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  • Foto do escritorPaulo Pereira de Araujo

Turismo, Robinson Crusoé, As Viagens de Gulliver e Volta ao Mundo em 80 Dias

Atualizado: 20 de set.


Antiguidade e Turismo Primitivo


O turismo é um fenômeno relativamente moderno, mas suas origens podem ser encontradas em diferentes épocas da história. As primeiras formas de turismo remontam à Antiguidade, quando as pessoas viajavam por motivos religiosos, comerciais e culturais.


Os antigos egípcios, por exemplo, faziam peregrinações aos templos e festivais religiosos. Na Grécia e Roma antigas, as viagens se tornaram mais sofisticadas. A elite participava de festivais religiosos; eventos esportivos, como os Jogos Olímpicos e visitas a sítios históricos. Durante o Império Romano, foi construída uma infraestrutura avançada de estradas, o que facilitou o deslocamento por todas as regiões dominadas. Porém, nem tudo eram flores, em viagens marítimas os naufrágios eram comuns, como o de Robinson Crusoé, por exemplo.


Robinson Crusoé, Perdido Numa Ilha


Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, publicado em 1719, é um clássico de aventura que narra a história de Robinson Crusoé, um jovem aventureiro que, após um naufrágio, fica isolado por vinte e oito anos em uma ilha deserta no Caribe. Em sua luta pela sobrevivência ele constrói abrigos, cultiva alimentos e enfrenta o isolamento. Crusoé, o aventureiro impulsivo se torna um homem engenhoso, com capacidade de improvisação e resistência aos obstáculos que tem pela frente.



O trabalho árduo, a disciplina e a relação entre o homem e a natureza são temas muito bem desenvolvidos na trama de Robinson Crusoé. Uma transformação religiosa se opera em Robinson Crusoé, ele acredita piamente que sua sobrevivência é resultado da providência divina.


Caminhando pela ilha, Crusoé salva um nativo que está prestes a ser devorado por canibais e dá a ele o nome de Sexta-feira.  Ensina-lhe inglês e converte-o ao cristianismo. O que pode ser interpretado como a mentalidade do colonialismo e a interação entre outras culturas e o poder europeu.


Durante muitos anos, Robinson Crusoé foi considerado um conto de aventuras, uma alegoria colonialista, uma reflexão sobre a natureza do capitalismo, a solidão, a fé e a moralidade. O personagem Robinson Crusoé pode simbolizar o espírito empreendedor, a racionalidade e a capacidade humana para superar adversidades.


Versões Cinematográficas e Televisivas de Robinson Cruzoé


Robinson Crusoe (1954)  dirigido por Luis Buñuel, é uma adaptação do romance com uma abordagem mais experimental e filosófica. O filme é notável por sua interpretação surrealista e crítica da sociedade.


Robinson Crusoe (1964) – também dirigida por Luis Buñuel, é uma adaptação fiel ao texto original que destaca o tema da sobrevivência e a relação do protagonista com a natureza.


Crusoe (1988) – dirigida por Caleb Deschanel e estrelada por Aidan Quinn é uma versão mais realista e dramática do livro, com foco na luta pela sobrevivência e na psicologia do personagem.


Robinson Crusoe (1990) – versão da Disney dirigida por Rod Hardy e direcionada para o público jovem. Mantém os elementos de aventura e comédia.



Robinson Crusoe (1997) – versão mais livre da história, dirigida por George Miller e estrelada por Pierce Brosnan. Incorpora elementos de aventura e drama.


Cast Away (2000) – estrelado por Tom Hanks é uma reinterpretação moderna do tema de sobrevivência em uma ilha deserta. A história segue Chuck Noland, um executivo de FedEx que fica preso em uma ilha deserta após um acidente de avião.


O Turismo na Idade Média e no Renascimento


Após a queda do Império Romano, as viagens diminuíram devido à instabilidade, mas o turismo religioso prosperou com peregrinações a lugares sagrados como Jerusalém, Roma e Santiago de Compostela. No Renascimento (séculos XV e XVI), as viagens se tornaram mais frequentes, porém apenas as elites e os acadêmicos tinham poder aquisitivo para viajar.


Surgiu então o Grand Tour, uma tradição dos jovens aristocratas europeus, especialmente ingleses, que viajavam pela Europa continental em busca de cultura, arte e educação. As principais rotas incluíam Paris, Florença, Roma e Veneza, com seus museus, arquitetura, música e história clássica. Alguns viajantes, como Lemuel Gulliver,  ficaram famosos por suas aventuras em terras distantes.


As Viagens de Gulliver


As Viagens de Gulliver (1726), de Jonathan Swift, é um clássico da literatura inglesa que narra as aventuras de Lemuel Gulliver em ilhas fictícias. Na primeira viagem, Gulliver é capturado pelos Lilliputianos, minúsculas criaturas que valorizam o poder e se dividem por questões triviais. Ele se torna um favorito da corte, ajuda a subjugar Blefuscu, mas é acusado de traição e foge para a ilha rival.



Gulliver, em sua segunda viagem, é encontrado por gigantes na ilha de Brobdingnag, onde um fazendeiro o exibe como uma curiosidade. Gulliver adoece por causa dos constantes shows e é vendido à rainha, que constrói uma "caixa de viagem" para transportá-lo. Depois de várias aventuras, Gulliver é resgatado e retorna à Inglaterra.


