirão ao espírito para adquirir maior conhecimento em futuras reencarnações. Esses ensinamentos, de caráter religioso, são fundamentais não apenas no hinduísmo, mas também no budismo e jainismo.


Tantra ou tantrismo refere-se às tradições esotéricas do hinduísmo e budismo que se desenvolveram em meados do primeiro milênio d.C. O termo tantra, nas tradições indianas, significa qualquer texto, teoria, sistema, método ou prática sistemática com aplicação ampla.


Embora o tantra possa ser considerado superior ao sutra em muitos aspectos, eles podem ser resumidos em três pontos principais:


֎ o tantra tem muitos métodos.

֎ ele não precisa do tempo e da dificuldade do caminho do sutra.

֎ é direcionado aos de faculdades mais elevadas.


Ramayana


O Ramayana é uma obra monumental, composta por quinhentos capítulos e vinte e quatro mil versículos, atribuída a vários autores e datada aproximadamente do século X a.C. O deus central dessa narrativa é Vishnu, o conservador da trindade hindu, que se manifesta na encarnação de Rama, figura ligada à cultura ariana.


O Ramayana aborda temas profundos, como a solidão diante da morte e a vida vista como uma fortaleza da velhice, na qual o filho é simbolicamente o guardião e protetor dos pais — representante da sabedoria. Porém, diante desses valores e do destino, as palavras se esvaem, e uma história diferente se desenha.


Neste texto, o bastão do poder não é carregado pela Palavra, mas pelo Silêncio. Portanto, tudo deve ser ouvido a partir da contemplação. A Palavra, nesse contexto, torna-se a voz do desejo, do anseio — uma dádiva dos deuses que a escutam, mas também o eco dos demônios e dos obstáculos ao bem.

Textos épicos

A tradição indiana possui dois grandes textos épicos que moldaram profundamente sua cultura, religião e filosofia. Considerados mais do que simples narrativas heroicas, são tratados morais, espirituais e históricos que influenciam gerações há milênios.

Mahabharata - atribuído ao sábio Vyasa, é a mais longa epopeia do mundo, com cerca de 200 mil versos. Relata o conflito entre os Pandavas e os Kauravas, duas famílias reais que disputam o trono de Hastinapura. No centro da narrativa está a Bhagavad Gita, um diálogo profundo entre o príncipe Arjuna e o deus Krishna sobre dever, ética e libertação espiritual. O Mahabharata abrange temas como justiça, destino, lealdade, guerra e a complexidade das ações humanas.

Ramayana - atribuído  ao sábio Valmiki, narra a vida do príncipe Rama, sua luta para resgatar sua esposa Sita, sequestrada pelo demônio Ravana. A história exalta virtudes como retidão, lealdade, coragem e o ideal de rei justo.

Bhagavadgita, ou simplesmente Gita - é um dos textos mais sagrados do hinduísmo. Inserido no épico Mahabharata, consiste em um diálogo entre o príncipe Arjuna e o deus Krishna, às vésperas de uma grande batalha. Diante do dilema moral de lutar contra seus próprios parentes, Arjuna hesita, e Krishna o orienta sobre Dharma (dever), desapego, autoconhecimento e devoção. Com 700 versos, o Gita sintetiza ensinamentos do karma yoga (ação), jnana yoga (conhecimento) e bhakti yoga (devoção), propondo uma vida guiada pela ética, pela fé e pela busca de Moksha (libertação espiritual). É um guia filosófico e espiritual atemporal.

São textos centrais na educação religiosa e ética do hinduísmo, transmitidos por meio de recitação, teatro, dança e arte, sendo constantemente reinterpretados, reafirmando valores e ensinamentos espirituais no imaginário indiano até hoje.

Aranyaka — Textos da Floresta


Os Aranyakas, cujo nome deriva de "floresta", são textos destinados aos eremitas que, afastados do mundo, mergulhavam no silêncio do retiro para vivenciar o sagrado. Suas palavras conduzem ao misticismo e conferem especial atenção aos rituais, entrelaçando simbologias mitológicas com o sentido profundo que os brâmanes atribuem às cerimônias. Esses escritos são pontes entre os rituais védicos e a contemplação metafísica dos Upanishads.


Mais do que práticas externas, os Aranyakas propõem uma vivência interior: aproximar-se da natureza e dos seres vivos não como algo fora de si, mas como reflexos internos — emoções, órgãos, respiração. O universo, então, não é algo que habitamos, mas algo que habita em nós. Cada gesto, cada silêncio, carrega a totalidade do ato universal.


Por isso, esses textos revelam uma verdade essencial: somos fragmentos transitórios do cosmos, mas dentro de cada fragmento pulsa o Todo. A não-ação — ou o silêncio que precede o gesto — torna-se o núcleo da ação verdadeira. No Aranyaka, o Silêncio não é ausência, mas plenitude: é o que deseja ser ouvido para, só então, se transformar em Palavra.


Concluindo, a sacralidade da literatura espiritual indiana repousa sobre uma tríade fundamental: Palavra, Escuta e Silêncio. Essa tríade não é meramente conceitual, mas caminho para o cumprimento do destino, que só pode ser alcançado quando essas forças são integradas no coração.


A humanidade precisa travar essa batalha dentro de si, continuamente. Por isso, a guerra é tema recorrente na literatura indiana — não como conquista externa, mas como confronto interior. Pois o bem, a essência primordial, não se revela nem pela razão, nem pelo amor isolado, mas no compasso secreto da respiração do coração ֎


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