Resgatado pela ilha voadora de Laputa, em sua terceira viagem, Gulliver se dedica a estudos nada práticos. Visita a Academia de Lagado, Glubbdubdrib, onde conversa com fantasmas históricos, e Luggnagg, onde conhece os struldbrugs, imortais que sofrem com a velhice.


Finalmente, na quarta viagem, Gulliver encontra os Houyhnhnms, cavalos falantes racionais que estão acima dos humanos. Gulliver rejeita a humanidade e passa a admirar e a imitar o modo de vida dos Houyhnhnms. Expulso por eles, Gulliver retorna à Inglaterra e se torna recluso. Na Inglaterra, Gulliver evita a família e passa horas conversando com seus cavalos.


Versões Cinematográficas de As Viagens de Gulliver


Versão de 1939 – animação musical dirigida por Dave Fleischer centrada na primeira viagem à terra de Lilliput. O filme suaviza a sátira e adota um tom mais familiar.


Versão live-action de 1960 – dirigida por Jack Sher, mistura as viagens a Lilliput e Brobdingnag, com efeitos visuais inovadores, mas suaviza as críticas políticas.


Minissérie de 1996 – estrelada por Ted Danson, é uma das adaptações mais fiéis, pois apresenta todas as quatro viagens de Gulliver e mantém a sátira.


Comédia de 2010 – estrelada por Jack Black, moderniza a primeira viagem e aposta no humor contemporâneo com cenas de ação. Foi criticada pela falta de profundidade em relação à obra original.



Revolução Industrial e Turismo de Lazer


No século XIX, a Revolução Industrial trouxe uma transformação radical no turismo. O desenvolvimento de novas tecnologias de transporte, como os trens a vapor e os navios, tornou as viagens mais rápidas, seguras e acessíveis a um público maior. A classe média emergente, com mais tempo livre e renda disponível, começou a viajar por lazer, não apenas por necessidade ou cultura.


Em 1841, Thomas Cook, um dos pioneiros do turismo moderno, organizou a primeira excursão de trem com fins recreativos na Inglaterra, que marcou o início do turismo em massa. Cook fundou uma agência de viagens que oferecia pacotes turísticos, o que popularizou as viagens organizadas e criou as bases da indústria de turismo.


A Volta ao Mundo em 80 Dias


Publicado em 1872, A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Julio Verne, é um clássico de aventura. Phileas Fogg, um excêntrico cavalheiro inglês, aposta com seus colegas que conseguirá dar a volta ao mundo em oitenta dias. Fogg e seu fiel criado, Passepartout, enfrentam desafios inesperados, cruzam continentes utilizando trens, navios e até elefantes. O detetive Fix inicia uma perseguição implacável contra Fogg pois acredita ser ele um ladrão de banco. O contraste entre a calma racionalidade de Fogg e o comportamento impulsivo de Passepartout dá profundidade à trama.



No livro, Julio Verne aborda temas como o progresso tecnológico do século XIX e a superação de desafios. Combina descrições detalhadas de lugares exóticos com reviravoltas surpreendentes. A engenhosidade humana e a capacidade de adaptação, características da obra de Julio Verne cativa leitores de todas as idades e épocas.


Versões Cinematográficas do Livro de Julio Verne


Uma das adaptações mais famosas de A Volta ao Mundo em 80 Dias foi lançada em 1956, dirigida por Michael Anderson, estrelada por David Niven e Cantinflas. O filme foi um grande sucesso, ganhou cinco Oscars, incluindo Melhor Filme, e se destacou por seus cenários deslumbrantes. Em 2004, foi lançada uma versão popular, na categoria comédia, dirigida por Frank Coraci, com Jackie Chan e Steve Coogan. As duas adaptações mostram cenários exóticos, paisagens culturais diversas, aventura e humor.



Século XX e o Turismo em Massa


O turismo se expandiu significativamente no século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, com o crescimento econômico, a expansão do transporte aéreo e o aumento do tempo de lazer. Os voos comerciais e a popularização dos automóveis transformaram o turismo em um fenômeno de massa, atraindo milhões de turistas para destinos como a Riviera Francesa, as praias da Flórida, o Havaí e o Caribe.

Estações balneares, resorts e parques temáticos se tornaram populares. A criação da

Organização Mundial do Turismo (OMT) também contribuiu para regulamentar e promover o turismo global ao incentivar o desenvolvimento sustentável e a preservação cultural.


Turismo Contemporâneo


No século XXI, o turismo se diversificou com a globalização, avanços tecnológicos e novas preferências de viagem, incluindo ecoturismo, turismo de aventura e até turismo espacial. Redes sociais e plataformas digitais, como o Airbnb, transformaram o planejamento e personalização das viagens.


O turismo se tornou vital para a economia de muitos países, gerando empregos e receitas. No entanto, surgem desafios como o impacto ambiental, o turismo excessivo e a busca por sustentabilidade. A pandemia de COVID-19 desacelerou o setor, mas também incentivou discussões sobre viagens responsáveis e um turismo mais consciente. O excesso de turistas vem causando problemas em países com a Itália e Espanha que recente viu protestos nas ruas contra o "tsunami do turismo" que ameaça consumir tudo em seu caminho.

 

Os nativos desses países têm razão para protestar, assim como os turistas também tem o direito de viajar. Encontrar o equilíbrio entre as duas pontas é bem difícil e exigirá criatividade para que os atritos não cresçam. Eu mesmo, no final do mês estarei embarcando para a Itália e a Suíça. Vou ver isso de perto֎


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